CRÍTICA | Smurfs (2025), Chris Miller

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Por Pedro Octávio

Redação RUA

Esta nova animação dos Smurfs é uma tentativa de modernizar os icônicos personagens azuis para uma nova geração, mas o resultado deve dividir opiniões, sendo bem fraca em comparação às produções anteriores. Os Smurfs (2011), dirigido por Raja Gosnell, trouxe uma narrativa nova e expandiu um pouco a forma como os personagens poderiam ser, não ficando presa apenas no conceito de “gentileza” e “vamos enfrentar o Gargamel”. Diferente do que vemos aqui, neste novo filme (em que há algumas partes em live action) somos apresentados a um novo vilão, irmão do icônico Gargamel. No entanto, nada disso foi bem desenvolvido, na verdade, o filme é bem confuso.

O público-alvo desse novo longa realmente parece ser apenas as crianças, mas, nem assim, é possível falar que todas irão gostar. Mesmo com tanto brainrot, as cores vibrantes e os cortes rápidos, a narrativa parece se tornar não linear. E não é apenas por faltar uma estrutura clássica de começo, meio e fim — ela até existe, mas a constante mudança de cenários, personagens aparecendo e desaparecendo sem motivo e poucas explicações sobre a maioria dos acontecimentos, tornam Smurfs nichado e, em muitos momentos, frustrante para quem o ver no cinema ou simplesmente estiver procurando algo leve para passar o tempo no streaming.

Do outro lado da moeda, vemos aqui a proposta de ser um musical em animação e isso ele acerta, em partes. Há bastante músicas, mas, novamente, não deve agradar muitas pessoas mesmo com a presença de Rihanna, que dubla Smurfette. As canções, além de não serem tão “chicletes”, muitas vezes surgem de forma abrupta, interrompendo a narrativa sem que o espectador entenda como os personagens chegaram até ali ou qual a real importância daquele momento para a trama. Essa repetição de transições mal amarradas apenas para inserir números musicais enfraquece a experiência e deixa a desejar. O princípio do filme é salvar o Papai Smurf, mas esse objetivo parece mudar ao longo da trama. O personagem é salvo, logo depois volta a ser capturado, em seguida se sacrifica para proteger os outros e, de repente, reaparece. Essa sucessão de eventos dá a impressão de que sua vida não é realmente importante para a história. Essas falhas acumuladas dão essa sensação de um roteiro fragmentado, em que as peças nunca se encaixam completamente e que, se você piscar por um instante, perde totalmente o fio da meada.

A crítica aqui vai além de uma história fraca: considerando que este longa tem uma hora e meia, haveria tempo suficiente para desenvolver melhor seus elementos. Com tanto brilho, efeitos visuais e neon, o filme passa a sensação de ser apressado. Apesar disso, a mensagem que ele tenta transmitir sobre propósito e autoconfiança é interessante. Ainda assim, sentimos que cada smurf fica preso em uma versão rasa de si mesmo, sem espaço para se desenvolver além de seu “eu interior”. Os únicos personagens que parecem pensar fora da caixa são o Papai Smurf, seu irmão, Smurfette e o Smurf “Sem Nome”. Todo o restante do elenco se limita ao conceito expresso em seus próprios nomes. O Desastrado, por exemplo, protagonista no filme de 2011, mal apareceu, e nos poucos 10 segundos em cena, tropeçou quatro vezes. Parece que até ele foi reduzido a uma caricatura de si mesmo. Falta naturalidade.

O diretor Chris Miller decepcionou um pouco. Ele também dirige os filmes O Gato de Botas (2011) e Shrek Terceiro (2007) e está imerso no mundo das animações há um tempo e, por conta disso, suas produções costumam ter uma boa aceitação do público, mas Smurfs (2025) provavelmente vai escorregar. Em suma, é um filme visualmente chamativo, mas narrativamente raso. Pode até agradar crianças bem pequenas, mas dificilmente chegará perto de deixar uma marca duradoura como outras versões dos personagens, sendo, até mesmo a participação da Rihanna, mal aproveitada.

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