20º Anima Mundi – Festival Internacional de Animação do Brasil

Arte Criada por Guilherme Marcondes

Por Thiago Jacot*

Em 2012 o Anima Mundi celebra o seu vigésimo aniversário com uma programação que passou pelo Rio de Janeiro nos dias 13 a 22 de julho, No Centro Cultural Banco do Brasil(CCBB), Cinema Odeon BR, Centro Cultural Correios, Casa França-Brasil, Espaço Itaú de Cinema, Oi Futuro Flamengo e Oi Futuro Ipanema, seguindo para São Paulo entre os dias 25 a 29 de Julho,acontecendo no Memorial da América Latina e no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB – SP). Além disso, há a mostra Itinerante, que é uma versão do festival montada para visitar cidades do Brasil e do exterior com mostra de filmes, oficinas, palestras e eventos especiais. Este ano, o Festival segue para Belo Horizonte.

Memorial da Amércia Latina em São Paulo - Foto: Levy Paiva

Ao todo foram exibidos 448 filmes (80 deles, brasileiros, em um total de 1623 inscrições) e oferecidas seis oficinas gratuitas onde é possível praticar diferentes técnicas de animação como stop-motion, desenho em película e desenho animado.
O Anima Mundi visa informar, formar, educar e entreter utilizando infinitas possibilidades da linguagem de animação. O universo onde tudo é verossímil. O festival é uma boa pedida para os entusiastas e fãs de animação, já que se consolida como o maior festival do gênero da américa latina e o terceiro maior do mundo. O preço do ingresso é um atrativo a mais, sendo a inteira R$8,00 e a meia R$4,00.
É importante celebrar as conquistas ao longo de duas décadas e também, é tempo para se pensar no contexto da animação para o festival e o mercado brasileiro. Há muitos motivos para se comemorar, entre eles, o fato de o festival estar qualificado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood para nomear o vencedor do festival à lista de pré- indicados ao Oscar de curta- metragem de animação.

De acordo com Aída Queiroz, fundadora e diretora do Anima Mundi, um dos fatores que garantem o sucesso do evento ao longo dessas duas décadas, é o pioneirismo do festival no Brasil. “Antes do Anima Mundi, não existia nada voltado a esse mercado no país. O festival é a grande vitrine do mercado de animação, e agora é possível encontrar uma boa produção de animação tanto para a TV quanto para o cinema, o que era impensável há alguns anos atrás”, conta.Dentro do festival existem também stands e oficinas de patrocinadores e parceiros, como a Petrobras. “Nosso público é bastante diversificado, e engloba todo o universo de pessoas com mais de oito anos de idade. É um programa para toda a família”, explica a diretora.

Foto: Levy Paiva

Outra novidade para este ano é o Prêmio Carlos Saldanha. O cineasta brasileiro e diretor da franquia “A era do gelo” e do filme “Rio” decidiu oferecer esse prêmio a melhor animação nacional e melhor animação nacional infantil.

Todos os anos são homenageados animadores, e este ano, o escolhido foi o animador carioca Marão. Neste ano, o evento bateu recorde de público no Rio de Janeiro, onde compareceram 73 mil pessoas. Para São Paulo, a expectativa era a marca dos 50 mil visitantes.

O Festival ajudou a impulsionar a animação brasileira e o contexto de produção de animadores brasileiros. Funciona como janela para exibição do que acontece por aqui e no mundo. Durante sua história foram feitos inúmeros fóruns para se discutir e debater o mercado de animação no Brasil. Favoreceu a organização política para a criação de uma associação brasileira de animação para se discutir mercado e produção para o setor.

Dentro do calendário de festivais, sem dúvida o Anima Mundi é um dos mais importantes eventos cinematográficos do país. Contribuiu para o fomento de público e de produção.

O Anima Mundi ainda é um dos poucos festivais preocupados com a formação de espectadores e de como eles se relacionam com os filmes. Dessa maneira, oferece oficinas de distintas técnicas de animação para os frequentadores do evento a partir de 8 anos de idade. É uma forma de seduzir e incentivar novos artistas a se mostrarem e começarem a produzir animação.

O festival possui um público fiel que soma a essa fórmula de sucesso. Eu ainda, diria que sinto falta do festival conseguir envolver classes mais baixas da população. Infelizmente, ainda o público dominante pertence a uma classe média/ classe média alta. Precisaria pensar de que forma atrair outros segmentos da população. Também, uma crítica que faço é para a praça de alimentação, que muito lembra a de parques de diversões cujos preços são abusivos por um pequeno sanduíche e uma lata de refrigerante. Isso apenas contribui para uma elitização do evento, que acredito que não seja o foco.

"Head over Heels" de Tim Reckart, grande vencedor do Anima Mundi 2012

No mais, a relação que se estabelece com o festival, que completa seus vinte anos de vida, é a do mais puro amor. É um segmento audiovisual que tem um público fiel, ainda mais pelos animadores brasileiros que se dizem formados pelo festival. Para comprovar essa relação, 40 Animadores se juntaram e fizeram uma vinheta para presentear o aniversariante. Assista abaixo:

Homenagem dos animadores Brasileiros:

Anima Mundi 20 Anos – Homenagem dos Animadores Brasileiros from Diego Akel on Vimeo.

Além do Festival, o Anima Mundi tem projetos de animação em escolas e um concurso de animação para multiplataformas, o Anima Multi. Acesse ao site para conferir: http://www.animamundi.com.br/ . Aproveite, e veja a lista completa dos premiados em 2012.

Oficinas Anima Mundi - Foto: Oswaldo Ruiz

Parabenizo o festival pelo seus vinte anos. E agora, para o ano que vem, primeiro da terceira década, esperamos que continue o trabalho do fomento e da vitrine para a produção nacional e internacional. Formando público e debatendo questões artísticas e políticas para o setor. Assim, tal sucesso até aqui seja refletido no questão mais importante: A consolidação da relação do espetador com os filmes, com a animação. Esse investimento em qualidade da relação é o essencial para os velhos e os novos públicos que estão por vir.

*Thiago Jacot é  graduando do curso de Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Editor Geral da RUA.

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