CRÍTICA | In a Violent Nature (2024), Chris Nash

Por Felipe Tavares

Redação RUA

O filme apresenta um assassino monstruoso que desperta após um grupo de campistas desavisados levar uma joia que lhe pertence, acarretando na caça de cada um até que o objeto retorne para seu dono.

O “grande diferencial” do longa se dá ao abordar uma premissa comum aos slashers através da perspectiva do assassino, tratando seu ponto de vista como fio condutor da trama e posicionando uma figura antagonista como personagem principal. No entanto, a promoção deste novo olhar parece não avançar além do âmbito conceitual, visto que a execução da ideia se limita à câmera acompanhando o ser maligno caminhando pela floresta enquanto caça os jovens como se fosse o personagem de algum jogo de terror em terceira pessoa.

Ademais, a mudança de perspectiva é escanteada quando urge a necessidade de exposição do enredo, de forma que a onipresença do assassino seja a justificativa, ou desculpa, para a inserção de conversas que expliquem as motivações de cada um dos personagens ou explicitem de forma artificial suas relações. O ser maligno deve estar sempre posicionado como espectador no lugar e momento certos a fim de escutar convenientemente trechos essenciais da própria história e daqueles ao seu redor. Não é algo que foge às características do subgênero, mas acompanhar a mesma sequência de eventos repetidas vezes sob o mesmo ponto de vista acaba ficando monótono. 

O que impede o filme de se afogar totalmente na mediocridade são alguns suspiros de criatividade, como uma mudança no posicionamento da câmera para um ataque da criatura desfigurada, inserção de match cut para conciliar vítima e assassino, exploração do passado do protagonista através de sua interação com determinado objeto e, principalmente, utilização de efeitos práticos. Este último ponto impacta através da promoção da visceralidade, ainda mais quando associada ao design de som que potencializa o teor grotesco das mortes. A questão é que tais momentos são escassos e se tornam lapsos de inventividade.

Dessa forma, a carência de inspiração impede que a natureza do título explore, de fato, a violência intrínseca ao protagonista e o ambiente, limitando-se à representação da monotonia de uma figura maligna que vaga por belas paisagens.

REFERÊNCIAS:

In a Violent Nature. Chris Nash. Canadá, 2024, 94 min., son., cor.

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