Curso de Comunicação Social: Radialismo na UNINORTE

Gustavo Soranz é coordenador do curso de comunicação social da UNINORTE

Desafios da formação específica em Rádio e TV no Norte do país

O curso de comunicação social com habilitação em Rádio e TV do Centro Universitário do Norte/Laureate International Universities (Uninorte), situado na cidade de Manaus/AM é, atualmente, o único nesta área específica de formação no Norte do país. Tal fato pode ajudar a explicar seus diferenciais e as contingências com que lida cotidianamente, aspectos que tentaremos relacionar neste texto.

É importante salientar que no Uninorte o curso de Rádio e TV soma-se às habilitações de Publicidade e Propaganda e Jornalismo, todas submetidas a uma mesma coordenação que busca potencializar a complementaridade existente entre elas em virtude das transformações pelas quais passa o campo da comunicação social, mas sem perder de vista as especificidades que as diferenciam.

Entre as habilitações citadas acima, a de Rádio e TV, iniciada em 2002 no Uninorte, é a que ainda passa por maiores dificuldades de afirmação tanto academicamente como no mercado profissional, em boa medida em virtude do desconhecimento da complexidade da atuação profissional do radialista por parte do mercado profissional da cidade de Manaus. Conseqüentemente, isso reflete no interesse pelo curso, que ainda busca afirmar seu espaço frente às outras habilitações, já consolidadas. É a habilitação de comunicação com formação em nível superior mais recente a ser oferecida na cidade, que já tem tradição na formação de jornalistas e publicitários, com diversos profissionais locais reconhecidos. No caso da atuação do radialista, geralmente a função é exercida por um profissional oriundo de outra área ou por um técnico sem formação em nível superior, o que muitas vezes tem dificultado o reconhecimento desse profissional no mercado de trabalho. Entretanto, apesar das dificuldades relacionadas aos veículos de comunicação mais especificamente, o campo profissional da comunicação apresenta-se em expansão, com diversas oportunidades para a produção de conteúdo sonoro e audiovisual ligado ao mercado publicitário, à produção independente e às chamadas novas mídias, o que abre um grande leque de possibilidades para esse profissional.

A estrutura pedagógica do curso passou recentemente por uma revisão que busca oferecer ao aluno, em um primeiro momento, uma visão ampla sobre a área da comunicação, situando a atuação de cada habilitação específica e buscando esclarecer como o conhecimento pertinente a cada uma delas relaciona-se com as demais habilitações. A estrutura valoriza a formação humanística com um tronco de disciplinas que perpassam os períodos, conciliando esse conteúdo com sólida formação técnica.

Em um segundo momento, a estrutura valoriza disciplinas específicas, que devem oferecer conhecimento técnico e teórico para a atuação com produção audiovisual. Devemos dizer que a atual estrutura curricular valoriza a linguagem audiovisual como uma matriz para a atuação do profissional em diferentes áreas, buscando assim focar nas atividades ligadas à produção de conteúdo, que passam, evidentemente, pela operacionalização de aparatos técnicos, mas que se distanciam do tecnicismo utilitarista destes. Apesar da valorização das disciplinas ligadas ao audiovisual, o curso mantém um núcleo importante de disciplinas ligadas ao rádio, pois, o rádio tem imensa importância social e cultural no Estado do Amazonas, dada sua realidade geográfica de longas distâncias e barreiras naturais entre os municípios, muitas vezes vencidas apenas pelas ondas do rádio.

As dificuldades encontradas no mercado de Manaus também se refletem na formação do quadro docente para disciplinas específicas da área de Rádio e TV. Hoje o curso conta apenas com 3 professores radialistas, todos egressos do curso, além de mim, formado no interior de São Paulo. Algumas das disciplinas específicas acabam sendo ministradas por professores de outra área da comunicação social, mas que acumulam experiência profissional na disciplina em questão, algo comum no mercado da cidade de Manaus. A despeito das dificuldades de reconhecimento citadas anteriormente, nesse cenário profissional estão colocados desafios e oportunidades. Os egressos do curso têm contribuído decisivamente para modificar o perfil da produção de rádio e TV, além da produção independente e os serviços ligados a publicidade, qualificando os jovens produtores que, valorizando conhecimentos e técnicas aprendidas na faculdade, contribuem para a profissionalização do setor para além do mero conhecimento técnico.

Com o crescimento do curso, sua estrutura operacional expandiu-se gradualmente. Em termos estruturais conta hoje com 2 laboratórios de TV, um com espaço para cenografia, com iluminação soft e iluminação dura controlada por dimmer e outro equipado com fundo azul para aplicação do efeito Chroma Key, equipado com teleprompter. Possui uma cabine de controle equipada com mesa de corte ligada a 3 câmeras Sony DV-CAM DSR-300. Conta com 4 ilhas de edição de vídeo, duas em plataforma Macintosh e 2 em plataforma PC. Para as atividades de gravação em externa utilizamos câmeras Sony HDV Z1. Em termos de rádio, o curso possui dois estúdios de áudio, sendo que um deles está estruturado como uma emissora de rádio convencional, pronto para situações de transmissão em tempo real, enquanto o outro estúdio é equipado com sampler para produções mais sofisticadas. Ambos possuem cabine de gravação e estação de edição de áudio digital. Nesses espaços os equipamentos são operados por técnicos contratados.

Em termos de fotografia, o curso concilia as atividades com câmeras reflex analógicas e digitais e ainda conta com um laboratório para revelação e ampliação de fotografias pelos alunos.

O curso dispõe de dois laboratórios de informática, cada um com 25 máquinas. Um deles está equipado com os softwares de edição de texto e é dedicado à elaboração de textos e roteiros, o outro está equipado com equipamentos de edição de áudio e vídeo e de edição gráfica, espaço onde os alunos exercitam essas habilidades.

As atividades de produção do curso contam atualmente com um programa televisivo semanal de 30 minutos, exibido em TV aberta e por assinatura, que está ocupado por produções do curso desde 2005 e que já foi ocupado por diferentes formatos de programas experimentais, que buscam oferecer aos alunos a possibilidade da prática para além das disciplinas curriculares. Outros trabalhos em vídeo são produzidos por alunos do curso na produtora experimental, ligada à agência experimental de comunicação, que centraliza toda a produção do curso. Há ainda produção de programas semanais de rádio, exibidos ao vivo para várias cidades do Amazonas por meio de uma emissora AM, programa que está no ar desde 2003 e produção de programação de rádio diária em um parque mantido pela prefeitura de Manaus, em esquema de rádio corporativa.

Durante o curso, os alunos têm diversas oportunidades de participar de projetos voltados às atividades complementares e de extensão. Podem envolver-se com a organização da semana acadêmica, que neste ano realiza sua 12ª edição e atividades de extensão como cineclube e cinema itinerante, entre diversas outras.

A participação de alunos em congressos da área ainda é muito tímida, mas tem crescido nos últimos anos com a regularização da realização dos congressos regionais do Intercom. Há que se destacar que o deslocamento a partir da cidade de Manaus é bastante complicado, pois, o único estado acessado por via terrestre é o estado de Roraima, para os demais só é possível acesso por via aérea ou fluvial, o que encarece ou dificulta o deslocamento dos alunos. Somado a isso temos o fato de que a pesquisa dentro do curso ainda é algo bastante incipiente, pois está sendo expandido pela Instituição, ficando o foco nos projetos experimentais já bastante consolidados.

A produção dos alunos tem ganhado premiações e destaque em espaços externos ao Centro Universitário dedicados à produção independente, como o Amazonas Film Festival, festival internacional de cinema promovido anualmente na cidade de Manaus, além de diversos outros festivais da cidade e de outras localidades, onde alunos e egressos já foram premiados.

No mercado formal de rádio e televisão notamos a valorização do egresso do curso, que tem contribuído para a expansão e profissionalização das atividades da área, ainda que nos veículos de comunicação da grande mídia a mudança seja mais demorada.

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Este post tem 3 comentários

  1. Author Image
    gleice nunes

    Eu tive experiências em trabalhar numa produtora. Decidir que agora o melhor a fazer depois de lê este artigo é buscar mais aprendizado, eu decidir que agora eu quero me formar nesse curso de rádio e tv e buscar novas experiência nessa area.

  2. Author Image
    Karollyne Queiroz

    achei super bacana essa iniciativa de divulgar e esclarecer o que é o curso de rádio e tv,faço esse curso sei das dificuldades no mercado de trabalho,estou no 5 periodo tenho que começar a correr atrás de estagio vai ser complicado mas vou conseguir.

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