Por Jéssica Agostinho *
Às 14h30, aproximadamente, deu-se início, no Centro Público de Apoio à Economia Solidária, a Oficina LomoKino, que possibilitou a experimentação da câmera 35mm da Lomography. Após a auto apresentação das pessoas presentes, os oficineiros, representantes da Lomography, falaram brevemente sobre a história da empresa.
A Lomography surgiu na antiga URSS, como um órgão que deveria cuidar de questões que envolvessem ótica, como lentes para óculos, câmeras e até mesmo câmeras para espionagem. Por volta de 1980, foi criada uma das câmeras mais emblemáticas da empresa, a LC-A que visava reproduzir uma câmera portátil japonesa. A LC-A também teve a função de expressar como era a vida e o cotidiano na União Soviética.
Mas foi na década de 1990 que a lomografia se espalhou pelo mundo. Dois jovens, de férias na República Tcheca, descobriram a LC-A e ficaram deslumbrados com os resultados diferenciados da câmera. Após isso foi criada a Sociedade Lomográfica Internacional, com o objetivo de reunir lomógrafos de todo o mundo. Com o tempo foram sendo produzidos diversos modelos, como a fisheye e as multilentes. O site da Lomography funciona também como uma espécie de rede social, onde as pessoas podem se cadastrar e compartilhar suas fotos e vídeos analógicos.
Depois do breve histórico, a oficina passou a tratar, de fato, da câmera LomoKino, uma câmera de 35mm que grava pequenas animações. A ideia é trazer de volta a atmosfera analógica do cinema, sendo que cada rolo permite que sejam gravados 144 frames, cerca de 30 segundos (de 3 a 5 frames por segundo). Os oficineiros apresentaram alguns vídeos feitos com LomoKino antes de partir para a parte prática da oficina.
As pessoas presentes foram divididas em 10 grupos de cerca de 4 componentes. Cada pessoa recebeu um rolo de filme 35mm e cada grupo recebeu uma LomoKino. A ideia é que os grupos realizassem vídeos em conjunto. Foi realizada uma breve explicação sobre o funcionamento da câmera para cada grupo, sobre sua anatomia básica, como inserir o filme e como, de fato, filmar. É interessante pontuar que a Lomografia preza pelo casual e pelo cotidiano, onde nada é muito planejado e tudo é mais ao acaso. Com as câmeras preparadas, os grupos saíram às ruas para capturar as imagens.
Após gravar as imagens, o filme deve ser revelado. Para isso, basta leva-lo a qualquer estúdio de qualidade que trabalhe com revelação. Essa parte ficará por conta dos próprios participantes, que permaneceram com seus respectivos rolos de filme. Após a revelação é necessário que se realize a digitalização desse material. Muitas vezes os próprios estúdios realizam esse trabalho. Devem ser digitalizadas faixas do material e depois, cada pequena imagem será um frame do vídeo.
Para realizar a edição do material existe um programa chamado Kino Cut, que interpreta os limites entre os frames, separa as imagens e as une em forma de vídeo. O programa pode ser baixado gratuitamente clicando aqui.
Apesar da oficina funcionar, de certa maneira, como uma propaganda da marca Lomography, a experiência de lidar com câmeras analógicas é bastante interessante. As câmeras são, em certa medida, acessíveis e muito simpáticas. E os resultados são, como se pode imaginar, maravilhosos.
* Jéssica Agostinho é estudante de Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos e editora da RUA.
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