Por: João Cardoso
Cineclube “Da RUA ao CAIS”
No início da década de 2020 a Pixar apostou em uma série de histórias pessoais e autorais, apostando também em novos criadores para levar essas narrativas para a tela. Dentre essas obras recebemos, Luca (Enrico Casarosa, 2021), o vencedor do Oscar de melhor animação Soul (2020, Pete Docter e Kemp Powers) e o filme da última sessão de setembro do cineclube Da RUA ao CAIS, Red, Crescer é uma Fera (2022, Domee Shi).
A característica pessoal se apresenta na narrativa que se passa no núcleo de uma família de imigrantes chineses no multicultural Canadá do início do século XXI, espaço em que tanto a diretora, quanto Meilin Lee, protagonista do filme, cresceram. No entanto (ao que tudo indica) diferentemente da diretora, Meilin descobre que ao experienciar sensações muito fortes, se transforma em um panda vermelho gigante. Uma clara alusão às mudanças geradas pela entrada na puberdade e, em especial, a menstruação.
Em Red, Crescer é uma Fera, o corpo e os desejos ganham foco principal, tanto Meilin, quanto seu grupo de amigas têm de lidar com a conturbada entrada na adolescência, um momento de muitos questionamentos e dores, mas que no filme é trabalhado de maneira leve e divertida, afinal ainda é um filme para o público infantil, mas sem deixar de lado a seriedade que o assunto precisa. Amores, sexualidade, sonhos, o fim da infância, tudo isso está presente ao longo do filme, que ainda aproveita a estética da imigração chinesa para brincar com uma série de referências da cultura popular do leste asiático.