Por Henrique Rodrigues Marques*
Finalizando o primeiro dia de 7ª SUA, ocorreu a sessão de abertura, que foi, provavelmente, o evento mais pontual do dia, com apenas 10 minutos de atraso causados pelo excelente debate sobre curadoria que aconteceu no mesmo auditório.
Com a temática “O Processo e o Produto” e o objetivo geral da semana, de refletir o processo de criação enquanto etapa tão importante quanto o produto final no audiovisual, a escolha de exibir o filme Avanti Popolo se torna mais do que coerente. A obra do diretor Michael Wahrmann foi premiada no festival de Roma e tem sido aclamada em mostras pelo mundo desde então. Para os cinéfilos e estudantes de audiovisual brasileiro, o filme acaba tendo um sabor ainda mais especial, já que o filme é estrelado por Carlos Reichenbach, em seu último trabalho no cinema, e pelo mestre André Gatti que foi professor do próprio Wahrmann. A construção do filme é bastante experimental, aliada a um ritmo sutil e muitas referências metalinguísticas. É uma obra sobre memória, afeto e uma carta de amor ao cinema. Uma rica fonte para longos debates e interpretações.
No entanto, a curadoria do evento peca ao inserir a sessão como último evento do primeiro dia de programação. Com a chegada da maioria dos participantes essa manhã, uma tarde quente, alguns inevitáveis atrasos, muitas malas sendo carregadas e barracas sendo montadas, fica difícil esperar que alguém estivesse completamente apto a ver o filme com a atenção e cuidado que ele merece. Isso sem contar que algumas oficinas e debates já aconteceram nessa tarde, deixando a tarefa de encontrar um tempo para descansar quase impossível. O cansaço geral era palpável. No entanto, um número considerável de corajosos espectadores compareceu a sessão, muitos, acredito que, como eu, motivados pelo prometido debate com o próprio Gatti. Mas devido ao horário, o encontro foi muito breve e o público não pode fazer perguntas.Uma pena que uma oportunidade extraordinária como essa não tenha atingido todo seu potencial. Mas em suas poucas palavras, Gatti contou um pouco sobre a sua relação assaz pessoal com o projeto, sua primeira aventura como ator e o aprendizado de se trabalhar com um aluno seu. Com seu imenso bom humor, manteve o clima descontraído e arrancou gargalhadas do público.
Numa análise geral do dia de abertura, a Semana se inicia com o pé direito e, apesar do cansaço, encerro o dia com a sensação de ter vivido muitas experiências produtivas. E a certeza de que tudo isso está só começando.
*Henrique Rodrigues Marques é estudante de Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos e editor da RUA.