* Por Lidiane Volpi
Dando continuidade aos eventos voltados para o público infantil, a segunda Mostra Infanto Juvenil teve início às 16h e também contou com forte presença do público infantil. Por diversas vezes era possível observar crianças descendo em fila indiana, guiadas por professoras, pela principal avenida Cambuquirense.
Os filmes exibidos nesta mostra, bem como os da primeira, foram reprisados na tarde de sexta-feira, para que mais pequenos fossem agraciados pelo evento. A sessão teve início com a exibição do curta Do Lado de Fora, de Matheus Peçanha e Paulo Vinícius Luciano, filme de 19 minutos que conta a viagem de um menino e seu boneco que, em certo ponto adquire forma humana. O curta foi capaz de despertar a atenção do exigente público que ali se encontrava.
Uma Dupla de Dois – O Paradeiro de Jorge, de Fernando Coelho, vai buscar no filme de detetive clássico, elementos para construir a história que tem como mote inicial o desaparecimento de um gato, o “Jorge” que aparece no título do curta metragem. Duas crianças empenham-se para decifrar as pistas sobre os principais suspeitos no desaparecimento do animalzinho que, no final das contas, apenas havia se sujado de tinta, tornando-se irreconhecível aos olhos de sua dona.
O terceiro curta apresentado, O Cangaceiro, de Marcos Buccini, ampara-se na literatura de cordel, tipo que une texto e ilustração característica da região nordeste do Brasil, para contar a história do cangaço, principalmente a de Lampião e seu bando. Fez-se notório o processo de pesquisa, tanto da literatura de cordel, quanto da história em si, para construir uma animação plasticamente impecável e narrativamente coesa. Também fiel a arte que buscou retratar, o curta que se seguiu a O Cangaceiro na exibição, Anima Pars, de Tiago Saad, embrenhou-se na influência de artistas surrealistas e modernistas, para contar a história de singulares criaturinhas compostas por formas geométricas coloridas. O ciclo de vida dos personagens, bem como a relação deles com o mundo circundante, o excesso de informação exibido para os olhos que se instalam frente aos meios de comunicação de massa, se contrapõe a vivência diária naquele mundo colorido.
Urbe, de Rafael Borges, e Última Evolução, de Vinícius pimenta, retratam, cada qual a sua maneira, as consequências da modernidade. Urbe, constituí-se de imagens formadas pelo colorido dos quadriculados que compunham a estrutura de uma propriedade campesina que fora tomada pela urbanização, sua supressão e a impossibilidade de resistência. Última Evolução, curta cujo o realizador estivera presente na sessão, mostra uma sociedade futurista, na qual um anteparo vindo direto do passado, fez com que os espetadores que nasceram até o início dos anos 1990, retomassem um item bem popular à época: a fita K-7. Ainda baseado nos possíveis desdobramentos do tema ”meio ambiente”, Carpe Diem, de Dimitri Kozma, ancora-se na máxima árcade e segue duas criaturinhas na sua jornada em aproveitar o dia, inseridas em ambientes que variaram de regiões campesinas a extensos oceanos.
O curta que encerrou a tarde, Pequenos, do realizador Alexandre Rafael Garcia, conta as aventuras e desventuras de um grupo de crianças proveniente de uma grande cidade brasileira e como fazem para aproveitar essa fase da vida. Na tela, é possível identificar tombos de bicicletas, tardes no parque, primeiros amores e todas essas coisas que permeiam certo período da vida de quase todo ser humano.
Tal qual ocorrido após a primeira mostra, os numerosos pequenos também participaram do Clubinho, onde desenharam, brincaram ao ar livre, questionaram acerca do universo da animação dentre outras atividades. Vale destacar o cuidado e carinho que a organização da 8ª Mostra Audiovisual de Cambuquira tivera com o público infantil.
* Lidiane Volpi é estudante de Imagem e Som na Universidade Federal de São Carlos e editora da RUA.