Crítica | Avatar: O Caminho da Água (2022), de James Cameron

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Por: Gabriel Pinheiro

“Seria muito fácil se escorar no que já havia sido feito, James Cameron tentou de todo jeito fugir disso.”

Treze anos depois que o público foi à Pandora pela primeira vez, James Cameron finalmente retornou com a tão aguardada sequência do filme Avatar (2009). Durante esses treze anos todos os filmes aspirantes à blockbuster caíam quase que sempre na mesma comparação com o primeiro filme dos Na’vi em uma boa toada de análises, resenhas, comentários e críticas. O primeiro Avatar não só arrecadou um zilhão de dólares mundo afora como também trouxe um público muito grande para as salas de cinema. Durante esses treze anos, e por influência do primeiro Avatar, o 3D nas salas de cinema viu o seu ápice e com o tempo o seu declínio. Muito aconteceu durante esse período. 

Fato é que muito se falou sobre essa sequência, “será que James Cameron chegará perto o absoluto sucesso que foi o primeiro filme dos alienígenas azuis”? O questionamento que por muito tempo pairou sobre as cabeças dos que aguardavam a sequência finalmente foi sanado. Sim, com certeza ele chegou. Avatar: O Caminho da Água (2022) facilmente se equipara ao filme anterior em todos os aspectos que marcaram o público naquela experiência passada. 

Após dez anos da primeira batalha de Pandora entre os Na’vi e os humanos, Jake Sully (Sam Worthington) vive pacificamente com sua família e sua tribo. Ele e Ney’tiri (Zoë Saldaña) formaram uma família e estão fazendo de tudo para ficarem juntos, devido a problemas conjugais e papéis que cada um tem que exercer dentro da tribo. No entanto, eles devem sair de casa e explorar as regiões de Pandora, indo para o mar e fazendo pactos com outros Na’vi da região. Quando uma antiga ameaça ressurge, Jake deve travar uma guerra difícil contra os humanos novamente. Mesmo com dificuldade, Jake acaba fazendo novos aliados – alguns dos quais já vivem entre os Na’vi e outros com novos avatares. Mesmo com uma guerra em curso, Jake e Ney’tiri terão que fazer de tudo para ficarem juntos e cuidar da família e de sua tribo. (Fonte)

É extremamente acertada a decisão de avançar no tempo a história deste segundo Avatar, por mais que seja difícil quem viu o segundo não ter visto o primeiro, o filme funciona completamente descolado do anterior, o que é um feito incrível. Seria muito fácil se escorar no que já havia sido feito e somente ficar no lugar comum que deu certo anteriormente, James Cameron tentou de todo jeito fugir disso. Praticamente toda uma nova Pandora é mostrada ao público à medida que a trama avança e os personagens se deslocam pelo espaço. O espectador descobre junto da família de alienígenas cada pedacinho novo dessa nova versão de Pandora na qual se passa a história. O descobrimento quase que carrega o filme no colo durante todo o tempo. Esse fato inclusive de certa forma faz com que o tempo de duração do filme passe voando, é muita coisa nova para se ver, sentir, ouvir e experimentar nessas águas claras e convidativas de Pandora. Tudo é muito lindo, a criação de mundo nesse filme só poderia vir da mão de uma pessoa apaixonada pela água tanto quanto James Cameron o é. A quantidade de detalhes em cada frame nas cenas aquáticas faz com que se sinta vontade de ficar embaixo d’água o tempo todo.

O que complementa todo esse universo é o carisma de todos os personagens que foram adicionados nesse segundo filme. Kiri, Tuktirey, Neteyam, Lo’ak e Spider se tornaram automaticamente indispensáveis para os próximos filmes da série. Cada uma dessas personalidades acrescenta ao filme e interpreta uma sensação de descoberta de um espaço de forma com que podemos inclusive ver esse novo local através de perspectivas distintas entre si. A enxurrada de personalidade e carisma desses novos personagens, incluindo todo o povo da água, acaba ofuscando inclusive Neytiri no filme, personagem mais do que essencial no primeiro filme. 

Nem tudo são flores, espetáculo à parte o filme tem um enredo bem simples e básico. A trama pode ser resumida em “estão caçando Jake Sully e ele precisa fugir”, e muito pouco para além disso é explorado. Não que o roteiro seja fraco, o diretor em conjunto com os roteiristas Amanda SIlver e Rick Jaffa conseguem tirar leite de pedra de uma premissa tão básica. É impressionante a quantidade de vai e vens entrelaçados no ressurgimento de antigos rivais e de passeios desacompanhados das crianças. No final das contas, colocando na ponta do lápis, muito pouco no grande esquema das coisas do universo de Avatar avançou com esse segundo filme. No fim das contas, ainda se resume a caça de Jake Sully e a sua fuga.   Mas não é sobre isso? Avatar (2009) não era e sempre foi sobre um grande espetáculo visual e tecnológico em que nós nos deslumbramos com um mundo novo e explorando um novo planeta? Acaba então que esses pontos negativos e simplismos de Avatar: O Caminho da Água (2022) pouco importam face ao grande show de luzes que é posto frente ao espectador. Mesmo essas falhas sendo identificadas, o público recebe exatamente o que lhe foi prometido por Cameron depois de treze anos de espera. Mal se pode esperar pra saber se ele vai conseguir completar toda a série de filmes como o planejado. O público não aguenta mais treze anos de espera para voltar a redescobrir Pandora em todo o seu esplendor visual.

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