Cobertura SeIS.14 – 1º DIA: Chá da SeIS: Sexo e Cinema – existem limites entre cinema e pornografia, com Jorge Leite e Rodrigo Gerace

*Por Isabella Herling

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O primeiro Chá da SeIS da 14ª Semana da Imagem e Som trouxe o Professor Doutor Jorge Leite Junior e o sociólogo Rodrigo Gerace para discutir sobre o conceito de pornografia, como ele foi variando ao longo do tempo, e também sobre sua relação com o cinema. Jorge começa a discussão contando como surgiu o conceito de pornografia, que nada mais foi do que a criação de uma separação entre o que ofendia a moralidade vigente e o que não ofendia. Ele afirma que pornografia virou um termo usado para o tipo de nudez que chocava, que agredia o pensamento dominante do século XIX, que se colocava contra os dogmas cristãos. O professor dá continuidade ao assunto revelando que muitas artes antes consideradas pornográficas, atualmente não são mais, apontando o quão vaga é a classificação “pornografia”, seja no cinema, na música ou na literatura.

Rodrigo dá continuidade a discussão, corroborando a ideia de que “pornografia” é um conceito inventado, que vai mudando ao longo do tempo. Ele também explicita que querer denominar o que é pornográfico e o que não é, é querer delimitar campos de representação sexual. Rodrigo apresenta ao público vários curtas considerados pornográficos, reforçando a questão de que o conceito de “pornografia” é extremamente mutável: se em 1896, um curta-metragem que exibisse um beijo como “The Kiss” de Thomas Edison, era considerado “um caso de polícia”; hoje em dia é visto em qualquer filme ou novela, sem causar qualquer assombro.

Os palestrantes também traçam um panorama envolvendo o sexo e a religião, sobre como nas religiões ocidentais cristãs houve sempre um embate entre eles. E é justamente esse embate que leva a sociedade do século XIX (que vive sobre uma moral cristã) começar a catalogar as cenas de sexo no cinema entre aquilo que era permitido, a arte erótica; e aquilo que eles consideravam transgressor: a pornografia.

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Rodrigo questiona o motivo pelo qual mostrar sexo explícito seja considerado transgressor, elucidando que isso só é transgressor em uma sociedade em o que o sexo é um tabu. E mesmo numa sociedade como essa, mostrar cenas de sexo explícito não necessariamente é uma transgressão, pois ele pode estar carregado de estereotipagem e preconceitos (com mulheres, pessoas negras, pessoas não-heterossexuais); só reforçando relações de opressão numa sociedade que apesar de insinuar e mostrar o sexo a todo instante, não se preocupa em discutir como isso é mostrado e quais as consequências que isso traz.

Após a discussão inicial, os palestrantes abriram espaço para perguntas, debatendo com o público questões como a visão que se tem do cinema pornográfico, a representatividade feminina nos filmes nesses filmes, e sobre formas de pornografia que fogem do mainstream e do convencional.

Confira a programação:  SeIS.14: O Corpo no Audiovisual

Resumo do Dia:

Mais Fotos por Lara Cosan

* Isabella Herling é graduando do curso de Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos e editora da RUA nas seções Entrevistas e Cobertura

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