Por: Gabriel Ceschi
Cineclube “Da RUA ao CAIS”
Euphoria (2019), criada por Sam Levinson, é uma representação da juventude em um estado de crise, mas que em nenhum momento se propõe a resolver esse “problema”. A produção mergulha nas complexidades emocionais e psicológicas de uma geração que enfrenta os desafios da juventude em meio a um mundo digital que sempre pode ser mais cruel do que aparenta. Desde o seu lançamento, Euphoria foi aclamada tanto pela crítica quanto pelo público, destacando-se como uma obra relevante e necessária para o entendimento das questões enfrentadas pelos jovens de hoje.
Um grande mérito de Euphoria é a forma como retrata temas sensíveis e urgentes, como saúde mental, vícios, sexualidade e identidade de gênero, de maneira honesta, sensível e psicodélica. A série não tem medo de expor as vulnerabilidades de seus personagens, especialmente através de Rue, interpretada por Zendaya (que conquistou um Emmy por sua atuação). O retrato das lutas internas de Rue, uma jovem lidando com dependência química e depressão, se torna um ápice do que é a adolescência em busca de lugar na terra rasada do final dos anos 2010.
Visualmente, Euphoria também se destaca com uma cinematografia única, marcada por uma paleta de cores vibrante e cenas carregadas de simbolismo. O uso ousado de iluminação neon e enquadramentos experimentais cria uma atmosfera onírica, de um colorido sombrio, perturbador, que amplifica a intensidade emocional da narrativa. A trilha sonora, cuidadosamente selecionada é composta por Labyrinth, é outro elemento crucial que complementa a estética da série, tornando cada cena mais impactante.
Os personagens de Euphoria são complexos e multifacetados, refletindo a diversidade das experiências adolescentes. A série oferece uma representação diversa de identidade, raça e gênero, com personagens como Jules, que explora sua identidade trans em um mundo guiado por preconceito. As histórias de Euphoria dão voz e lugar a questões raramente discutidas com tanta profundidade e autenticidade na televisão.
Por fim, Euphoria é uma série revolucionária (apesar de recente) que não apenas desafia convenções narrativas e estéticas de um gênero a priori “teen”, mas proporciona um olhar íntimo e intenso sobre as dificuldades da juventude contemporânea. Com performances poderosas, direção ousada e um roteiro que explora sem medo as angústias e os dilemas de seus personagens, a série se consolida como uma das mais importantes da última década.
