CRÍTICA | Young Royals (2021), Rojda Sekersöz e Erika Calmeyer

 Divulgação/Netflix

Por: Audrey Geromel

Assim como Heartstopper e Vermelho, Branco & Sangue Azul, Young Royals tem sido uma febre entre os jovens, conquistando espectadores. Edving Ryding e Omar Rudberg realizaram um trabalho excelente como Wilhelm e Simon, a amizade e profissionalismo entre os dois trouxe uma naturalidade para as interações dos personagens, algo que se transmite em cena e funciona muito bem, prendendo as expectativas para os próximos episódios.

 A trama  inicialmente parece mais um clichê jovem que podemos quase adivinhar exatamente como vai suceder cada ação apresentada, mas na verdade somos surpreendidos por um roteiro muito bem elaborado por Liza Ambjörn, que aborda diferenças sociais, homofobia, problemas psicológicos e racismo, temas que são desenvolvidos com naturalidade e cuidado (com mais destaque a partir da segunda temporada), e um elenco jovem que realmente parece adolescente, aproximando o público alvo e a trama. 

Wilhelm é um personagem apaixonante e ao mesmo tempo difícil de lidar, infelizmente parece ser o único personagem que não evoluiu muito quando se trata de saber conversar e lidar com os problemas de forma madura, acompanhamos o personagem não conseguir se expressar e expor sua opinião de forma angustiante, também o vemos ter crises de ansiedade e não saber como lidar com isso. Essa falta de evolução para diálogos complexos pode tornar meio cansativo suas interações com todos ao seu redor, como sua mãe( rainha), seu namorado (Simon) e sua amiga (Felice), todas as discussões terminam de forma turbulenta e sem solução.

 Já Simon, desde o início, abre mão de coisas que gosta para facilitar seu relacionamento com Wilhelm e a realeza, tenta entender os problemas e conversar para que assim, possam fazer o relacionamento funcionar, o que é praticamente impossível quando um é o príncipe herdeiro e o outro um jovem comum.  

Vale ressaltar que Wilhelm passa por um processo de questionamento entre aceitar ser rei e viver preso em uma vida que não faz sentido pra ele, ou renunciar o trono para ter uma vida tranquila com Simon. Em uma cena presente na última temporada, vemos o príncipe herdeiro jogar no lixo um presente que seu irmão lhe deu e no momento em que isso acontece, sabemos que Wilhelm se libertou do peso de assumir o trono no futuro e se deu a chance de ter uma vida mais leve e feliz com Simon.

A série usa das cores de forma  divertida, com Simon e Wilhelm usando roupas de cores opostas em alguns momentos quando estão juntos, e  a iluminação no interior de seus quartos que mudam de acordo com seus sentimentos também. A trilha sonora, que simplesmente está impecável, preenche as cenas apresentadas de forma comovente e essencial para o desenrolar da série, algumas músicas são cantadas por Simon especialmente para Wilhelm, o que destrói o coração daqueles que assistem e se envolvem emocionalmente com os personagens.

 Enquanto a história de Simon e Wilhelm se desenvolve, personagens secundários também ganham destaque de forma importante, como os conflitos entre Sara, Felice e August, que são personagens essenciais para o desenvolvimento da série, e nenhum deles perde destaque,o roteiro mantém os personagens no mesmo nível em que os apresentou e segue suas histórias de maneira coerente, sem se perder e deixar pontas soltas,  todos os personagens secundários recebem um final coeso e todas as pontas são amarradas, podemos dizer que nenhuma falha de roteiro é perceptível.

Outro tópico importante para destacar é a quebra da quarta parede, realizada por Wilhelm sempre que o primeiro episódio de uma temporada começa e quando o último da temporada chega ao fim, isso é genial.

É difícil encontrar uma produção sem falhas no roteiro ou que consiga finalizar sua história de forma digna para todos os personagens importantes sem simplesmente deixar eles de lado, principalmente dando ao telespectador o final que querem ver, de maneira coerente, da forma em que foi realizada em Young Royals.

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