CRÍTICA | Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca (2024), Tiago M. A. Lima, Eduardo Perdido, Diego M. Doimo

Por: Arthur Matsubara

Redação RUA

Teca e Tuti, filme de Tiago M. A. Lima, Eduardo Perdido e Diego M. Doimo, conta a história de uma pequena traça chamada Teca que vive com sua família em uma caixa de costura, dentro da casa de uma senhora e de seu neto chamado Zico. Ao se aventurar com seus irmãos, Teca se apaixona pelas histórias que a senhora lê para o seu neto, levando-a a perceber que livros são muito mais do que comida, iniciando uma linda jornada de autoconhecimento e alfabetização. 

O Projeto financiado pela Lei Paulo Gustavo, da produtora Rocambole Produções, começou em 2002 como um TCC feito por ex-alunos do curso de Imagem e Som da Ufscar e, 22 anos depois, tornou-se um longa metragem, que foi premiado como Melhor Longa Infantil de 2024 pelo Festival de Internacional Cinema Infantil (Fici).

O filme mescla a animação, que é majoritariamente feita em stop motion -com apenas alguns segmentos em animação 2D- com o live action e, mesmo que tenha pouca interação dos dois estilos em conjunto no mesmo quadro, a mistura traz tanto uma leveza para o mundo real, quanto uma profundidade para os bonecos da animação, mantendo uma aliança que conduz com fluidez a história de Teca. A animação, principalmente a em stop motion, é fantástica e rica em detalhes, cada personagem tem sua personalidade refletida em seu design que, mesmo que sejam simples, os mantêm semelhantes uns aos outros mas diferenciando-os conforme suas individualidades.

A trilha sonora se assemelha com os antigos programas infantis da TV Cultura, que marcaram diversas gerações de crianças brasileiras, como Cocoricó e Castelo Rá-Tim-Bum, possuindo canções inéditas e originais de Hélio Ziskind, que compunham os temas dos programas citados. Assim, além de transmitir um sentimento de nostalgia nos pais que cresceram ouvindo as canções de Hélio, as músicas transmitem leveza e tranquilidade, conduzindo os sentimentos dos personagens a diferentes emoções conforme o significado das cenas, mas sempre mantendo esse sentido de serenidade.

Na primeira metade do longa, é ilustrado fielmente algumas etapas do processo de alfabetização, que começa com Teca identificando a letra “O” e diferenciando-a mediante a outros símbolos. Logo após disso, Teca ouve a senhora recitar uma canção para o seu neto, percebendo as rimas e ligando as repetições sonoras com a repetição de símbolos no livro, que, posteriormente, a leva a reparar que palavras diferentes podem ser formadas pela substituição de consoantes. Esse processo que acontece com a Teca e com o Zico reflete na própria audiência infantil, as músicas com suas rimas mostradas, às vezes, de forma diegética, incentivam o público infantil a se interessarem por livros, canções e até pelo próprio audiovisual. E é exatamente nesse reflexo da Teca na audiência que torna o filme encantador, esse poder educativo é simples e lúdico, colocando o filme como uma belíssima carta de amor à educação, aos livros e ao cinema nacional.

REFERÊNCIAS: 

CHIMIRRI, Renato. TECA E TUTI: UMA NOITE NA BIBLIOTECA: filme produzido em São Carlos chega as cinemas do Brasil. São Carlos, 16 jul. 2024. Disponível em: https://saocarlosemrede.com.br/teca-e-tuti-uma-noite-na-biblioteca/. Acesso em: 28 jul. 2024.

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