Editorial Abril 2014

 

Desde 1999, acontece na UFSCar a Semana da Imagem e Som (SeIS), tradicional evento idealizado e organizados pelos alunos da graduação. Assim como a SUA – Semana Universitária do Audiovisual que, por sinal, nasce durante uma SeIS, o projeto é composto por uma série de palestras, oficinas, debates e exibições que pretendem levantar reflexões pertinentes ao audiovisual contemporâneo. Mas, diferente do que acontece na SUA, voltada exclusivamente aos estudantes de audiovisual do país, a SeIS se propõe a convidar toda a comunidade da região para o debate, sendo portanto um evento aberto ao público e gratuito.

Em sua 14ª edição, a SeIS traz como eixo temático “O Corpo no Audiovisual”, tema que engloba diversas questões relacionadas ao audiovisual como um todo e também debates em voga na sociedade contemporânea. Com as recentes discussões suscitadas por filmes como “Azul é a Cor Mais Quente” (Abdellatif Kechiche, 2013), “Um Estranho no Lago”(Alain Guiraudie, 2013)  e “Ninfomaníaca” (Lars Von Trier, 2013), que reaqueceram as polêmicas sobre os limites do uso do corpo no cinema, o tema não poderia ser mais propício. O corpo patológico do melodrama clássico,  o rosto-tela de Bergman, o corpo transgressão do cinema marginal. O corpo usado como elemento realista, poético ou como ferramenta de protesto. Ao longo da história são inúmeras as maneiras como são traçadas as relações entre Corpo e Cinema, algumas delas gerando até mesmo novos formatos de produção audiovisual, como a videodança e a performance do artista na videoarte.

Além de todas as interações específicas do audiovisual, o Corpo ainda traz a tona uma abundância de questões relevantes à nossa sociedade, como questões de gênero, a quebra de padrões de beleza e a participação política na era dos black blocs. Pensando nesses assuntos, a SeIS.14 buscou valorizar a produção brasileira contemporânea recente que tenha se voltado para algum desses temas relacionados ao Corpo. Do corpo queer de Doce Amianto (Guto Parente e Uirá dos Reis, 2013) ao corpo sobrenatural de Quando Eu Era Vivo (Marco Dutra, 2014), passando pelo corpo transgressão de Tatuagem (Hilton Lacerda, 2013), durante a semana do dia 07 ao dia 12 de abril, a SeIS estimulou o público a (re)pensar o uso e a importância do corpo na arte cinematográfica. Sendo assim, a RUA acredita que os objetivos da SeIS interseccionam os nossos. E é por isso que dedicamos a edição desse mês a refletir sobre o mesmo tema, tendo uma atenção especial a relacionar o conteúdo de nossas seções às atividades que aconteceram durante a semana.

Henrique Rodrigues Marques,

Editor Geral da RUA

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