Paula Ribeiro Alves Ferreira é graduanda em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
No mundo, um dos principais autores de horror fantástico e ficção da atualidade é Stephen King, escritor nascido nos Estados Unidos, em 1947. Ele escreveu vários livros do gênero e muitos foram adaptados para o cinema. Muitos também foram adaptados para seriados como “O Iluminado” e “Pesadelos e Paisagens Noturnas”. Nas histórias em quadrinhos, as obras de Stephen King também não poderiam passar despercebidas. Há sempre uma notícia falando de adaptações de suas histórias para a nona arte. Até o autor se rendeu a elas, deixou o lado da produção e está escrevendo histórias para uma série em quadrinhos chamada “Vampiro Americano”, lançada na Vertigo. Sua obra-prima considerada por muitos, também não fica de fora das adaptações. A Torre Negra, escrita em sete volumes, narra a história de Roland Deschain em busca da Torre Negra.
A obra mistura o faroeste estadunidense e os filmes de Sérgio Leone com a mitologia britânica, como a lenda do Rei Arthur e a Távola Redonda, que é inserida no livro com alguns personagens e fatos parecidos: o mundo de Roland quando criança era governado pelo Rei de Arthur de Eld que tinha seu cavalo branco Lamhei e sua espada, a Excalibur, os cavaleiros agora se transformaram em pistoleiros, o Santo Graal pode ser a Torre Negra e um demônio gera o filho de Roland que será chamado de Mordred, e que assim como na lenda, tenta matar seu pai. Tem influência também das obras de J. R. R. Tolkien, criando até uma língua própria e a Terra Média e transformada em Mundo Médio. A adaptação de A Torre Negra foi lançada pela Marvel também em sete edições. Trata-se de um prólogo da história e grande parte desse quadrinho se encontra em parte do primeiro e do quarto livro da série.
Esse artigo tem como intuito estudar as adaptações dos livros de Stephen King para os quadrinhos, tendo como base A Torre Negra, será feito uma síntese das histórias dos livros, em seguida será feito uma comparação de como é inserido o mundo do autor e como a estética e a narrativa são feitas nos quadrinhos da primeira edição A Torre Negra – Nasce o Pistoleiro.
A Torre Negra[1] – Os sete livros
A Torre Negra é uma séria composta por sete livros. O primeiro volume é chamado de O Pistoleiro [2], foi escrito originalmente em 5 capítulos[3] e publicados em uma revista chamada The Magazine Fantasy & Science Fiction. Como livro foi publicado no ano de 1982, como edição limitada e como edição pública em 1988.
O primeiro livro começa com um homem de preto sendo perseguido por um pistoleiro. O pistoleiro é Roland Deschain de Gilead, o último descendente da linhagem de Eld do Mundo Médio, pertence a uma casta de cavaleiros de sua terra chamada de “Os Pistoleiros”. O homem de preto se trata de um mago que Roland acredita saber de algumas pistas do seu destino – encontrar a Torre Negra, um lugar fixo que sustenta as 12 realidades existentes no universo, a qual o Rei Rubro quer destruir para que toda a realidade deixe de existir. Roland no encalço do Homem de Preto sofre uma armadilha, ao escapar quase morre e é socorrido por um garoto chamado Jake Chambers que foi morto em seu mundo em Nova York, e foi parar alí. No meio do caminho, Jake cai em um buraco rumo ao abismo e morre novamente. Roland segue caminho e finalmente encontra com o homem de preto, este tira as seguintes cartas para ele “O Prisioneiro”, “A Dama das Sombras” e a “Morte”. Até que depois de tanto conversarem, o pistoleiro dorme, quando ele acorda se passaram 10 anos.
O segundo volume, A Escolha dos Três[4] começa com Roland na mesma praia do livro anterior. É nessa praia e nesse livro que ele é atacado por criaturas que ele denominou de “lagostrosidades”, pois se pareciam com lagostas, perdendo dois dedos da mão direita e o dedão do pé direito. Quando consegue finalmente fugir ele já está bastante ferido e encontra 3 portas no meio da praia. A primeira porta está com o escrito “O Prisioneiro”, ele entra e vai parar na cidade de Nova York dos anos 80 e lá vai se encontrar com o primeiro membro de seu novo ka-tet[5], Eddie Dean. Na segunda porta, Roland vai se encontrar com a “Dama das Sombras”, duas mulheres completamente diferentes no corpo de uma. Odetta Holmes, uma jovem negra de Nova York de 1960, que perdeu as pernas num suposto acidente. Roland a recruta, mas não sabia até então que ela sofria de dupla personalidade e que compartilhava o corpo com Detta Walker, uma mulher inteligente e cheia de ódio. Na terceira porta escrita “O empurrador”, estará Jack Mort, com o pistoleiro, encontrando então “A Morte”. Jack é um assassino em série no ano de 1977 em Nova York e Roland utilizará de seu corpo para conseguir balas para sua arma e remédios. Roland descobre que o assassino causou os acidentes que Odetta sofreu. Roland consegue salvar Jake de ser assassinado por Jack Mort. Roland consegue convencer Eddie e Odetta a fazerem parte de ka-tet. Odetta reúne suas duas personalidades, tornando-se assim Susannah Dean.
No terceiro livro da série, As Terras Devastadas[6] a história começa alguns meses depois da escolha dos três na praia. Roland, Eddie e Susannah lutam com Shardik, um gigantesco urso cyborg, guardião de um dos 12 portais por onde partem os 6 feixes de luz que levam até a Torre Negra. Eles encontram um dos feixes pela trilha do urso. O grupo faz um perigoso ritual onde todos têm que relembrar o rosto de seus pais e justificar seus atos, trazendo assim o garoto Jake Chambers de volta ao Mundo Médio. Os quatro então seguem viagem, Jake faz amizade com um trapalhão, uma mistura de quati, texugo e cachorro, que é chamado de Oi pelo garoto. Os cinco estão a caminho de Lud, onde vivem duas facções, os Pubs e os Grays, que ainda vivem com antigos conflitos. Antes de chegarem à cidade, Jake é sequestrado e levado até o último líder dos Grays. O grupo se divide, Roland vai com Oi para salvar Jake, e Eddie e Susannah vão até o Lud, onde está o monotrilho Blaine que é por onde eles podem sair do lugar. Roland e Oi salvam Jake e vão até o trem. Blaine é um dos mais perigosos demônios, um computador com inteligência artificial muito avançada que tem vício por adivinhações. Ao embarcarem, descobrem que o monotrilho pretende cometer suicídio. Roland então propõe que se eles conseguirem vencer Blaine no jogo de adivinhação, o trem teria que deixá-los no destino deles. Assim termina o livro com os membros do ka-tet indo rumo a Topeka.
O quarto livro é chamado de O Mago e o Vidro[7] e é o principal objeto de estudo juntamente com o quadrinho, uma vez que vai contar a história do passado do pistoleiro que se encontra na arte sequencial. Esse livro começa com o grupo no monotrilho Blaine, Eddie vence Blaine e o grupo desce em Topeka no Kansas, uma cidade dizimada por uma praga[8]. Ao acamparem, Roland vai contar a história de seu passado, como venceu o teste de maturidade e foi mandado para o Baronato de Mejis junto com seu antigo ka-tet com Cuthbert Allgood e Alain Jonhs em uma missão. Lá, a primeira pessoa com quem se encontra é Susan. Ela tinha acabado de visitar Rhea, a bruxa da colina de Cöos, para um teste de castidade, pois ela deveria gerar o filho do prefeito Thorin, cuja mulher não podia ter filhos. Ele houve falar através dela dos “Caçadores do Grande Caixão” e de Jonas, que era líder desses homens que também eram a guarda pessoal do prefeito. Eles, então, visitam a delegacia da cidade e são convidados para um jantar, onde conhecem Jonas, o prefeito Thorin e sua esposa e também a irmã do prefeito que oferece um galpão para eles se hospedarem. Roland e Susan se apaixonam e ela ajuda o ka-tet a destruir Citgo, uma antiga reserva de petróleo que um homem chamado Farson, conhecido como homem bom, utilizaria para concluir seus planos de atacar e acabar com a federação. As tropas de Farson descobrem e vão até lá, Roland, Alain e Cuthbert vão lutar contra eles e enquanto isso, Susan é raptada por Rhea e Reynolds, o único sobrevivente dos homens do trio do “Grande Caixão” (Jonas, Reynalds e Depape) que foram mortos pelos garotos. E Roland vê todos os acontecimentos através da lúmina. Susan é levada pela tia após um encantamento de Rhea e é queimada viva. Após o pistoleiro contar sua história ao novo ka-tet, eles seguem caminho e vão parar no palácio de vidro verde, Marten Broadlock se apresenta, Broadlock também é em outros mundos Randall Flagg, Richard Fannin, o homem de preto e John Farson. O grupo não consegue matar o mago que os avisa para pararem de perseguir a Torre Negra e que essa seria a última oportunidade. Uma outra viagem é feita ao globo do Mago e Roland descobre que matou sua mãe achando que ela fosse Rhea. O ka-tet continua seu caminho pelo feixe de luz em busca da Torre Negra.
O quinto livro, Lobos de Calla[9], começa na cidade de Calla Bryn Sturgis onde a maioria das pessoas da cidade são gêmeos e um deles a cada 23 anos são levados por cavaleiros encapuzados que são chamados de Lobos, quando voltam não conseguem raciocinar direito. Uma assembléia é feita para uma reação contra os Lobos. Um dos membros chamados Callahan[10] diz que um grupo de pistoleiros está vindo através do feixe de luz e que eles poderiam ajudá-los. Enquanto isso Roland descobre que Susannah adquiriu outra personalidade, chamada Mia. Callahan chega até Roland e conta a história dos Lobos para ele. Na cidade, Rolando visita Henchik um velho sábio da cidade para saber sobre a “gruta do vão da porta” que era semelhante às portas que Roland usou anteriormente na praia. Eles vão até a gruta e precisam do “treze preto” para abri-la, Callahan possui o artefato, pois foi assim que conseguiu chegar ao lugar. Callahan mostra o “treze” para Roland e ele e Eddie vão para a gruta, Eddie vai para Nova York em 1977 para impedir que a Rosa, a manifestação da Torre no mundo atual seja destruída, em troca o dono do terreno onde a Rosa está, dono de uma livraria chamado Tower, faz com eles levem alguns de seus exemplares para o outro mundo. Jake descobre que um pai de seu amigo e o robô Andy passam as informações da para os Lobos e que existem várias câmeras vigiando a cidade e conta ao grupo. O robô é destruído e o grupo vence. O livro termina com Mia roubando o “treze preto” e indo parar em Nova York para dar à luz ao filho do demônio.
No livro número seis, Canção de Susannah[11], o ka-tet é surpreendido por um “feixemoto”, um dos feixes da Torre cai, restando apenas dois. O ka-tet consegue ajuda do povo da cidade para abrir a passagem da gruta com seus imãs mágicos, para irem em busca de Susannah, Callahan é puxado junto. Eddie e Roland vão para Nova York de 1977, falar com Calvin Tower, para comprar o terreno baldio que nasce a Rosa. E Jake, Oi e Callahan vão para Nova York de 1999, para resgatar Susannah. Mia conta a Susannah quem ela realmente é e de quem é o filho que ela vai gerar, que é de Roland. Roland e Eddie são emboscados, mas conseguem fugir e chegam até Tower que após muito custo resolve vender o terreno. Após isso, eles vão atrás do homem que escreveu a história de Callahan, e vão em busca de Stephen King. Em Nova York de 1999, o restante do grupo vai até onde Susannah estivera hospedada e recebem um bilhete com um cartão que dava acesso ao quarto e encontram o “treze preto”, então os dois vão para Dixie Pig que é onde Mia dará a luz a seu filho, que se chamará Mordred.
No último livro chamado somente de A Torre Negra[12], Padre Callahan, Jake e Oi entram em Dixie Pig em Nova York, vão lutar contra vampiros numa sala onde há várias portas para outros mundos, Callahan se sacrifica para que Jake e Oi escapem. Em Fedic, um outro mundo, Mia e Susannah estão fisicamente separadas Ela fere Mordred, mas não consegue matá-lo e então foge. Jake e Oi encontram Susannah do outro lado do portal. Roland e Eddie, vão para Fedic após Stephen King contar-lhes um conto e o ka-tet é reunificado. Todos lutam contra Mordred que pode se transformar em uma aranha. Randall Flag, Eddie, Jake e Oi são mortos. Eles continuam até o caminho da Torre quando encontram Patrick, que tem o poder de transformar seus desenhos em realidade, ele desenha mais tarde uma porta pela qual Susannah viaja até uma outra Nova York de 1980 e conhece Eddie Toren e seu irmão Jake que não se lembram de sua jornada anterior. Roland derrota o Rei Rubro e entra na Torre, ao subir ele vai entrando em salas que vão retratando sua vida, quando ele chega no topo, descobre uma porta escrito “Roland” e percebe que já esteve inúmeras vezes lá, ele se encontra novamente no Deserto, sem lembranças do que ocorreu, pronto para retornar sua jornada até a Torre Negra, mas dessa vez ele carrega o antigo chifre de Arthur de Eld, que será permitido à Roland terminar sua tarefa, e começa a perseguir o homem de preto novamente.
Stephen King e os quadrinhos
Como já dito no início deste artigo, Stephen King é um autor conhecido por escrever livros de suspense, terror fantástico e ficção científica, tendo muitas de suas obras adaptadas para o cinema e televisão.
Com os quadrinhos, as adaptações também acontecem. Em carta à editora Marvel, Stephen King escreve sobre sua vontade de ver seus livros adaptados e até escrever histórias para os quadrinhos:
“(…) Eu posso ter crescido, mas os quadrinhos também cresceram, e na verdade nunca os deixei de lado. Não sei quem foi que sugeriu A Torre Negra, mas me decidi na hora. Tendo lido Watchmen, Preacher e V de Vingança, achei que uma versão gráfica das histórias da Torre – ou histórias sobre o pistoleiro Roland que nunca foram contadas – poderiam virar um filme muito legal, ou uma ótima minissérie para a TV.(…)
E mais. Você sempre tem que julgar quem está envolvido. Neste momento, há muita gente talentosa no mundo dos quadrinhos, e muitos estão na Marvel. Conversei com eles sobre isso, mas não foi necessário me persuadir; eu conheço o mercado, afinal. Leio gibis da Marvel desde que Stan Lee começou a se barbear. Ok, nem tanto… Mas estou por aqui desde que Jack Kirby desenhava o Quarteto Fantástico, e consigo lembrar quando o Aranha superou o sumido-mas-não-esquecido Homem-Borracha (e o imortal Woozy Winks) no meu afeto e consideração. (…)
Eu escreveria um destes gibis? Mas é claro. Gosto do processo, que tive uma chance de conferir de perto durante a criação dos livros da Torre Negra. É parecido com roteiro para cinema, o suficiente para me deixar tranqüilo. Mas tenho muitos livros para escrever, acho, embora a qualidade da HQ seja gratificante. Poucas vezes gostei tanto de um projeto ainda em fase de criação. Jae Lee é fantástico e a qualidade da escrita – um esforço de equipe (e que equipe!) – é alta. Acho que os fãs vão ficar surpresos.(…)” [19]
Stephen King além de permitir a adaptação da Torre Negra, também é produtor executivo dos quadrinhos da Torre Negra, sua assistente pessoal Robin Furth faz parte da equipe também como argumentista e consultora. Ele faz os rascunhos dos roteiros que deverão ser adaptados. Além da Torre Negra – Nasce um Pistoleiro, foram lançadas outras edições, como A Torre Negra – Um longo caminho pra casa[20], que também foi lançado no Brasil. Nos Estados Unidos outras edições além dessas duas foram lançadas como Dark Tower – Treachery, Dark Tower – The Fall of Gilead e Dark Tower – The Battle of Jericho Hill, todas feitas pela mesma equipe.
A Torre Negra: O Pistoleiro Nasce[21] – Os quadrinhos
A Torre Negra foi adaptada para quadrinhos, pela Marvel nos Estados Unidos, em fevereiro de 2007 e no Brasil em fevereiro de 2008. Ela foi feita juntamente com o próprio Stephen King para que a adaptação se desse da maneira como ele esperava, para que pudesse transformar a história do livro como ele realmente havia pensado. Para fazer a primeira série de quadrinhos da Torre Negra, a Marvel contou com alguns dos melhores de sua equipe. Jae Lee, fez os desenhos, ele é conhecido por ter um traço limpo e bastante próximo do real. Ele também trabalhou em minisséries como Hulk e Coisa, Namor, O Quarteto Fantástico, Os Inumanos pelo qual levou o prêmio Eisner de “Melhor Nova Série”, entre vários outros trabalhos. Abaixo tem-se a imagem do rascunho feito para ser colorizado.
Richard Isanove coloriu os desenhos[22], ele também trabalhou nas séries X-Man, O Demolidor, as capas para a linha Ultimate, Wolwerine: A Origem, 1602, Demolidor: Pai, Marvel Millenium: Homem de Ferro, entre outros. Abaixo se tem a imagem acima colorizada por ele.
Também no projeto, está Robin Furth que é assistente e consultora do próprio autor Stephen King, ela escreveu Stephen King’s The Dark Tower: The Complete Concordance[23], que é quase uma enciclopédia para a série. Foi ela quem ajudou a escolher quais os trechos que seriam adaptados e como seriam divididos os capítulos. Peter David foi o roteirista dos quadrinhos, trabalhou em Aquaman, Supergirl, Justiça Jovem, Homem – Aranha, X-Factor, Capitão Marvel, entre outros. Ele foi responsável pelos textos e diálogos feitos nos quadrinhos da Torre. Stephen King supervisionou todo o trabalho feito, inclusive fazia os rascunhos dos roteiros que a equipe deveria seguir. O trabalho seguia uma ordem, Stephen King mandava o roteiro para Robin Furth para correções e adaptações, de lá para o desenhista Jae Lee e o colorista Richard Isanove, e por fim para Peter David que colocava os textos e os diálogos.
Essa primeira edição da série da Torre Negra, conta o passado de Roland Deschain e como esse se transformou em pistoleiro com apenas 14 anos de idade. Ela é adaptação do começo do primeiro livro quando o pistoleiro está perseguindo o homem de preto e depois vai para o quarto livro O Mago e o Vidro. No volume 4 do livro, Roland está contando a história de seu passado para seu novo grupo, no quadrinho não aparecem os novos membros, nem se faz menção à eles, mas também vai mostrar a juventude de Roland e o como teve o início de seu antigo ka-tet, vai contar sobre sua amada Susan que estava prometida a gerar um filho do prefeito, provando sua castidade, mas ao ter relações sexuais com Roland acaba engravidando dele, a garota é queimada vida, tentando ajudar os garotos. Os garotos conseguem derrotar os Caçadores do Grande Caixão e os homens de John Farson, mas não conseguem salvar Susan, Roland a vê morrer através da lúmina e assim termina Torre Negra – Nasce um Pistoleiro. A adaptação do livro para quadrinhos é bastante fiel à obra de Stephen King, o próprio autor ajudou na adaptação para que isso acontecesse como citado anteriormente. Alguns capítulos de menor relevância para a compreensão da história foram retirados e alguns foram mudados de ordem, mas sem mudar quase nada da versão original.
Nos quadrinhos, pode-se permitir com que o leitor sinta, veja, imagine, adentre no ambiente com os garotos, como na sequência do primeiro volume dos quadrinhos em que o narrador que diferentemente do livro não é o pistoleiro, vai apresentar os jovens que estão se preparando para o treinamento e que será o primeiro ka-tet de Roland, na imagem dos jovens acima foram colocadas os balões à seguir:
Além disso, outra vantagem para os quadrinhos é o que poderia demorar algumas páginas de livros para ser escrita, pode ser resumida em apenas uma imagem, como por exemplo, esse trecho a seguir do início do primeiro livro da série O Pistoleiro:
“… Debaixo do cantil ficavam seus revólveres, a cuidadosa distanciadas mãos; uma placa de metal fora adicionada a cada um quando passaram do pai para ele; o pai tinha sido mais leve e não tão alto. Os dois cinturões se cruzavam acima da braguilha da calça. A camada de óleo dos coldres era tão profunda que mesmo aquele sol filisteu não conseguia rachá-la. As coronhas eram de sândalo, amarelo e primorosamente raiado. Correias de couro cru mantinham os coldres folgados contra suas coxas, fazendo-os balançar um pouco a cada passada; elas tinham apagado o azul do jeans (e puído o tecido), formando dois arcos, que quase lembravam sorrisos. A coisa de metal da munição roçava contra o cinturão heliografado no sol. Havia menos cartuchos agora. O couro dava pequenos rangidos.
A camisa dele, da não-cor de chuva ou poeira, estava aberta no pescoço, com uma tira de couro saindo frouxa dos ilhós furados à mão. O chapéu se fora. Assim como o chifre de boi que antigamente levava; se fora há muitos anos aquele chifre, solto da mão de um amigo moribundo, e ele perdera os dois.
Encarou uma duna de elevação suave (embora não houvesse areia ali;era um deserto de terra dura, onde mesmo os ventos cortantes, que sopravam quando vinha a escuridão, só conseguiam levantar uma poeira irritantemente áspera, como pó de metal)…” [24]
No quadrinho, apenas uma imagem pode apresentar a síntese das características descritas no trecho acima:
Dos exemplos apresentados e do que foi exposto, pode-se dizer que a adaptação do livro para os quadrinhos da Torre Negra é bastante fiel à obra do autor. Contando a história da juventude de Roland presente no Mago e o Vidro, com apenas algumas mudanças de ordem de roteiro e de narração, muitos dos diálogos são exatamente os mesmos que aparecem no livro. A presença do autor Stephen King, na supervisão da feitura dos quadrinhos, foi de fundamental importância para que se conseguisse transportar o Mundo Médio da maneira escrita para a arte seqüencial.
Bibliografia
MCCLOUD, Scott. Desvendando os quadrinhos. São Paulo: Makron Books , 1995.
KING, Stephen. O Pistoleiro. Rio de Janeiro : Objetiva, 2004.
KING, Stephen. A Escolha dos Três. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.
KING, Stephen. As Terras Devastadas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.
KING, Stephen. O Mago e o Vidro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.
KING, Stephen. Lobos de Calla. Rio de Janeiro: Objetiva, 2006
KING, Stephen. Canção de Susannah. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.
KING, Stephen. A Torre Negra. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.
Sites
http://marvel.com/comics/dark_tower/
http://www.projeto19.com.br/principal.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Stephen_King
http://www.stephenking.com.br/
http://web.hotsitepanini.com.br/torrenegra/
[1] Série de livros originalmente chamada “The Dark Tower” e escrita em 7 volumes publicados entre os anos de 1982 e 2004.
[2] Título original “The Gunslinger”
[3] Os capítulos são: “The Gunslinger” publicado em outubro de 1978, “The Way Station” em abril de 1980, “The Oracle and the Mountains” em fevereiro de 1981, “The Slow Mutants” em julho de 1981, “The Gunslinger and the Dark Man” em novembro de 1981.
[4] Título original “The Drawning of the Three”
[5] Ka= Destino; Tet= Grupo de pessoas que compartilham os mesmos objetivos. Ka-Tet= Grupo de pessoas unidas pelo destino. Stephen King nessa obra, assim como J. R. R. Tolkien, cria uma língua própria para o Mundo Médio.
[6] Título original “The Waste Lands”
[7] Título original “Wizard and Glass”
[8] Menção ao livro do próprio Stephen King “A Dança da Morte”
[9] Título original “Wolves of the Calla”
[10] Donald Callahan do livro “A hora do Vampiro”
[11] Título original “Song of Susannah”
[12] Título original “Dark Tower”
[13] Título original “ The Shining” (1980), dirigido por Stanley Kubrick, baseado no livro homônimo.
[14] Título original “Creepshow” (1982), dirigido por George A. Romero baseado em livro homônimo.
[15] Título original, “It” (1990), dirigido por Tommy Lee Wallace, baseado em livro homônimo.
[16] Título original “The Shining” (1997), dirigido por Mick Garris, foi produzido e escrito pelo próprio Stephen King.
[17] Título original, exibido em 2007 pelo canal TNT .
[18] Título original “Dead Zone”, transmitido pela primeira vez no ano de 2004. Nos Estados Unidos era exibida pelo canal USA, no Brasil pelos canais AXN e SBT, dirigido por Craig R. Baxley, baseado em livro homonimo.
[19] Carta aberta escrita por Stephen King à editora Marvel, texto integral no site: http://web.hotsitepanini.com.br/torrenegra/interna.php?secao=adaptacao&artigo=carta
[20] Título original “Dark Tower: The Long Road Home”
[21] Título original “Dark Tower: The Gunslinger Born”
[22] Um dos processos de pintura feito para o quadrinho pelo colorista está no site da editora Marvel: http://marvel.com/news/comicstories.648
[23] Sem título no Brasil
[24] Trecho do capítulo 1 do primeiro livro da série “O Pistoleiro”
Cara, desculpa, tem uns erros ai. Quando Roland dorme após confabular com Walter, se passam no minimo CEM ANOS (não fica claro nos livros, Lobos de Calla da-se a entender que passam milhares de anos devido a facilidade de viajar para qualquer quando ou onde pelas portas desconhecidas. Em nenhum momento é definido apenas 12 realidades dentro do universo da Torre Negra, pelo contrario, varias vezes é AFIRMADO que cada realidade é um andar da Torre, ou GAN, e ela é imensa e eterna, ou seja, existem milhares e milhares de realidades e mundos (na Cançao de Sussanah os mannis afirmam que eles são os marinheiros do ka, e ele pode leva-los a qualquer lugar) o que existem são os 12 guardiões (Urso-Tartaruga, Leão-Águia, Coelho-Morcego, Peixe-Rato, Cão-Cavalo e o Elefante-Lobo) que defendem os 6 feixes de Luz que sustentam a Torre, que por si é responsável por sustentar toda a miríade de realidades possíveis e impossíveis dentro da obra. Espero ter contribuido para melhorar o artigo, que é muito bom!