Por: Arthur Matsubara
Redação RUA
Longlegs, dirigido por Oz Perkins, ganhou muita visibilidade nas redes sociais por conta do seu incrível trabalho de marketing. Dentro dessas campanhas, o filme era colocado como extremamente assustador, com um aspecto investigativo intrigante e atuações impressionantes, mas infelizmente a obra não acompanha o nível de qualidade de seu agressivo marketing, principalmente quando se trata da investigação, decaindo vertiginosamente de qualidade conforme o roteiro avança.
A primeira parte e o começo da segunda são impecáveis, a atmosfera tensa e sombria, junto com personagens que à primeira vista parecem complexos e um jogo de câmera que se mantém sempre distante e contemplativo constroem um interesse genuíno do espectador com a história. Entretanto, conforme o roteiro se desenvolve, não só é mostrado que o enredo é genérico, mas também que toda a investigação por parte do espectador é praticamente inútil, expondo a maioria das informações com diálogos e flashbacks ao entrar na terceira parte.
Oz Perkins tem plena consciência nos pontos positivos e negativos do filme, mantendo o aspecto estilístico da atmosfera sombria e do jogo de câmeras até o último momento possível, que se diluem no momento que é evidenciado sua pobre história. De longe a atmosfera criada é o melhor aspecto da obra, o grande foco em lugares vazios é algo costumeiro em filmes de terror, mas aqui o diretor opta por as vezes preencher esse espaço por vultos, mantendo ainda mais a dramaticidade das cenas sem expor de forma necessária o “monstro”. Todo o aspecto espacial do filme é muito bem construído, a câmera alterna entre uma visão subjetiva, colocando o espectador na pele da protagonista, e uma visão de observador, mostrando ameaças que os personagens não estão cientes, utilizando quase por completo cada locação nas cenas de tensão, onde mesmo que não seja utilizado narrativamente, o vazio sempre se coloca como uma possível ameaça.
A investigação por si só começa intrigante, distanciando-se do normal, colocando a protagonista como uma figura mística, que age de forma racional, mas com um fundo fantasioso proporcionado pelas “visões” dela. Porém após a primeira parte, todo esse aspecto fantasioso é jogado para o segundo plano, não dando continuidade e nem complexidade para esse “sexto sentido”, mostrando-se na verdade como uma forma preguiçosa de continuar a trama sem ter que revelar informações para o público.
Assim, Longlegs de fato se mostra um filme extremamente aterrorizante, mas não passa muito além disso, com uma história rasa e facilitadores de trama que até funcionam no começo do longa, mas se desgastam conforme o diretor se vê sem saída para revelar sua história genérica.