A Representação do objeto ventilador no filme O Palhaço

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Vanessa Paula Trigueiro Moura*

RESUMO

Busca-se, a partir da análise fílmica, compreender a representação do ventilador no longa-metragem O Palhaço, dirigido, estrelado e roteirizado por Selton Mello. Considerando aspectos ligados ao imaginário do personagem principal da trama cinematográfica, a relação do ventilador com o desenvolvimento da narrativa vai sendo desvendada a partir da evolução do roteiro. O presente artigo realiza a descrição das cenas em que o ventilador aparece como elemento valorizador da trama. É abordado o valor simbólico do objeto representado dentro da própria narrativa audiovisual em detrimento do efeito da representação sobre o público. Entende-se o papel das representações visuais no contexto do audiovisual, bem como a implicação das significações imagéticas nas narrativas cinematográficas.

INTRODUÇÃO

O longa metragem O Palhaço, dirigido, estrelado e roteirizado (em parceria com Marcelo Vindicatto) por Selton Mello narra a trajetória de uma trupe circense chamada Esperança. O filme relata a vida e as dificuldades de uma classe artística brasileira e apresenta os bastidores dos espetáculos do circo na turnê pelo interior de Minas Gerais. Neste ambiente, relata-se uma crise de identidade vivenciada por Benjamin (Selton Mello), que no picadeiro interpreta o palhaço Pangaré, protagonista do longa juntamente com Valdemar (Paulo José), o palhaço Puro-Sangue. No interior dessa narrativa, a presença de um objeto, o ventilador, surge como elemento intrigante de representação simbólica.

O processo de significação ao qual o ventilador está ligado parte da subjetividade possibilitada pelas interpretações diversas de acordo com a percepção e repertório cultural do receptor. Por não se tratar de uma leitura denotativa, o objeto trazido por O Palhaço foge de uma padronização simbólica e mesmo sendo apresentado como elemento chave da narrativa, deixa livre ao imaginário do público a construção de seu sentido.

A partir de conceitos trazidos por Santaella (2005) entende-se a relação da imagem do ventilador com a cognição semiótica representada no cenário audiovisual proposto pela narrativa do filme O Palhaço. Seguem-se também conceitos de Aumont (1993), dos estudos da imagem e de sua representação no contexto audiovisual, além de Flusser (2007) sobre o potencial das representações imagéticas e Dondis (1997) a respeito do repertório pessoal no processo de interpretação de imagens. A fusão do contexto social e simbólico no campo audiovisual nos permite aprofundar a análise do ventilador como objeto representado na trama. O imaginário e o conflito vivenciado pelo personagem principal, Benjamin, relaciona-se com a representação do objeto analisado de maneira paradoxal, como elemento de complicação e resolução da trama cinematográfica.

O presente artigo limita-se, portanto, a uma análise fílmica para que a representação de um objeto, o ventilador, inserido no interior de uma narrativa audiovisual, seja desvendada de acordo com o processo de significação ao qual ele pertence.

REPRESENTAÇÕES VISUAIS

O conjunto de imagens cinematográficas é constituído por fotografias em movimento. Um encadear de imagens em um constante processo de adição de elementos técnicos e construção de linguagem a partir de uma estética montada pelos diretores responsáveis por critérios visuais e sonoros. A montagem cinematográfica é realizada de forma linear com uma união de planos visuais que engloba o trabalho técnico de enquadramento e movimentação de câmeras.

Elementos como cor e iluminação são aliados importantes na busca pela construção da intencionalidade de uma narrativa visual. Ligados ao roteiro e à técnica fotográfica de composição de imagens, a montagem dos quadros cinematográficos alicerçam o sentido dos produtos audiovisuais.

A amplificação dos sentidos da narrativa visual vai sendo posta de acordo com a inserção de elementos simbólicos no interior das obras. A utilização de objetos responsáveis por representações conotativas enriquecem a experiência da decodificação e quebram a estrutura simplista de produtos lineares imersos em representações denotativas, nos quais seu completo significado encontra-se dado na própria imagem, processo que acarreta a privação da reflexão e construção de sentido também pelo receptor.

Quando a referencialidade é direta, isto é, quando as mensagens indicam sem ambiguidade, no mundo existente, aquilo a que elas se referem, estaremos falando em índices. Quando as mensagens têm o poder de representar ideias abstratas, convencionais, estaremos falando de símbolos (SANTAELLA, 2005, p. 49).

As representações simbólicas na narrativa audiovisual aparecem no contexto em que são inseridas as imagens, em um momento pós-texto. A partir de Flusser temos a afirmação de que “a escrita é meta-código da imagem” (FLUSSER, 1985, p. 08). A escrita abriga atrás de si o processo de abstrações imagéticas, ou seja, a absorção do conteúdo programado pelo código linear textual resulta em uma imagem configurada por um sistema de signos inseridos no padrão não-linear. Surge desta ideia a flexibilidade imagética das representações e dos símbolos, que permitem ao emissor, bem como ao receptor, interpretações múltiplas a partir de uma intencionalidade. A tradução dos valores conotativos empregados nas representações imagéticas resume-se, portanto, na tentativa de esclarecer, de tornar denotativo, o conceito que alicerça a imagem, esteja ela no âmbito visual ou audiovisual.

Com base em Flusser (2007) a criação imagética necessita, inicialmente, de uma fase de abstração, na qual se exerce o afastamento dos significados denotativos, do mundo objetivo propriamente dito. Nesta fase, o processo criativo que trabalha o surgimento das representações traz novas representações à superfície das imagens que, por sua vez, traz ao receptor a experiência de exercício do subjetivo, tão vasta quanto a amplitude do seu repertório social. Ainda sobre a relação próxima entre o repertório do espectador e a referencialidade visual do produto veiculado, segundo Dondis, o “[…] modo como encaramos o mundo, quase sempre afeta aquilo que vemos. O processo é, afinal, muito individual para cada um de nós. O controle da psique é frequentemente programado pelos costumes sociais” (DONDIS, 1997, p. 19). Atrelados a esses costumes, está o repertório do receptor, que aparece como fator determinante no processo de interpretação e na construção de sentido realizada pela representação de elementos subjetivos na narrativa fílmica.

Trazendo estas percepções para a narrativa visual em análise – o filme O Palhaço – entende-se que funcionando como um mediador de um significado presente no imaginário do personagem Benjamin, a representação simbólica do ventilador enriquece o potencial polissêmico das cenas sempre que a imagem do objeto encontra-se presente.

O objeto é algo distinto do signo e isso explica porque o signo não pode substituir inteiramente o objeto, pode apenas entrar no lugar do objeto, representa-lo e indica-lo para a ideia ou interpretante que o signo produz ou modifica. Isso significa que a ação do signo só pode se completar quando o signo determinar um interpretante, isto é, quando o signo for interpretado. (SANTAELA, 2005, p. 191).

A representação no contexto audiovisual, como função semiótica de consciência e de conteúdo, parte da criação de imagens cinematográficas dotadas de diferentes níveis de codificação.  O domínio dos códigos pelo receptor se dará a partir da compreensão das alusões feitas a partir dos demais elementos inseridos na narrativa. Para Flusser “um código é um sistema de símbolos. Seu objetivo é possibilitar a comunicação entre os homens. Como os símbolos são fenômenos, a comunicação é, portanto, uma substituição: ela substitui a vivência daquilo que se refere” (FLUSSER, 2007, p. 130).

Se a imagem contém sentido, este tem de ser “lido” por seu destinatário, por seu espectador: é todo o problema da interpretação da imagem. Todos sabem, que por experiência direta, que as imagens, visíveis de modo aparentemente imediato e inato, nem por isso são compreendidas com facilidade, sobretudo se foram produzidas em um contexto afastado do nosso. (AUMONT, 1993, p. 250).

A função referencial dos signos na imagem ocorre, portanto, a partir de elementos representativos, produtores de sentido. Tal produção destaca-se nos processos de codificação e decodificação da mensagem, ambos ligados diretamente ao repertório social, cultural do produtor – imerso em sua intencionalidade – e do receptor, apto a reconfigurar o sentido de acordo com seu processo de interpretação.

DESCRIÇÃO E ANÁLISE

Para identificar a forma com que a representação simbólica do ventilador é abordada no longa-metragem, o presente artigo traça um panorama geral da narrativa do filme O Palhaço.

O método de análise das cenas do produto audiovisual é utilizado para apresentar um cenário quantitativo da aparição do ventilador, objeto em análise, durante o desenvolvimento do enredo do filme. A identificação das cenas em que o ventilador aparece ou é mencionado, torna perceptível a importância do elemento na construção da narrativa fílmica. As cenas analisadas seguem como etapa descritiva, na qual o processo de significação parte da subjetividade possibilitada pelas interpretações diversas de acordo com a percepção e repertório cultural do receptor – neste caso, a autora do estudo.

Em uma das primeiras cenas do filme a palavra “ventilador” é pronunciada por um dos membros da trupe – essa primeira inserção do objeto na narrativa ocorre aos 05’1. A frase cê devia ter um ventilador é dita de forma provocante, quase sussurrada no ouvido de Benjamim, o deixando inquieto e pensativo sobre a possibilidade de adquirir o bem de consumo.

Frame referente ao momento de 05’ do filme O Palhaço.

O fator que agrega ao ventilador a representação de elemento responsável por iniciar o conflito interior de Benjamin está ligado à personagem Lola (Giselle Mota), que pronunciou a frase e assume no enredo do filme o papel que representa o arquétipo2 do vilão. Apresentada de forma misteriosa, inicialmente questiona-se a paixão dela pelo ambiente circense e, em seguida, é descoberto que a personagem rouba parte do dinheiro que seria destinada ao pagamento da trupe.

Após ser notificado de inúmeros problemas pendentes a respeito do circo, Benjamin, ao ficar sozinho na área externa do ambiente circense, tem uma alucinação e vê, pela primeira vez após a provocação de Lola, um ventilador. Fruto de sua imaginação, o delírio vem reafirmar que a imagem do objeto estava presente em seu imaginário. A cena acontece aos 15’32’’, tem duração de 05’’ e passa a representar o momento de reflexão do personagem.

Frame referente ao momento de 15’32’’ do filme O Palhaço.

Na cena em que a trupe encontra-se almoçando na casa do prefeito da cidade, que sediava o primeiro espetáculo, no momento em que todos conversam e confraternizam durante a refeição, Benjamin aparece em cena com ar de hipnotizado. Aos 19’13’’ outro ventilador é apresentado, localizado no chão da sala de jantar. Volta-se o enquadramento ao rosto de Benjamin, que aparece concentrado, olhando para o ventilador e novamente, aos 19’22’’ o ventilador é mostrado. Entre a primeira e a última aparição do ventilador na cena descrita, o objeto mantém-se no foco da trama por mais 13’’.

A cena iniciada em 39’16’’ corresponde à próxima aparição do objeto. Logo após a chegada do circo em outro município, a trupe realiza uma pré-apresentação no centro da cidade, para divulgar o espetáculo circense. Durante as encenações, Benjamin se distrai ao ver na calçada de uma loja de eletrodomésticos uma exposição de alguns modelos de ventiladores. A cena tem a duração de 07’’, sendo finalizada em 39’23’’.

Frame referente ao momento de 39’23’’ do filme O Palhaço.

Na sequência do enredo, aos 40’19’’, Benjamin segue até o centro da cidade para tentar adquirir um ventilador. Ao chegar à loja, um diálogo é traçado entre o personagem principal da trama e o vendedor. Benjamin indaga sobre a possibilidade de parcelamento da compra e o vendedor responde que é possível apenas caso ele esteja portando identidade, CPF e comprovante de residência. A cena dura 18’’ e vai delimitando um quadro de autorreflexão do personagem. A resposta do vendedor, a vontade de possuir o ventilador e a inquietação interior de Benjamin somam-se e intensificam a crise de identidade por ele já vivenciada. Nesta fase do filme, o conflito interno de Benjamin encaminha-se para uma fase decisiva, de abandonar a trupe para buscar sua própria identidade, experimentar, pela primeira vez, uma vida fora do ambiente circense e redescobrir o seu papel social.

Frame referente ao momento de 40’19’’ do filme O Palhaço.

Aos 52’23’’ durante a cena em que parte da trupe encontra-se na delegacia, prestando esclarecimento ao delegado da cidade sobre um episódio por eles vivenciado, Benjamim passa a prestar atenção no ventilador de parede da sala. Em mais um caso de alucinação, o personagem imagina o ventilador ligado aumentando a velocidade de rotação de suas palhetas no decorrer da cena e produzindo uma ventilação direcionada ao próprio Benjamin. Com os cortes de edição entre os enquadramentos de plano médio em Benjamin e os enquadramentos voltados ao ventilador, demarcando o momento de interação entre ambos, a cena tem a duração de 16’’.

Durante o espetáculo, ao interagir com o prefeito e a primeira dama, como de costume nas apresentações do circo, Benjamin, em cena no picadeiro como o palhaço Pangaré, vivencia um terceiro momento de delírio com a imagem de ventiladores. A cena ocorre aos 55’56’’, na qual foi utilizado um efeito de edição que resultou em uma imagem granulada e desfocada, reforçando a ideia da alucinação. A cena segue e Benjamin continua com seu senso de orientação alterado. Aos 56’07’’ o personagem imagina ver outros ventiladores espalhados pela plateia e a cena é finalizada aos 56’09’’, quando o palhaço Puro-sangue improvisa um quadro de embriaguez para justificar a postura do palhaço Pangaré no picadeiro.

Frame referente ao momento de 55’56’’ do filme O Palhaço.

Com o decorrer da história, Benjamin abandona a trupe circense e segue em busca de um endereço pessoal e profissional fixo. Já alocado na cidade de Passos, Benjamin busca um emprego de atendente em uma loja do setor de eletrodomésticos. Em 01h05’49’’, pelos reflexos no vidro do balcão é possível perceber ventiladores e aparelhos de som nas prateleiras da parte interna da loja. Ao buscar informações sobre o trabalho, Benjamin novamente recebe a resposta de que é preciso portar identidade, CPF e comprovante de residência.

Na cena referente à 01h07’45’’ Benjamim, após adquirir toda a documentação necessária, começa a trabalhar em seu novo emprego na loja de eletrodomésticos e encontra-se rodeado de ventiladores. Nesse primeiro momento o trabalho parece monótono e Benjamin não parece compreender ainda o seu papel social naquele local. A cena em questão tem a duração de 09’’.

Frame referente ao momento de 01h07’45’’ do filme O Palhaço.

Antes de seguir a análise, uma cena do início do filme precisa ser mencionada para que uma referência inserida a seguir seja compreendida. Após a primeira apresentação da trupe, nas cenas inicias do longa, uma mulher desperta a curiosidade de Benjamin. Apresentando-se como Ana, a moça o convida para levar o espetáculo circense até Passos, uma cidade próxima, também no interior de Minas Gerais e, em seguida, cita o nome da loja em que trabalha: Aldo Autopeças. No instante equivalente a 01h08’35’’, Benjamin entra na loja Aldo Autopeças em busca de Ana. As peças expostas na parede após o balcão estão organizadas em formato circular, com aspecto de palhetas de ventilador, o que se caracteriza como um índice remissivo ao elemento chave do filme O Palhaço. A cena tem pouco mais de um minuto e se encerra em 01h09’39’’.

Frame referente ao momento de 01h08’35’’ do filme O Palhaço.

Logo na cena seguinte, Benjamin encontra-se na posição de vendedor da loja de eletrodomésticos, do lado de dentro do balcão, assumindo uma posição em que nunca estivera antes e respondendo o que já havia escutado de outros vendedores sobre a compra parcelada dos produtos: identidade, CPF e comprovante de residência.

A cena em 01h10’14’’ introduz um encontro de Benjamin com colegas do novo trabalho. O ventilador de teto aparece durante 04’’ e, em seguida, o personagem aparece pensativo, em plano médio, olhando para cima, na direção do ventilador. Essa fase já consiste no descomplicar da trama, quando Benjamin está em um novo processo de reflexão, pensando nas suas atuais atividades e em como era sua vida no circo. Há a descoberta de que sua identidade permanece no ambiente circense, por mais que novos ares tenham sido vivenciados.

Aproximando-se do momento final do filme, a cena seguinte em que o ventilador aparece é a de 01h11’38’. A partir deste momento se tem início uma sequência de cenas que deixa explícito um caráter de continuação. Trata-se de Benjamin viajando com um ventilador, com uma aparente leveza de quem conseguiu encontrar sua real identidade. Inicia-se com Benjamin e o ventilador na garupa de uma bicicleta, seguida por uma cena de ambos em um carro de passageiros e, por último, na parte traseira de um caminhão. Nessa última já é possível rever Benjamin como palhaço, satisfeito em fazer rir duas mulheres que também seguiam viagem. A cena completa tem duração de aproximadamente 02’.

Frame referente ao momento de 01h13’10’’ do filme O Palhaço.

Por fim, a última cena em que o ventilador aparece em O Palhaço é justamente a última cena do filme. Trata-se de um plano sequência que passa por toda a extensão do circo, chegando finalmente ao lugar onde dormem os artistas. Em 01h21’12’’ o ventilador entra em cena em um movimento de zoom in, no último quadro do longa, que tem duração de 12’’.

Após o processo de descrição das cenas em que o ventilador aparece como elemento chave da narrativa, a fase da análise possibilita a identificação do sentido produzido pela imagem do objeto. No decorrer da análise fílmica a representação simbólica do ventilador vai sendo desvendada a partir da desconstrução da crise emocional do personagem principal do filme. O ventilador surge como um elemento simbólico intensificador da problemática da narrativa. Durante o conflito psicológico vivenciado por Benjamin, o desejo de comprar um ventilador é intensificado juntamente com a necessidade da descoberta de sua real identidade. Para que ambos sejam realizados, Benjamin passa pela experiência de ter um endereço pessoal e profissional fixo.

A oscilação circular do objeto cênico, foco do presente artigo, representado pelas voltas que compõe o movimento do ventilador sintetizam seu simbolismo no filme, assim como as voltas dadas pelo personagem Benjamim durante seu conflito psicológico. Ainda refletindo a representação do objeto, ao final do filme Benjamin fecha seu ciclo com uma volta completa e encontra-se no mesmo

lugar de onde partiu, no entanto, passa a vivenciá-lo sobre outra perspectiva.

O ventilador torna-se, por fim, um elemento simbólico da busca pela real identidade do personagem, revelando-se, um dispositivo chave para que Benjamin percebesse, após as novas experiências vivenciadas, que sua vida e sua identidade permaneciam no ambiente circense.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisar a representação e seu processo de significação dentro do próprio contexto audiovisual em detrimento do efeito da representação sobre o público possibilita o entendimento do contexto social e simbólico das imagens cinematográficas. Dessa forma, o presente estudo limitou-se a abordar o representado, partindo da existência de um elemento chave de representação simbólica no interior da narrativa de O Palhaço.

O ventilador, objeto em análise, apareceu como elemento de significação conotativa, rodeado de abstrações próprias da produção imagética. Intensificador de um sentimento responsável pela condução da narrativa torna-se ainda elemento chave de uma representação simbólica. Sua função referencial abre espaço para diversas interpretações, leituras sobre o seu papel real na história do filme, que só serão possíveis de acordo com o repertório do público no processo de compreensão do objeto como código.

*Vanessa Paula Trigueiro Moura é graduanda em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

NOTAS

1. As marcações temporais das cenas analisadas correspondem ao tempo decorrido no produto audiovisual como um todo, contando com a inserção das informações de patrocinadores e apoiadores e dos créditos iniciais.

2. Os arquétipos são formas de apreensão, e todas as vezes que nos deparamos com formas de apreensão que se repetem de maneira uniforme e regular, temos diante de nós um arquétipo, quer reconheçamos ou não o seu caráter mitológico. (JUNG,1984, p. 141).

REFERÊNCIAS

AUMONT, Jaques. A imagem. Campinas, SP: Papirus, 1993.

DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

FLUSSER, Villém. Filosofia da caixa preta. São Paulo: Editora Hucitec, 1985.

_____. O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

JUNG, C. G. A dinâmica do inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1984

SANTAELLA, Lúcia. Matrizes da linguagem e pensamento: sonora, visual, verbal. São Paulo: Iluminuras, 2005.

_____. Semiótica aplicada. São Paulo: Pioneira Thomson Leraning, 2005.

FILMOGRAFIA

O Palhaço (2011). Direção: Selton Mello. Duração. Duração: 90min. Roteiro: Selton Mello e Marcelo Vindicatto.

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