CRÍTICA | Tipos de Gentileza (2024), Yorgos Lanthimos

Tipos de Gentileza (2024)

Por: Arthur Matsubara

Redação RUA

A antologia de crônicas de Yorgos é composta por três histórias diferentes, com o elenco principal se mantendo o mesmo, em que todas as características marcantes do diretor se fazem presentes, tanto em conteúdo quanto em sua forma, e talvez justamente por isso o longa se mantém mais do mesmo, tanto fora do filme, comparando com sua filmografia, quanto dentro dele, onde suas histórias apresentam-se de forma parecida, criando uma certa ambiguidade em suas relações, sendo justamente nesse ponto o ápice da experiência do filme.

O filme teve sua estreia no Festival de Cannes, onde Jesse Plemons ganhou o prêmio de melhor interpretação masculina, fazendo um trabalho fantástico principalmente em sua dinâmica com Emma Stone. O elenco é um dos pontos fortes do longa, todos os atores principal conseguem trazer interpretações completamente diferentes em cada história, mantendo sempre um nível de qualidade altíssimo, mesmo que às vezes o filme peque em conduzi-los em todas os curtas, mantendo alguns dos atores coadjuvantes na mesma tecla, como por exemplo a Hong Chau que mesmo com pouquíssimo tempo de tela em comparação com os outros, traz personagens que, de certa forma, possuem a mesma função nas narrativas.

Não que seja problema da atriz, a questão é que ao colocar uma antologia dirigida e escrita pelo mesmo diretor e com o mesmo elenco, incrível seria se não houvesse uma certa repetição, que às vezes funciona, principalmente quando se trata da do conteúdo e na dinâmica das histórias, mas às vezes não funciona. Essa repetição se faz problemática também quando a própria forma do filme por si só já é marcada por uma falta de ritmo da direção, que sim, gera o desconforto famoso do Yorgos, mas também não se traduz de forma satisfatória para o formato de antologia, justamente pela falta de tempo para o espectador processar cada história.

 Nesse sentido, mesmo que não haja uma digestão satisfatória por parte do espectador de cada curta, a relação entre eles justifica o formato de antologia, em que a direção do Yorgos consegue criar um raciocínio que conduz o filme. Em questão do conteúdo, todos as partes ligam-se a partir de uma relação de poder, onde é mostrada diferentes pontos de vista em cada história. Aqui, como já visto em outros filmes do diretor, o seu peculiar estilo de direção encaixa muito bem em cada curta, mantendo uma certa ambiguidade justamente ao exibir pontos de vistas em lugares diferentes dessa relação de poder, mantendo uma coesão por meio do humor e do incômodo.

Portanto, Tipos de Gentileza passa longe de ser uma das melhores obras do diretor, mas é suficientemente satisfatório para mostrar o poder de seu estilo de direção em histórias mais concisas. Assim, o longa não passa muito do mesmo que o diretor já produziu, só que dessa vez sem uma aprofundação dentro da narrativa em si, mas criando essa profundidade pelo formato da antologia, onde os pontos fortes são guiados pelo formato, mesmo que eles entrem em conflito com o aspecto estilístico do diretor.

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