CRÍTICA | THUNDERBOLTS* (2025), Jake Schreier

Por Pedro Octávio

Redação RUA

Thunderbolts* está sendo uma das produções mais bem recebidas da Marvel nos últimos tempos, mas, ainda assim, é recomendável assistir outras obras como Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014) ou Homem-Formiga e a Vespa (2018) para se ter uma maior dimensão dos fatos e acontecimentos que antecederam a formação do novo grupo apresentado neste longa de Jake Schreier. A nova visão do diretor trouxe aquele entusiasmo de assistir a um filme do MCU, tornando a experiência mais envolvente. Com um maior orçamento, é possível perceber escolhas narrativas e estéticas que enriquecem o filme, como o uso mais intenso de efeitos práticos — destaque para a cena de abertura, em que a atriz Florence Pugh realiza uma queda realista, resultando em uma sequência visualmente impactante.

A história começa com Yelena Belova, interpretada por Florence Pugh, finalizando uma tarefa solicitada a pedido de Valentina, com o intuito de, após isso, finalmente conseguir realizar missões mais públicas, como era do seu interesse. Com o decorrer da trama, a personagem se encontra com outros agentes, que logo percebem que o maior desafio não será apenas a missão em si, mas, antes de tudo, o confronto com seus próprios traumas e conflitos internos. Essa abordagem confere humanidade aos personagens e os aproxima do público, ao evidenciar como questões psicológicas mal resolvidas impactam decisões, relacionamentos e até a forma como se enxerga o mundo, literalmente. Ao colocar a saúde mental como um obstáculo tão concreto quanto o vilão da vez, o filme convida à reflexão sobre a importância do autocuidado cotidiano.

Além disso, Thunderbolts* é um filme digno de ser chamado de “filme de super-herói” — mas “super-herói”, a equipe de Thunderbolts* não é, visto que a ideia da equipe é inspirada dos quadrinhos Thunderbolts #1 (1997), que já traziam personagens com perfis morais ambíguos para compor um grupo que atue no lugar dos heróis tradicionais que já não estavam mais presentes, após todos os acontecimentos daquele período. Nos quadrinhos, o grupo já teve várias formações, mas a retratada no filme reúne figuras diferentes como Ava Starr, conhecida como Fantasma, Soldado Invernal, Yelena Belova, Agente Americano e Guardião Vermelho, além do personagem Bob, sob a liderança de Valentina Allegra de Fontaine. Para esta adaptação, o elenco escolhido não poderia ser melhor, colocando pessoas renomadas nestes papéis de destaque, como David Harbour, ganhador do Prêmio Critics’ Choice pelo seu papel em Stranger Things (2016), e Sebastian Stan, aclamado pela crítica recentemente por seu papel no filme Um homem diferente (2024).

Os temas vinculados à saúde mental são levantados durante todo o filme, desde o monólogo inicial em que se cita sobre o sentimento de solidão e vazio, até momentos metafóricos, como a cena em que o Agente Americano observa um buraco, permitindo outras interpretações sobre o que se passava em sua mente naquele instante. O cerne deste grupo é a compreensão da importância do diálogo entre os membros que se estende até o desfecho do filme. Em suma, os Thunderbolts não representam apenas uma nova equipe com dilemas próprios que trazem a saúde mental como pauta, mas também uma nova forma de imaginar o que significa ser um super-herói — algo que pode redefinir nossa bagagem cultural sobre esse gênero no cinema nos próximos anos.

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