Argumento #1 – Os coletivos de Vídeo Popular e a descolonização do imaginário

Aportes para uma reflexão sobre as contribuições dos coletivos de vídeos populares para um processo de descolonialidade e de interculturalidade

Djalma Ribeiro Junior[1]

Na primeira vez que o garoto foi ao cinema assistiu a um filme onde naves chegavam de um lugar do espaço e começavam a destruir todo o planeta Terra. Estátuas, torres, palácios, pontes, ruas, estradas, tudo virava fuligem. Porém, antes que o mundo se findasse sobre a ira de naves do além, um homem branco, alto, forte, daqueles que se dá bem com todas as garotas, com uma bandeira dos Estados Unidos costurada na camisa e em uma demonstração de força suprema e de habilidade tecnológica, salva, praticamente sozinho, todo o planeta.

As linhas acima tratam de um garoto fictício e embora a sinopse do suposto filme assistido pelo garoto não seja de nenhum filme específico, quaisquer semelhanças com filmes que trazem esta temática não são meras coincidências. Sem medo de arriscar, podemos afirmar que muitos filmes que assistimos continuamente desde quando éramos crianças até nos tornarmos idosos trazem como mote a saga narrada acima.

Imediatamente o garoto sai da sala de cinema e encontra um boneco do herói do filme sendo vendido, mais adiante outros garotos, vestidos com uma roupa igual à do herói, estão exterminando naves imaginárias ao som de ruídos produzidos por suas bocas que imitam os sons das armas laser em uma batalha frenética, no celular, alguns jogam o game do herói contra os malvados alienígenas, na escola, a capa do caderno traz, mais uma vez, o herói com sua arma de alta tecnologia… O filme saiu do cinema e entrou nas vidas das pessoas. O que isto significa? Alguns vão argumentar que este é um fenômeno da contemporaneidade, a qual é marcada pelos avanços tecnológicos que permitem possibilidades de narrativas transmidiáticas em multiplataformas, fazendo com que o usuário interaja cada vez mais com os enredos, podendo, inclusive se tornar um coautor deste processo todo. Este é um argumento muito corrente e que, raras vezes, se propõe a questionar os conteúdos que estão sendo veiculados e, principalmente, como eles estão sendo ressignificados no cotidiano das vidas das pessoas. Assim, trago algumas questões para iniciarmos uma reflexão acerca deste fenômeno da contemporaneidade e para nos ajudar a levantar outras possibilidades de arranjos audiovisuais, em uma perspectiva crítica de inserir o audiovisual, sobretudo as realizações dos coletivos de vídeo populares, em uma reflexão acerca da descolonialidade e da interculturalidade. Sendo assim, como a totalidade do planeta Terra é representada nestes filmes que apresentamos acima? Quem é aquele “herói” que está sempre pronto para salvar todo o mundo? Quem é, afinal, todo o mundo?

Filmes desta natureza, fabricados em Hollywood e que dominam as maiorias das salas de cinema espalhadas no mundo e que invadem milhares de cabeças espalhadas pelo mundo, se sustentam em uma visão de mundo plasmada na dominação e na imposição desta mesma visão como sendo a “verdadeiramente boa”, a “justamente correta”. Nestes filmes, o mundo é representado pelo que convencionamos a chamar de Norte e, quando vemos o mundo explodir pelas armas laser de invasores alienígena, encontramos a Estátua da Liberdade sendo derrubada, a Torre Eiffel sendo incendiada, a London Eye saindo rolando por carros e prédios, e por aí vai… Neste mundo representado nas telas de cinema, há um sujeito capaz de se impor perante os alienígenas e salvar a Terra da barbárie extraterrestre. Este sujeito é cidadão europeu ou estadunidense, branco, alto, esperto, que gosta de agir sozinho.

Esta retórica é antiga no mundo ocidental, e, constantemente está presente no decorrer do processo histórico.  A imposição de uma visão de mundo sobre outras esteve presente na invasão dos povos europeus em territórios que hoje conhecemos como África, América Latina e Ásia. Milhares de pessoas, centenas de culturas foram eliminadas, exterminadas, desgraçadas diante da imposição de um mundo e de um jeito de ser. A missão de levar civilização onde se diagnostica barbárie justificou a colonização do que convencionamos a chamar de Sul do mundo. A evangelização dos povos originários, que viviam por estas terras, cunhada de América Latina, também se impôs por meio de uma narrativa cristã, na qual um cristo-herói (homem, branco, europeizado) era o salvador de todos os males e que somente por sua intervenção era possível salvar as pessoas que nestas terras, há milênios, viviam em pecado. Se na ocasião a tecnologia permitisse a exibição de um filme, provavelmente os europeus teriam trazido, nas caravelas, alguns metros de película impressa com a saga de cristo e com a orientação, explícita ou implícita, para que o público adotasse o lado do bem.

Com isso, chamamos a atenção que a colonização de uma parte do mundo não se dá apenas nas dimensões territoriais. A colonização do território instaura uma colonialidade no imaginário (LANDER, 2005; SANTOS; MENESES, 2010) que penetra na cotidianidade de pessoas que passam a medir a vida pelos valores impostos pelos colonizadores, através de atitudes e  instituições forjadas na base de um eurocentrismo[2].

Estes valores impostos carregam uma óptica imperial que se sustenta em uma única visão de mundo e que estabelece o que seja o ideal (ou o modelo) de organização social, o ideal (ou o modelo) de desenvolvimento individual e o que se configura, de forma absoluta, como cultura, filosofia, etc. Estes valores impostos se manifestam em discursos civilizatórios, desenvolvimentistas, sexistas, individualistas, eruditos e que possuem, na linguagem cinematográfica hollywoodiana, por exemplo, um robusto pilar.

Soma-se, à indústria cinematográfica imperialista, o papel que as grandes corporações midiáticas transnacionais possuem neste cenário. Diariamente a mídia televisiva, hipermidiática, escrita, reforça o lugar de onde emanam suas posições políticas. Em uma cobertura sobre uma ação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, em que lado se posiciona a equipe de reportagem? Em uma cobertura sobre o movimento indígena lutando por seus direitos, em que lado a câmera finca sua posição? Em uma cobertura jornalística sobre manifestações de estudantes e de trabalhadores para que seja respeitada e fortalecida as questões relacionadas à mobilidade urbana, em que ângulo se constrói o enquadramento? Em uma articulação grevista de professores como é contada/montada a matéria jornalística?[3]

Estas são questões fundamentais, cuja tentativa de respondê-las nos apresenta que os meios de comunicação nas mãos de grandes corporações midiáticas estão em função da manutenção de uma sociedade pautada nos mesmos valores coloniais e imperiais que invisibilizaram, exterminaram, assimilaram e que ainda são veiculados com o intuito de invisibilizar, exterminar, assimilar outras perspectivas de mundo e outras perspectivas de ser.

A imposição de um único modelo de mundo, de sujeito, de cultura vai se consolidando na deslegitimação de outras perspectivas de mundo, de pessoa humana, de culturas.

No entanto, podemos afirmar que as tentativas de invisibilização, de extermínio, de assimilação, colocadas em marcha pelo processo de colonização do território, do corpo e da mente não destruiu, em definitivo, outras perspectivas.

A resistência foi e vem sendo uma forma de garantia da vida em muitos locais, simbólicos e concretos, cujos territórios, corpos e mentes se afirmam de forma comunitária e, em uma perspectiva mais ampla, por meio do reconhecimento e do compromisso com uma pluralidade cultural.

Territórios cruelmente invadidos, corpos coercitivamente amestrados e mentes sistematicamente confundidas são reconfiguradas em uma proposta descolonial que fomenta a pluralidade cultural e a convivência de uma diversidade de perspectivas de mundo e de jeitos diversos de ser.

O que está sendo colocado em questão é a denúncia de uma pretensa universalidade de uma visão de mundo que por séculos vem justificando invasões, perseguições, assimilações, extermínios. Por outro lado, o que se anuncia, também, é uma maneira de pensar o mundo e as relações sociais para além da totalidade do “mundo objetivo”, forjado por investidas imperialistas e colonialistas europeias e estadunidenses. O que se anuncia é a construção de um diálogo intercultural (ESTERMANN, 1998), que não nega o norte-centrismo, mas que o incorpora de forma crítica, inclusive destacando que uma proposta intercultural não pode ser concretizada se não se busca corrigir distorções históricas provocadas por imposições imperiais e coloniais.

Neste contexto, e lançando mão das possibilidades tecnológicas de integração e de diálogo intercultural, os coletivos de vídeo populares vem se apresentando como uma forma de fazer e de pensar descolonialmente, uma vez que nos proporcionam a aproximação com uma pluralidade de visões de mundo que denunciam as marcas históricas da colonialidade, permitindo-nos a aprender a ver o mundo de forma diversificada, donde se luta para que não impere um único mundo, mas que outro mundo seja possível ser construído de forma integral.

Creio que neste momento seja interessante apresentar a compreensão que trago sobre o que chamo de coletivo de vídeo popular neste texto, a fim de que possamos relacioná-lo com a reflexão proposta acerca dos processos de descolonialidade e de interculturalidade.

O termo coletivo faz alusão à união de pessoas ou de grupos de pessoas que compartilham aspirações dentro de um contexto de lutas sociais, políticas, econômicas, culturais, de raça, de gênero, etc. O coletivo, portanto, não se forma em torno do vídeo, mas o vídeo é integrado, incorporado pelo coletivo. Isto é fundamental para compreendermos, dentro do que se propõe neste texto, que o coletivo se origina em um ambiente de resistência contra investidas imperiais e coloniais.

O termo vídeo remete-se às realizações audiovisuais protagonizadas por estes coletivos. Há uma especificação técnica que sustenta a ideia de vídeo, pautada, sobretudo pelos suportes de gravações audiovisuais, mas que pode ser expandida para outras tecnologias de informação e comunicação, bem como sua veiculação via internet, por exemplo. Mais uma vez vale destacar que não é a tecnologia vídeo que inaugura as lutas representadas e documentadas pelos coletivos, tal tecnologia apenas contribui para amplificar vozes e imagens sistematicamente desqualificadas e negadas dentro de uma totalidade imperial e colonial, proporcionando uma pluralidade de visões de mundo.

O termo popular significa o local, simbólico e concreto, de onde os coletivos de vídeos assumem o compromisso de se fazerem representar como comunidade histórica de resistência às investidas imperialistas e colonialistas. Dessa maneira, o popular representa, aqui, as vítimas do imperialismo e do colonialismo. O popular abrange, aqui, uma pluralidade de visões de mundos que foram, de uma forma ou de outra, ameaçadas, desqualificadas, negadas pela visão imperialista e colonialista.

Depois desta breve compreensão do que se constitui um coletivo de vídeo popular, vale destacar algumas características que estão presentes no processo de realização dos vídeos que nascem dos coletivos. Adiante, buscarei trazer algumas destas características.

Uma destas características reside no enraizamento do vídeo, tanto como processo, quanto produto, na vida cotidiana do grupo e da comunidade de onde emerge o coletivo de vídeo popular. Este enraizamento proporciona um processo de realização audiovisual cuja equipe está inserida na vida vivida da própria comunidade. A escolha do tema, do assunto a ser abordado já está vivo na própria cotidianidade. O que se pretende ao final, com o produto audiovisual, é fortalecer a comunidade seja em suas lutas históricas, seja na valorização de sua própria cultura. O vídeo, bem como a equipe que o realizou, não estão alheios à realidade do próprio grupo representado. Este ponto é fundamental, uma vez que é possível ouvir e ver a própria voz e a própria imagem representadas e amplificadas pelas comunidades. Desta maneira, podemos dizer que não se trata, portanto, de mais um vídeo sobre favela e favelados, mas um vídeo realizado pela comunidade da Cidade de Deus ou da de Tiradentes e seus cidadãos; não se trata de mais um vídeo sobre indígena e de sua tribo, mas um vídeo realizado pela nação aimará e seu ayllu[4]. O coletivo de vídeo popular, portanto, permite ampliar uma pluralidade de visão de mundo para fazer frente à universalidade imposta pelos meios de comunicações atrelados às grandes corporações midiáticas e pelos filmes fabricados em Hollywood e pelos seus seguidores.

Outra característica presente na dinâmica de trabalho dos coletivos de vídeo popular é decorrente da primeira e se trata da localidade, da territorialidade, da contextualidade da comunidade. Vídeos realizados por coletivos populares partem de uma dimensão local, territorial, contextual, uma vez que a vida vivida se dá no território em que a comunidade realiza suas práticas sociais. O local, o território, o contexto é bem definido, levando-se em conta aspectos relacionados à memória da comunidade, suas marcas culturais e suas aspirações de lutas inseridas nos mais diversos campos. A localidade, a territorialidade é a força vital das comunidades e não poderia ser diferente no processo de realização audiovisual dos coletivos inseridos nestes espaços. Esta característica territorial é fundamental para se instaurar um debate urgente a respeito das investidas globalizantes que tendem a homogeneizar culturas em função de impor um pensamento único, um jeito único de ser. Este processo de homogeneização, presente na retórica mercantilista, possui o seu viés subjetivante nos conteúdos transmitidos pelas grandes corporações midiáticas e pelo cinema fabricado em Hollywood ou de que dele se inspira.

Uma terceira característica está presente na construção da narrativa audiovisual dos vídeos realizados pelos coletivos populares. Geralmente a estrutura narrativa dos vídeos está alicerçada no binômio denúncia – anúncio. Esta é uma característica que não encontramos apenas nos vídeos, mas nas próprias estratégias de lutas das comunidades populares. A relação denúncia – anúncio evidencia um processo político-pedagógico em curso na vida da comunidade, já que para conceber práticas que levem em consideração as atitudes de denunciar e de anunciar é necessário um processo de conscientização das situações opressoras a serem denunciadas e um processo de libertação aplicadas em práticas a serem anunciadas e, efetivamente, praticadas.

Mas o que realmente está sendo denunciado e anunciado no binômio denúncia-anúncio? Não há uma resposta pontual e definitiva para esta questão, já que cada comunidade possui a sua dinâmica e seus anseios, porém, grosso modo, podemos inferir que as situações a serem denunciadas quase sempre estão relacionadas àquelas que impedem as comunidades de viverem suas próprias vidas e de constituírem a sua própria cultura e os seus jeitos de ser. A denúncia de tais situações ganha força cada vez que o processo de conscientização vai permitindo desvelar que, historicamente, uma única visão imperial e colonial foi se consolidando em detrimento da desqualificação, da negação, da assimilação de outras culturas e de outras maneiras de ser. É neste processo que se começa a questionar as categorias impostas pelos imperialistas e colonialistas que fizeram com que as próprias comunidades se sentissem primitivas, incapazes, inferiores, etc. Dentro deste contexto, o anúncio se firma na valorização das culturas que foram desqualificadas, negadas, assimiladas dentro do discurso e da prática imperial. Não se trata de negar que as culturas foram subjugadas por este discurso imperial, mas partir da conscientização deste processo histórico para pensar outras alternativas para se viver que não são piores, nem melhores, mas diferentes das que foram impostas. Entramos, portanto, no terreno das proposições, o que significa que o anúncio tem uma essência prática que se dá na vida cotidiana. Assim, para se contrapor à visão monetarista das relações de trabalho, por exemplo, parte-se para uma proposta de reciprocidade, pautada pela solidariedade; para se contrapor à proposta homogeneizante das grandes corporações midiáticas, incluindo o cinema hollywoodiano e seus afins, parte-se para uma proposta de realizações audiovisuais protagonizadas em comunhão com as comunidades.

Uma quarta característica, que se configura mais como um desafio para os coletivos de vídeos populares, está presente na linguagem audiovisual. Os vídeos realizados por coletivos populares quase sempre utilizam a mesma linguagem que foi sendo, sistematicamente, construída pelo cinema hollywoodiano e, paulatinamente, sedimentada no imaginário de grande parte da população mundial. Há aqui um desafio, cuja superação não pode abrir mão do processo de descolonialidade do imaginário. A linguagem presente nos vídeos realizados pelos coletivos populares não pode imitar, copiar e se estruturar na mesma linguagem que, historicamente, vem sendo utilizada pelo cinema hollywoodiano e seus afins para subjugar outras culturas e impor um way of life. Acredito que aqui valha a pena apontarmos que uma peça cinematográfica de 1915, denominada O Nascimento de uma Nação, dirigida nos Estados Unidos, por D. W. Griffith é tida, por uma grande maioria de especialistas, como um filme seminal na construção da linguagem audiovisual que evoluiu até os dias de hoje. Pois bem, este mesmo filme que inaugura uma linguagem audiovisual quase que hegemônica sustentava um discurso racista que caracteriza os negros como quase animais violentos e que enaltecia uma organização fascista conhecida como Ku Klux Klan, a qual utilizou-se do filme para recrutamento de novos adeptos. Pergunto: é nesta linguagem audiovisual que deve ser concebido um vídeo realizado por coletivos populares? Respondo, enfaticamente, que não. Reconheço a dificuldade de desaprendermos esta linguagem, mas acredito que isto seja necessário para que se construa vídeos populares que partam das culturas de suas comunidades, assumindo um processo de descolonialidade do imaginário. Talvez a invenção de uma linguagem audiovisual popular esteja nas vicissitudes das diversidades culturais e que possa ser gestada em uma proposta de diálogo intercultural. Está lançado o desafio!

À guisa de conclusão, podemos destacar que pensar e agir descolonialmente não significa buscar arranjos alternativos ao que está estabelecido como modelo de organização social, cultural, mas construir alternativas à ideia do que seja organização social, cultural. Neste sentido, o vídeo popular não pode cair na armadilha de se rotular como um processo de comunicação alternativa e continuar à margem dentro do sistema hegemônico e homogeneizante de comunicação, mas deve assumir o compromisso de buscar uma alternativa à própria ideia de comunicação, reinventar a ideia de comunicação, somente a partir deste compromisso, assumido pelos coletivos de vídeo populares, poderemos vislumbrar um processo de descolonialidade do imaginário, fortalecendo-se em um sempre constante e crítico diálogo intercultural.

Referências

ESTERMANN, Josef. Filosofia andina: estúdio intercultural de la sabiduría autóctona andina. Quito: Ediciones Abya Yala, 1998.

LANDER, Edgardo. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Buenos Aires: CLACSO, 2005.

MIGNOLO, Walter D.. A colonialidade de cao a rabo: o hemisfério ocidental no horizonte conceitual da modernidade. In LANDER, Edgardo. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Buenos Aires: CLACSO, 2005

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In LANDER, Edgardo. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Buenos Aires: CLACSO, 2005.

SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula. Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.

YAMPARA HUARACHI, Simon. Cosmovivencia andina. Vivir e convivir em armonía integral – Suma Qamaña. Bolivian Studies Journal/Revista de Estudios BolivianosPittsburgh, v. 18, p.1 – 22, 2011. Disponível em <http://bsj.pitt.edu>. Acessado em 09 jun. 2013.


[1] Bacharel em Imagem e Som, mestre em Educação e doutorando em Educação na Universidade Federal de São Carlos. Coordenador, desde 2010,  do Grupo de Estudos e Extensão em Comunicação e Educação Popular (GECEPop). Tem experiência na área de Comunicação, Educação e Cultura, atuando principalmente nos seguintes temas: educação popular, comunicação popular, educomunicação, gestão cultural e produção audiovisual.

[2] O texto que está sendo apresentado é uma tentativa de diálogo com a posição de um pensamento descolonial trabalhado, entre outros, pelo pesquisador argentino, Walter D. Mignolo e pelo pesquisador peruano, Aníbal Quijano. Esta tentativa de diálogo com o pensamento descolonial pretende inserir o audiovisual popular neste debate, destacando às realizações dos coletivos de vídeo populares como força criativa para um processo de descolonialidade, não só de territórios, mas, sobretudo, de corpos e de mentes. Palavras que serão usadas neste texto tais como “colonialidade”, “pensamento descolonial” e outras que acompanham estas são conceitos trazidos a tona pela posição descolonial. Para uma leitura mais profunda sobre o pensamento descolonial, recomendo as seguintes referências: MIGNOLO, Walter D.. A colonialidade de cao a rabo: o hemisfério ocidental no horizonte conceitual da modernidade. In LANDER, Edgardo. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Buenos Aires: CLACSO, 2005; QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In LANDER, Edgardo. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Buenos Aires: CLACSO, 2005.

[3] A palavra cobertura pode ser entendida, dentro do contexto das indagações trazidas neste parágrafo, como a imagem que temos de um cobertor ou de uma cobertura de bolo, por exemplo. Ou seja, uma cobertura jornalística engendrada por grandes corporações midiáticas, para além de assumir uma posição escorada em uma visão única, se configura também como o encobrimento de uma perspectiva em detrimento da outra. Por baixo da cobertura está sufocada uma visão de mundo que é impedida de se manifestar.

[4] Ayllu pode ser compreendido como a “forma andina de comunidad que emula las cuatro fuerzas que constituyen la vida (materia, energía, tiempo y espacio). (…) En cuanto ámbito localizado, el ayllu ha sido en gran medida, fragmentado e históricamente desestructurado por la acción del proceso de dominación moderno/colonial.” (YAMPARA HUARACHI, 2011, p. 17).

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