CRÍTICA | As Quatro Voltas (2010), Michelangelo Frammartino

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Em 2010, Michelangelo Frammartino realizou o filme As quatro voltas. Com seu ritmo lento, o espectador tem o tempo certo de sentir e refletir sobre essas quatro voltas das quais o título do filme se refere.

Essas quatro voltas, ou ciclos, são: a vida de um pastor de cabras, que está doente e acaba morrendo; a de uma jovem cabra, que nasce após a morte do pastor e também acaba encontrando um trágico final; a de um pinheiro, sob o qual a cabra havia morrido, e que depois é cortado para que a população da cidade use sua madeira; e, por último, o ciclo do carvão, que é feito a partir da árvore.

Essas histórias são contadas de forma a escancarar a conexão que há entre os elementos retratados. Não é possível dissociar uma vida da outra, um ciclo do outro. Para as pessoas mais religiosas, o filme pode passar também a ideia de reencarnação, transmigração da alma, metempsicose. Mas, mesmo quem não acredita nisso, ainda pode enxergar no filme a representação da morte do ego.

As quatro voltas nos ensina sobre como tudo é passageiro, mas também como o final de algo é sempre o início de outra coisa. Nos ensina como, na natureza, tudo deve estar equilibrado para que os ciclos se completem e as vidas possam existir. Essa visão de mundo aproxima o ser humano da natureza e leva a uma dissolução do ego, dessa forma de nos enxergamos como seres superiores e desconectados da natureza. Em última instância, o “ego” se transforma em “eco” e a empatia prevalece.

Por MURILO BRONZERI

Doutorando em Comunicação, Universidade Paulista

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