A MONTAGEM NO FILME HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE PARTE II

  • Post author:
  • Post category:Ensaios
Harry Potter e as Relíquias da Morte, Parte II. Imagem de Divulgação

Por: Anna Claudia Soares[1]

Resumo:

Compreendendo a montagem cinematográfica como um momento crucial de configuração narrativa, caracterizado como uma reelaboração das imagens através da organização dos componentes cinematográficos, visa-se primordialmente à identificação e análise dos tipos de montagem empregados na cena dezenove do filme Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte II (2011). Esta análise almeja uma exploração das implicações inerentes aos processos de significação e construção poética que emergem como consequência das estratégias de montagem adotadas nessa cena específica. 

Palavras-chave: Análise fílmica; Montagem Cinematográfica; Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte II.

Introdução

O filme Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte II, dirigido por David Yates, é o último filme da saga Harry Potter. Baseado nos livros[2] da autora Joanne Kathleen Rowling (J. K Rowling), esse é o filme que marcou o fim da jornada do protagonista Harry Potter.

No final épico, a batalha entre as forças do bem e do mal no mundo da bruxaria toma proporções de uma guerra mundial. As apostas nunca foram tão altas e ninguém está a salvo. Mas é Harry que pode ser convocado para fazer um derradeiro sacrifício, à medida que ele se aproxima cada vez mais do confronto final com Lorde Voldemort. Tudo termina aqui (SINOPSE – Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte II, 2011).

O filme (2011) se desenvolveu entorno da história do Conto dos Três Irmãos:

Era uma vez três irmãos que estavam viajando por uma estrada deserta e tortuosa ao anoitecer…Depois de algum tempo, os irmãos chegaram a um rio fundo demais para vadear e perigoso demais para atravessar a nado. Os irmãos, porém, eram versados em magia, então simplesmente agitaram as mãos e fizeram aparecer uma ponte sobre as águas traiçoeiras. Já estavam na metade da travessia quando viram o caminho bloqueado por um vulto encapuzado. E a Morte falou. Estava zangada por terem lhe roubado três vítimas, porque o normal era os viajantes se afogarem no rio. Mas a Morte foi astuta. Fingiu cumprimentar os três irmãos por sua magia, e disse que cada um ganhara um prêmio por ter sido inteligente o bastante para lhe escapar. Então, o irmão mais velho, que era um homem combativo, pediu a varinha mais poderosa que existisse: uma varinha que sempre vencesse os duelos para seu dono, uma varinha digna de um bruxo que derrotara a Morte! Ela atravessou a ponte e se dirigiu a um vetusto sabugueiro na margem do rio, fabricou uma varinha de um galho da árvore e entregou-a ao irmão mais velho. Então, o segundo irmão, que era um homem arrogante, resolveu humilhar ainda mais a Morte e pediu o poder de restituir a vida aos que ela levara. Então a Morte apanhou uma pedra da margem do rio e entregou-a ao segundo irmão, dizendo-lhe que a pedra tinha o poder de ressuscitar os mortos. Então, a Morte perguntou ao terceiro e mais moço dos irmãos o que queria. O mais moço era o mais humilde e também o mais sábio dos irmãos, e não confiou na Morte. Pediu, então, algo que lhe permitisse sair daquele lugar sem ser seguido por ela. E a Morte, de má vontade, lhe entregou a própria Capa da Invisibilidade (ROWLING, 2008, pp. 85-88, grifo meu).

Os três itens destacados na citação supracitada (varinha, pedra e capa da invisibilidade), são as Relíquias da Morte. Elas estão presentes na narrativa desde o primeiro filme da saga Harry Potter e a Pedra Filosofal (Chris Columbus; 2001). Nesse, Harry Potter ganhou a Capa da Invisibilidade de um remetente anônimo, mas é no último filme, o corpus desta análise, que a união desses itens se completa.

FIGURA 1: Relíquias da Morte (Triângulo representa a Capa da Invisibilidade; Círculo representa a Pedra da Ressurreição e o Traço representa a Varinha das Varinhas).

Fonte: Os Contos de Beedle, o Bardo (2008).

No filme (2011), merece destaque a cena de número dezenove. Antes da mencionada cena, ocorre um evento de relevância narrativa, no qual o personagem Severo Snape é atacado por Lord Voldemort. Nos seus derradeiros momentos de existência, Snape é descoberto por Harry Potter, Hermione Granger e Ronald Weasley. Demonstrando incapacidade de articular palavras de forma adequada, Snape manifesta emoções intensas ao chorar, culminando na entrega de suas lágrimas a Harry, seguido de seu falecimento. É a partir desse ponto que emerge a sequência de montagem que assume importância crucial para a presente análise do filme, composta pelas lembranças do Professor Snape. A montagem para o autor Christian Metz (1972) “é também uma forma de análise, a articulação de uma realidade que é representada na tela” (METZ, 1972, p. 137).

Segundo o autor Ismail Xavier (2003) a combinação de imagens entre si, sendo resultado da sequência de planos, cria significados que não estão presentes nesses trechos de forma isolada, mas se tornam evidentes no conjunto. O autor Eduardo Leone e a autora Maria Dora Mourão (1993) abordam sobre a montagem: 

Eisenstein, por outro lado, sustentava que a justaposição de dois planos deveria assemelhar-se a um “ato de criação”: cada corte deve gerar um conflito entre dois planos unidos, fazendo com que na mente do espectador surja um terceiro conceito, que será precisamente aquilo que Eisenstein chama de “imagem”. Ele não aceitava a ideia do plano cinematográfico como fragmento da realidade. Sua teoria defende a ideia de que plano é constituído por uma série de elementos formais (luz, movimento, volume, composição), através dos quais o realizador constituirá relações novas que não estão necessariamente implícitas no plano. A montagem organizará essa matéria prima de maneira a gerar conflito, choques que estimulam o espectador a um ato de criação, juntamente com o realizador (LEONE e MOURÃO, 1993, pp. 51-52).

Aprecia-se em relação à montagem o autor russo Sergei Eisenstein, para ele existem cinco tipos de montagem: a montagem métrica; montagem rítmica; montagem tonal; montagem atonal e montagem intelectual. Portanto, busca-se identificar quais tipos de montagem, de acordo com o autor Eisenstein, ocorrem na cena dezenove[3] do filme selecionado como objeto de pesquisa.

Cena dezenove

Na cena dezenove do filme Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte II, a personagem Harry Potter, entra na sala do diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e derrama na Penseira[4] as lágrimas do falecido Professor Severus Snape.

FIGURA 2: Professor Snape entregando suas as lágrimas para Harry Potter e Harry Potter as derramando na penseira

Fonte: Filme Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte II (2011).

No interior da Penseira, Harry inicia o processo de rememoração das recordações meticulosamente armazenadas pelo Professor Snape, sendo sua jornada inaugurada por momentos da infância. Este período inicial do mergulho memorial remete ao momento em que Snape teve seu primeiro contato com Lily Evans Potter, figura maternal de Harry Potter. O primeiro fragmento de lembrança revela o conflito entre Lily e sua irmã, Petúnia Evans. A subsequente entrada em cena de Snape emergindo do icônico Salgueiro Lutador introduz uma nova camada de recordação.

A narrativa prossegue com o retrato de Snape e Lily em suas caminhadas idílicas pelos campos, onde compartilham experiências mágicas e cultivam uma proximidade significativa. Este estágio da recordação também abarca suas vivências conjuntas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, adicionando profundidade à complexidade das interações entre essas personagens.

FIGURA 3: Lembranças de Snape: infância

Fonte: Filme Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte II (2011).

Severus Snape nutriu um sentimento amoroso constante por Lily ao longo de sua vida, mesmo ciente de que tal afeição não encontrava reciprocidade. Quando Lily se apaixonou e contraiu matrimônio com James Potter[5], que, além de ser o pai de Harry Potter, revelou-se como um antagonista de Snape desde seus tempos de infância, o amor de Snape por ela perdurou até seus derradeiros momentos. Este amor incondicional se manteve inalterado, apesar das complexidades de sua situação.

Consciente de que o sinistro Lord Voldemort tramava o assassinato de Lily e sua família, incluindo James e o jovem Harry, motivado por uma profecia que predizia que a criança nascida em julho seria a responsável por derrotar Voldemort, Snape tomou a decisão de procurar auxílio junto ao renomado Professor Dumbledore. Seu objetivo era obter suporte para salvaguardar a vida de Lily e sua família diante da ameaça iminente representada por Voldemort.

FIGURA 4: Snape implorando a ajuda de Dumbledore

Fonte: Filme Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte II (2011).

Snape falha na missão de proteger Lily e sua família, resultando no fatídico desfecho que culminou na morte de todos, com exceção de Harry Potter, que emergiu como o único sobrevivente desse trágico evento. No instante em que Lorde Voldemort tenta pôr fim à vida de Harry, um feitiço se reflete de volta sobre o próprio Lorde das Trevas, resultando na transferência de uma porção de sua alma para o corpo de Harry. Esta circunstância, crucial para a trama, estabelece uma conexão profunda entre as duas personagens.

Consciente da existência de sete Horcrux[6] criadas por Lord Voldemort, com Harry inadvertidamente constituindo uma delas, o Professor Dumbledore compartilha seu conhecimento com o Professor Snape. De acordo com a perspicaz estratégia delineada por Dumbledore, para que Voldemort possa ser aniquilado definitivamente, em última instância, Harry e o próprio Voldemort devem se envolver em um duelo, no qual Harry deve ser fatalmente atingido pelas mãos do próprio Lorde das Trevas. Esta revelação fundamental sinaliza o ápice da complexidade narrativa e do dilema moral que permeiam a saga de Harry Potter.

FIGURA 5: Dumbledore contando para Snape que Harry deve morrer

Fonte: Filme Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte II (2011).

Movido por seu afeto por Lily, Severus Snape persistiu em sua empreitada de salvaguardar a integridade de Harry Potter. Nesse contexto, o espectador é confrontado com uma revelação de notável significância: Snape é o detentor do Patrono[7] de Harry Potter. Esta revelação se desvela em uma memória específica, na qual é exposta à veracidade de que Snape desempenhou um papel fundamental na preservação da vida de Harry no terceiro filme da saga Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (Alfonso Cuarón; 2004), desmentindo, assim, a crença anteriormente difundida de que tal façanha havia sido realizada por um dos progenitores de Harry.

FIGURA 6: Snape mostrando para Dumbledore que é o patrono de Harry Potter

Fonte: Filme Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte II (2011).

Uma das reminiscências reveladas de particular significância reside na decisão do Professor Dumbledore de confiar a responsabilidade de seu próprio assassinato ao Professor Snape, em plena consciência de que o assassino se tornaria o detentor leal da lendária Varinha das Varinhas[8]. Consequentemente, esta varinha única demonstra eficácia somente nas mãos do indivíduo que cometeu o homicídio de seu anterior portador. Tal ato é essencial na trama, uma vez que detém implicações fundamentais para o desenrolar dos eventos subsequentes.

Adicionalmente, a narrativa estabelece a importância das Relíquias da Morte: a Varinha das Varinhas, a Capa da Invisibilidade e a Pedra da Ressurreição, ao sugerir que aquele que as possuir se tornará o Senhor da Morte. Neste ponto do enredo, a capa e a pedra encontram-se em posse de Harry Potter, desencadeando uma série de desdobramentos cruciais na trama, à medida que a busca pelo controle dessas relíquias se intensifica.

FIGURA 7: Professor Dumbledore pedindo para o Professor Snape matá-lo

Fonte: Filme Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte II (2011).

Após ter presenciado as revelações do passado por meio das lembranças, Harry Potter opta por empreender sua jornada final em direção ao confronto decisivo, cumprindo, assim, o seu inelutável destino. Consequentemente, a cena dezenove pode ser adequadamente apreciada como uma das sequências mais notáveis e significativas de todo o filme, dada a sua riqueza temática e estética, que contribui de maneira ímpar para o desenvolvimento da narrativa e a conclusão épica da trama.

A montagem na cena dezenove

Entendendo o processo de montagem como o momento de estruturação e organização da narrativa. Define-se que ela é fundamental para um filme, sem ela é como se o filme não tivesse sentido.

Com isso, queremos dizer que a montagem é a articulação de três etapas distintas: a escritura do roteiro, que também chamaremos de peça cinematográfica, a realização, que também chamaremos de encenação da peça, e a seleção e organização dos planos, buscando uma aproximação estrutural com o roteiro; a isso também chamaremos de montagem propriamente dita (LEONE e MOURÃO, 1993, p. 15, grifo do autor).

Através de uma análise minuciosa da montagem presente na cena dezenove do filme (2011), objetiva-se discernir os diferentes tipos de montagem que podem ser identificados nessa sequência específica. Para os autores supracitados (1993) a montagem: 

A montagem afeta diretamente as capacidades emocionais do espectador e, de outro, interfere também diretamente na significação do discurso, pois torna relativos os possíveis sentidos absolutos que têm os planos isoladamente (LEONE e MOURÃO, 1993, p. 49).

A montagem cinematográfica desempenha um papel fundamental na construção de significados para o espectador. A presente análise da montagem da cena dezenove se valerá dos métodos de montagem propostos por Eisenstein, renomado teórico e cineasta, a fim de oferecer uma compreensão mais aprofundada dos recursos utilizados na construção dessa sequência específica. Sobre a montagem métrica:

O critério fundamental desta construção são os comprimentos absolutos dos fragmentos. Os fragmentos são únicos de acordo com seus comprimentos, numa fórmula esquemática correspondente à do compasso musical. A realização está na repetição desses “compassos” (EISENSTEIN, 2002, p. 79, grifo do autor).

Sobre os outros dois tipos de montagem rítmica e tonal, o autor (2002) destaca:

Na montagem rítmica é o movimento dentro do quadro que impulsiona o movimento da montagem de um quadro a outro. Tais movimentos dentro do quadro podem ser dos objetos em movimentos, ou do olho do espectador percorrendo as linhas de algum objeto imóvel. Na montagem tonal, o movimento é percebido num sentido mais amplo. O conceito de movimentação engloba todas as sensações do fragmento de montagem. Aqui a montagem se baseia no característico som emocional do fragmento – de sua dominante (EISENSTEIN, 2002, pp. 81-82, grifo do autor).

Outro método é o da montagem atonal “é organicamente o desenvolvimento mais avançado ao longo da linha de montagem tonal” (EISENSTEIN, 2002, p. 84). E por último tem a montagem intelectual “é a montagem não de sons atonais geralmente fisiológicos, mas de sons e atonalidades de um tipo intelectual, isto é, conflito justaposição de sensações intelectuais associativas” (EISENSTEIN, 2002, p. 86). Após realizar a análise, foram encontradas na cena dezenove dois tipos de montagem: a montagem rítmica e a montagem tonal.

A montagem cinematográfica presente na cena dezenove emerge como um componente intrinsecamente significativo na tessitura narrativa do conjunto de filmes da saga Harry Potter. Sua caracterização como uma montagem rítmica provém da sua habilidade de responder a questões prementes que reverberam ao longo de toda a saga cinematográfica. Esta sequência desempenha um papel crucial ao esclarecer eventos enigmáticos e aparentemente díspares, vinculando-os a um ritmo narrativo coerente.

Este trabalho elucidativo da montagem se torna particularmente evidente ao examinar exemplos específicos, tais como a motivação subjacente à ação da personagem Professor Snape ao assassinar o Professor Dumbledore no sexto filme da saga, Harry Potter e o Enigma do Príncipe (David Yates; 2009). Além disso, a cena também revela a identidade do patrono de Harry Potter, um dado que adquire relevância em seu salvamento no terceiro filme da série.

A montagem da cena dezenove oferece insights cruciais sobre o comportamento subsequente do Professor Snape, ao lançar luz sobre as razões subjacentes que o levaram a permanecer alinhado com os seguidores de Lord Voldemort mesmo após ter perpetrado o assassinato do Professor Dumbledore. Sendo assim, a montagem rítmica da cena dezenove assume um papel de destaque ao elucidar aspectos complexos da trama, contribuindo para a coerência e profundidade da narrativa da saga Harry Potter.

Nesse contexto, com base no autor supracitado (2002), podemos identificar na cena em análise, a montagem tonal, a qual se concentra na avaliação do impacto emocional do fragmento cinematográfico. Nesse sentido, é relevante considerar que a referida cena incita uma gama variada de emoções nos espectadores. Por exemplo, ao revelar que a personagem Professor Snape nutria um profundo amor por Harry e sua mãe, tal revelação provoca uma significativa transformação na percepção da audiência. O Professor Snape, até então retratado como um vilão ao longo da saga cinematográfica, assume uma nova faceta como personagem redentor, resultando na metamorfose das emoções do público, que transmuta da raiva para a piedade. Os sentimentos de tristeza e compaixão em relação à sua morte tornam-se proeminentes.

Portanto, a montagem tonal delineia uma dimensão emocional e psicológica mais profunda do que a montagem rítmica na cena em questão. Ela desempenha um papel crucial na condução das respostas afetivas da audiência e na reconfiguração das percepções sobre as personagens, elevando assim a complexidade narrativa e emocional do filme.

Considerações Finais

Mesmo sem ter previamente imergido nas páginas do livro, ao presenciar a cena de número dezenove do filme Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte II, o espectador consegue discernir de maneira abrangente todos os eventos transcorridos nos filmes anteriores da franquia. A montagem cinematográfica se assemelha a um intricado quebra-cabeça, no qual, à medida que as recordações de Professor Snape se desvelam diante do protagonista Harry, as peças gradualmente se encaixam em um todo coerente. É notável que inúmeros estudiosos tenham se debruçado sobre a análise e compreensão das técnicas de montagem cinematográfica, mas nesta análise foi optado por utilizar uma investigação a partir da perspectiva teórica de Eisenstein, em virtude de sua capacidade singular em explorar a dimensão complementar e emocional que emerge na cena em questão.

As modalidades de montagem rítmica e tonal revelaram-se escolhas extraordinárias para a mencionada sequência. Como um verdadeiro artífice, o montador responsável pela obra despertou nos espectadores as mesmas emoções experimentadas ao absorver a narrativa literária original. Nesse processo, o antagonista converte-se em um protagonista relutante, e o espectador é levado a sentir compaixão por ele, uma transformação notável da inicial revolta para a comiseração. Em suma, nos oito minutos e trinta segundos de duração desta cena, a montagem habilmente concebida proporciona uma compreensão e explanação abrangente dos filmes precedentes da saga, demonstrando, assim, a relevância e a importância intrínseca da arte da montagem cinematográfica.

Referências 

EISENSTEIN, Sergei. (Trad. Teresa Ottoni). A forma do filme. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002.

HARRY POTTER e a Pedra Filosofal. Produção de David Heyman. Burbank (EUA):  Warner Bros Pictures, 2001. 1 DVD (152 min).

HARRY POTTER e as Relíquias da Morte Parte II. Produção de David Heyman, David Barron e J. K. Rowling. Burbank (EUA): Warner Bros Pictures, 2011. 1 DVD (130 min).

HARRY POTTER e o Enigma do Príncipe. Produção de David Heyman e David Barron. Burbank (EUA): Warner Bros Pictures, 2009. 1 DVD (153 min).

HARRY POTTER e o Prisioneiro de Azkaban. Produção de David Heyman, Chris Columbus e Mark Radcliffe e J. K. Rowling. Burbank (EUA): Warner Bros Pictures, 2004. 1 DVD (142 min).

LEONE, Eduardo; MOURÃO, Maria Dora. Cinema e Montagem. São Paulo: Ática S.  A, 1993.

METZ, Christian. A significação do cinema. São Paulo: Perspectiva, 1972.

ROWLING, Joanne, K. Os Contos de Beedle, o Bardo. Rio de Janeiro: Rocco, 2008.

ROWLING, Joanne. K. Harry Potter e a Câmara Secreta. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

ROWLING, Joanne. K. Harry Potter e a Ordem de Fênix. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.

ROWLING, Joanne. K. Harry Potter e a Pedra Filosofal. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

ROWLING, Joanne. K. Harry Potter e as Relíquias da Morte. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.

ROWLING, Joanne. K. Harry Potter e o Cálice de Fogo. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.

ROWLING, Joanne. K. Harry Potter e o Enigma do Príncipe. Rio de Janeiro: Rocco, 2005.

ROWLING, Joanne. K. Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban. Rio de Janeiro:  Rocco, 1999.

TIFFANY, John. Harry Potter e a Criança Amaldiçoada. Rio de Janeiro: Rocco, 2016.

XAVIER, Ismail. O olhar e a cena. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.


[1] Doutoranda e Mestra em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (PPGCom/UTP). Bolsista PROSUP/CAPES. E-mail: annacsoares95@gmail.com

[2] Atualmente a saga está com oito livros: 1. Harry Potter e a Pedra Filosofal (1997); 2. Harry Potter e a Câmara Secreta (1998); 3. Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (1999); 4. Harry Potter e o Cálice de Fogo (2000); 5.  Harry Potter e a Ordem de Fênix (2003); 6. Harry Potter e o Enigma do Príncipe (2005); 7. Harry Potter e as Relíquias da Morte (2007) e 8. Harry Potter e a Criança Amaldiçoada (2016).

[3] Essa cena foi escolhida por ser uma montagem que responde questionamentos de todos os filmes da saga Harry Potter.

[4] É uma bacia de pedra que serve para rever lembranças, pertencia ao falecido professor e diretor de Hogwarts: Albus Percival Wulfric Brian Dumbledore.

[5] Na versão brasileira é Tiago Potter.

[6] É um objeto criado por meio das Artes das Trevas, que guarda um pedaço da alma do bruxo que a criou. Para partir sua alma, o bruxo deve matar um ser humano. Uma vez que a Horcrux é feita, ela serve de salva-vidas, mesmo que seu corpo seja destruído, sua alma não pode partir, então ele se torna imortal.

[7] O Feitiço do Patrono (Expecto Patronum) é um dos encantos defensivos mais poderosos conhecidos. Evoca uma força de energia positiva parcialmente tangível conhecido como um Patrono ou guardião espírito.

[8] Também conhecida como Varinha Anciã, Varinha do Destino e Varinha da Morte, é uma das Relíquias da Morte. Considerada a mais poderosa varinha que já existiu, capaz de realizar proezas de magia que normalmente seriam consideradas impossíveis.

Author Image

RUA

RUA - Revista Universitária do Audiovisual

More Posts

RUA

RUA - Revista Universitária do Audiovisual