Cobertura SeIS.14: – 2° DIA: Palestra: Musica no Cinema – Linguagem: Modalismo, tonalismo e atonalismos, com Mauricio Monteiro

*Por Luan Reis

“O cristianismo não prepara o indivíduo para a vida, mas sim para a morte.”

10175063_627204710691558_895401147023586190_n

Esta frase dita pelo próprio Maurício Monteiro, ilustra de maneira adequada sua palestra sobre “Música no Cinema – Linguagem: Modalismos, tonalismos e atonalismos”. A questão religiosa foi quem encaminhou Maurício para a música, fazendo das igrejas de Ouro Preto o primeiro cenário de contato do musicólogo com o canto.

No momento seguinte, Monteiro retorna ao tema religioso, lançando sua teoria de que, coincidentemente ou não, é no momento do massacre colonizador (como o mesmo prefere referir à chegada e exploração dos povos ibéricos na América) sofrido pelo continente americano, que o sistema tonal vai se firmar como gramática musical na Europa. E é justamente essa linguagem que será responsável por dominar os nativos americanos.

Maurício segue explicando que a música tonal é reconhecidamente um sistema que se baseia em expectativa, tensividade e solução. Ora, existe meio mais eficiente e sedutor do que a linguagem musical dotada de caráter universal e evanescente que promete solução e prosperidade? Para o palestrante, os ameríndios foram seduzidos pela possibilidade de solução característica dos acordes tonais dos cantos religiosos ensinados e cantados pelos colonizadores. É essa expectativa de paraíso, de morte como solução, que teria feito a colonização do México ao círculo do fogo.

1959475_627204430691586_1715218667243556652_n

O palestrante explica que há três sistemas musicais: o modal, o tonal e o atonal; o primeiro está à procura da gramática musical, o segundo é a racionalização dessa gramática e o terceiro é responsável por negar a gramática musical tonal.

O cinema entra como meio de comunicação que se beneficia da capacidade musical de provocar sentimentos, de afetar, de sugerir sensasões, etc. Monteiro se contrapõe a ideia de que a música no cinema é apenas um mecanismo responsável por criar clima e, para sustentar sua ideia, o palestrante apresentou o quão importante Lascia Ch’io Pianga de Hengel é importante para criar a sensação de tensão e arrependimento em Anticristo de Lars Von Trier.

Maurício executou a famosa sequência de apresentação do personagem Darth Vader com Crazy de Willie Nelson, ao invés da famosa The Imperial March composta por John Williams, de modo a exemplificar a importância de uma composição na construção de uma cena ou de um personagem.

10252129_627204394024923_7089463984392680476_n

Outro ponto levantado pelo musicólogo foram as famosas parcerias de cineastas e seus compositores de trilhas, a exemplo de Fellini e Nino Rota, Hitchcock e Bernard Herrmann, Spielberg e John Williams, entre outras saudosas duplas que conseguiram eternizar cenas por saberem utilizar o efeito sonoro correto no momento certo.

Maurício, já no final da palestra, esclarece como se dá a recepção sonora dentro da estrutura auricular e explica que “[…] a música só cria sentido quando deixa de ser música” e passa a ser impulso nervoso dentro do cérebro. Talvez seja esse o porquê de algumas trilhas serem tão memoráveis, elas deixam de serem ondas mecânicas e se transformam no objeto subjetivo de nossas lembranças.

Confira a programação:  SeIS.14: O Corpo no Audiovisual

Resumo do Dia:

Mais fotos por Marlonn Albuquerque e Eric Escolastico

*Luan Reis é graduando do curso de Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos e editor na Seção Curtas

 

Author Image

RUA

RUA - Revista Universitária do Audiovisual

More Posts

RUA

RUA - Revista Universitária do Audiovisual

Deixe uma resposta