Curadoria Cineclube Sci-Fi (Agosto de 2023)

Por Gabriel Almeida

A ficção científica acompanha os seres humanos desde antes mesmo de sua criação como gênero, e no cinema ela não deixaria de impactar, tal qual na literatura, sendo criadas ao longo da história cinematográfica mundial diversas obras distintas, cada uma uma referência para o seu contexto. E é partindo dessa premissa que o cineclube “da RUA ao CAIS” traz quatro dos filmes mais marcantes do gênero, aqueles que merecem um destaque singular por sua importância histórica, forma narrativa, introdução de elementos que outrora inspiraram inúmeras outras produções: “Metrópolis” (Fritz Lang, 1927), “2001 – Uma Odisseia no Espaço” (Stanley Kubrick, 1968), “Solaris” (Andrei Tarkovski, 1972) e “Blade Runner” (Ridley Scott, 1982).

O Sci-Fi (Science Fiction, do inglês) é um gênero que se popularizou devido às peculiaridades que apresentou desde seus primórdios. Robôs, seres extraterrestres, viagens espaciais, conceitos diversos que permearam (e ainda permeiam) o imaginário popular, ganharam força e um local onde puderam ser devidamente representados. Logo na década de 1920, com “Metrópolis”, temos o Maschinenmensch, o robô que então se torna humano para enganar os habitantes do submundo.

Há uma gama de figuras e temas – retratados muitas vezes em um futuro distante, contudo um retrato do tempo presente – que fascinam ou afligem a população da época, não somente os roteiristas e diretores do gênero. A luta de classes e uma visão da burguesia em “Metrópolis”, os limites do conhecimento e o fascínio humano inerente pela guerra em “2001”, o medo e a desordem psicológica que surgem diante daquilo que é diferente, mesmo que pareça igual, em “Solaris” e “Blade Runner”.

Não somente os problemas de uma sociedade em uma época específica são retratados, nem mesmo somente os medos ou encantos daqueles que constroem suas narrativas, mas sobretudo surgem grandes dilemas morais e problemas intrínsecos à espécie humana. A morte e o luto, bem como o sentimento de culpa, são brilhantemente retratados em “Solaris”. A dominação do mais forte sobre o mais fraco, do mais abastado ao mais simplório, que sempre ocorreu em algum momento da história, em “Metrópolis”. Transtornos e distúrbios psicológicos e morais com HAL 9000, a Inteligência Artificial de “2001”, bem como os limites humanos uma vez ditos. A violência irrefreável e até mesmo a desumanização, em “Blade Runner”.

E não só de temas fantásticos e dilemas inquietantes se sustenta o gênero, mas há em muitas obras, frente à proposta de encontro com aquilo que é desconhecido pela raça humana e a abordagem de temas alheios ao cotidiano comum, uma aproximação com os gêneros de Terror e Horror, muitas vezes na exposição do espectador a temas que fogem até mesmo do gigantesco imaginário popular e causam o aperto no peito, a vontade de afundar na cadeira do cinema e a tentação de roer as unhas e tapar os olhos.

O cineclube deste mês propõe uma percepção singular da realidade como conhecemos e traz filmes que garantiram, um a um, uma grande virada no cinema e sobre todo o globo terrestre. A proposta temática já foi abordada, resta aos espectadores se aprofundarem nas demais propostas e experimentações do gênero. Uma atenção especial é recomendada ao aspecto técnico, com montagens sufocantes e uma estética singular, de luzes únicas, cenários majestosos e efeitos visuais de tirar o fôlego.

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