Um Olhar no Paraíso é uma obra de Peter Jackson (o mesmo de O Senhor dos Anéis), com produção de Steven Spielberg, que conta o caso de Susie Salmon (Saoirse Ronan, de Desejo e Reparação), uma garota de 14 anos que é assassinada, sendo que os próximos 135 minutos da película nos serão dedicados ao esclarecimento de como se deu essa tragédia.
Bem, como se começa a falar de um filme intrigante? Que te inspira às mais diversas maneiras, capaz de despertar os mais variados sentimentos e estimular sensações, agonia, desespero, afeto? O espectador é completamente dominado pela catarse, e aí está o encanto.
Essa obra, que mistura uma animação surpreendente com a realidade, cria mundos coloridos, sombrios, originais, com planos maravilhosamente pensados, onde cada porta aberta será fechada, e cada movimento sutil te impedirá de piscar, conseguindo aliar a técnica à estória, e cada plano é pensado para conta-lá de maneira a gerar uma sensação própria. A construção dos personagens é sutil, e faz cada vez mais sentido no decorrer do filme, como por exemplo, o assassino (brilhantemente interpretado por Stanley Tucci), que inicialmente não sabemos quem é fisicamente, mas primeiro adquirimos sua descrição pela vítima, depois o vemos em seu dia-a-dia, como sua casa é, o que ele faz, que tipo de vida leva, tudo sem ver seu rosto, que será revelado apenas na hora certa, causando certa aura de mistério.
Outro ponto forte é a direção de arte, que foi surpreendentemente capaz de levar o espectador realmente aos anos 70, onde se passa a estória, com estampas minimalistas nas roupas, papéis de parede por todos os lados, pôsteres dos astros de rockabilly, calças pantalonas, um cenário e figurinos bem orgânicos e naturais, que abusam no uso do amarelo com azul – cores complementares – que tecnicamente são compreendidas, esta como calmante e aquela como enérgica, características que, dentro do filme, estão sempre em voga.
Muitos outros elementos são pensados simbologicamente, e não é a toa, afinal o diretor Peter Jackson estudou a simbologia dos sonhos e isso influencia em muitos aspectos do filme, principalmente nas cenas onde Susie está no paraíso.
Este filme, o qual discorre sobre morte, faz com que o espectador identifique cada elemento e interprete de acordo com suas crenças, e pode ser muito mais um filme sobre causa e conseqüência, sobre apego e desapego, sobre o que se perdeu, sobre amor, do que sobre a citada morte em si (dependendo de quem o vê). Mas não amor, carnal ou possessivo, amor que deixa marcas, que fica na terra, e mais do que tudo sobre seguir em frente após a perda de um ente amado; ele trata da aceitação da morte ao mesmo tempo em que celebra e valoriza a vida.
Além disso, ao tratar da questão especifica do crime de Susie Salmon , o filme é capaz de aludir à questão em geral exposta, e assim é uma espécie de alerta, um alarme, para a busca pela justiça. Se na telona a justiça foi feita ou não, cabe ao leitor correr atrás para assistir e concluir.
Natália Cortez Thomsem é graduanda em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
Ola ,
Assisti o filme , mas não tinha avaliado tantos detalhes.
Vou ve-lo de novo, agora prestando atenção .
Gostei muito da analise!
obrigada
“UM OLHAR NO PARAÍSO’
Essa sinopse está bem feita.
Me oriento sempre por elas [sinopses]
Vou assistir ao filme,levada pela descrição que deixa a curiosidade latente.
A escolha do filme foi feliz.
Esse assunto mexe com nossa imeginação!
Muito pertinente a visão do filme! Uma análise que nos instiga a querer estudar os simbolismos intrínsecos às imagens, rever o filme e entender um pouco mais dos “segredos” da humanidade.
Cunhadinha, meus parabens pelo texto, ficou sensacional, muito bem escrito, com muitas ínformações interessantes sobre o filme, fiquei até com vontade de vê-lo. hahaha.
Parabéns, que você tenha bastante sucesso na sua escolha.
Bjos
Victor.
Excelente análise. Faz o tempo de ver o filme muito mais proveitoso. Como em tudo na vida, a opinião de quem entende aperfeiçoa nosso conhecimento.
Análise que dá vontade da gente assistir o filme. Além de interessante é também instrutiva.
Depois de ler uma sinpose feita com tanta riqueza de informação não posso deixar de ver o filme. Parabéns Natália