CRÍTICA | Vampire Hunter D: Bloodlust (2000), Yoshiaki Kawajiri

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Por: Miguel Carreto

Redação RUA

Quando se assiste um filme que mistura tantos elementos ficcionais, estéticos e narrativos, não é incomum sair embasbacado ou então simplesmente com uma sensação de estranhamento em relação à história e a experiência, entretanto, Vampire Hunter D: Bloodlust (2000) é uma exceção à essa quase norma, mantendo se coeso enquanto deixa que seus aspectos independentes variem em número, grau e gênero.

A trama principal do filme gira em torno do clássico conto do herói que precisa resgatar a princesa do castelo do vilão. O herói em questão é D, um “dampiro” (híbrido de humano com um vampiro) mercenário e, como diz o título, caçador de vampiros. O protagonista é contratado por um homem, John Elbourne, que envia D para o resgate de sua filha, sequestrada pelo Barão vampiro Meier Link. Esteja ela viva, como humana, ou morta, caso transformada em vampiro.

Entretanto, outro grupo de mercenários, contratado pelo filho de Elbourne, são mandados com o mesmo objetivo que D, e apenas uma das duas recompensas seria entregue. A partir disso, o longa toma o rumo de mostrar não só a operação de resgate em si, mas também a corrida e a oposição entre os dois grupos que correm em direção ao mesmo objetivo.

Durante a jornada, após desencontros com guarda-costas contratados pelo Barão, D, encontra-se com Leila, pertencente ao outro grupo de mercenários, onde desenvolvem um entendimento mútuo um pelo outro e fazem uma promessa, a de comparecer ao funeral daquele que morrer primeiro. Após a conversa, Leila retorna a seu grupo e ambos partem para o castelo de Carmilla, o aparente destino final de Meier Link.

O longa do começo do século conta com um charme estético, tendo uma variedade enorme de cenários, sejam internos ou externos, mas que ainda conseguem se manter coesos no que diz respeito à estética geral e à ambientação bem feita, nada parece fora de lugar ou forçado para dentro da narrativa, mesmo que acabem sendo utilizados para uma única cena.

A grande quantidade de personagens em seus designs diversificados traz ainda mais vida para um universo rodeado de mitologia já existente, mas a coesão e a forma como cada monstro ou caçador é o que consegue fazê-los fluírem bem como um todo.

A história, por mais que se baseie em contos já contados várias vezes e uma espécie de fórmula de roteiro também não é nada de se achar ruim, inclusive, é genuinamente imprevisível, mesmo que em alguns momentos pareça que vai esbarrar em algum clichê ou ficar batida (e, bem, não fica).

As motivações e histórias de cada um dos participantes dessa jornada vão sendo reveladas e desenvolvidas conforme o tempo perfeito de duração decorre, e o ritmo pautado por uma alternância entre ação e calmaria fazem com que não haja um sequer momento em que se queira avançar para a próxima cena ou ver quanto tempo ainda falta para a obra acabar.

O meio artístico animado é a escolha perfeita para contemplar algo tão criativo e variado, que mesmo que pudesse ser replicado com efeitos no live action, não compensaria com nenhuma cinematografia a delicada, e ao mesmo tempo brutal, forma como cada fundo e personagem é desenhado, a qual torna os frames do longa quase todo dignos de serem pendurados como quadros, ou ao menos, revisitados.

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