Crítica | Estômago (2007), de Marcos Jorge

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Por Murilo Bronzeri

Raimundo Nonato (João Miguel) é um nordestino que chega a São Paulo sem um lugar para morar, sem dinheiro e procurando melhores condições de vida. Para não passar fome, ele come em um bar e, como não pode pagar, começa a trabalhar ali e a morar em um quartinho no fundo do local. Ele vai aprendendo a cozinhar e chega até a trabalhar em um restaurante italiano, mas sua vida se complica de novo ao começar um relacionamento com a prostituta Iria (Fabíula Nascimento).

Entretanto, a história não é contada de forma linear e sabe-se, desde o começo, que Nonato vai parar na cadeia, pois o filme alterna entre o presente na prisão e passado no restaurante do protagonista. Assim, além de querermos saber da vida de Raimundo nesses dois lugares, à primeira vista, tão diferentes, cria-se muita curiosidade para saber o que levou Raimundo à cadeia.

O filme também ilustra muito bem esses microssistemas de poder que temos na sociedade. Os empregos, o relacionamento e a prisão são todos sistemas opressivos para a personagem. E, como Michel Foucault explica em seu livro Vigiar e Punir: Nascimento da prisão, um sistema opressivo, que tudo hegemoniza, só pode criar delinquentes, que são capazes de tudo para reverter a situação.

Com uma conclusão realmente impactante e fascinante, Estômago é o tipo de filme que nos surpreende e pelo qual nos apaixonamos sem demora. É uma obra que merece ser vista por todo brasileiro, por dialogar tão bem com a nossa sociedade. O drama até chegou a entrar na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.

★★★★★

Referências

ESTÔMAGO. Marcos Jorge. Zencrane Filmes. Brasil: Downtown Filmes, 2007. (113 min.).

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