MARÍA ALEJANDRA PERNÍA RUIZ
GRADUANDA / CINEMA E AUDIOVISUAL UNILA
Grey’s Anatomy em Relação à Teoria de Gênero
Grey’s Anatomy é uma série dramática da ABC que retrata a vida de um grupo de cirurgiões em um hospital em Seattle. A narrativa central da série foca nas relações que surgem entre os personagens no ambiente de trabalho e na vida pessoal. Os conflitos abordam problemas pessoais e como os personagens lidam com essas situações no dia a dia, dando mais relevância à vida íntima do que aos eventos profissionais.
Embora o gênero da série seja bem definido, Grey’s Anatomy alcançou uma ampla audiência devido à identificação dos espectadores com os personagens. O elenco diversificado em termos de raça, etnia e orientação sexual facilita essa identificação. De acordo com Altman (1999), o gênero reafirma o que o público deseja. A série constrói grande parte de sua narrativa com base no feedback do público, utilizando blogs e contas no Twitter onde os fãs podem expressar suas opiniões, influenciando o desenvolvimento da trama. Isso exemplifica o que Altman descreve como a “cadeia de produção”, onde o gênero, através de sua estrutura (produção, distribuição e consumo), é o meio pelo qual o material chega ao espectador, gerando reconhecimento do gênero definido pela indústria.
No caso de Grey’s Anatomy, esse reconhecimento é reforçado pela interação contínua do público com a série, enriquecendo a cadeia de produção e validando a teoria de Altman, que afirma que a indústria e o público estão interligados e se influenciam mutuamente.
Além de manter uma identidade específica e limites claros, com a trama centrada no hospital e nas casas dos personagens, a série também experimenta elementos de outros gêneros. Exemplos incluem o episódio musical Song Beneath the Song, da sétima temporada, que apresenta um drama musical em torno de um acidente automobilístico envolvendo as personagens Callie e Arizona, e o episódio These Arms of Mine, também da sétima temporada, que adota elementos documentais para retratar os seis meses após um tiroteio no hospital. Esses episódios misturam gêneros e podem criar o que Altman descreve como uma “situação incontenível”, deixando o espectador à mercê da mistura de gêneros.
A série também adota uma estrutura dualista, na qual os personagens frequentemente têm pares, tanto na vida amorosa quanto na profissional, criando uma sensação de rotina. A narrativa é dividida em três tempos: casos médicos de curto prazo, conflitos interpessoais que se desenvolvem ao longo de vários episódios, e a vida pessoal da protagonista Meredith Grey, que é resolvida ao final de cada temporada. Essas situações repetitivas criam o arco narrativo de cada episódio, mantendo o espectador mais focado na reafirmação do que na novidade.
Esses três tempos narrativos são enfrentados e resolvidos imaginariamente pelo espectador, que, como expõe Altman, não consegue dominar as contradições de sua sociedade. Por esse motivo, Grey’s Anatomy está conectada à sua sociedade, adquirindo um valor simbólico conforme descrito por Altman.
Por meio das ferramentas do gênero, Grey’s Anatomy tornou-se uma das séries mais reconhecidas globalmente, recebendo diversos prêmios e marcando a existência do gênero drama médico ao conquistar o reconhecimento do público.
REFERÊNCIAS
ALMANT, Rick. Os Gêneros Cinematográficos (1999)
RHIMES, Shonda. Grey’s Anatomy (2005)