* Por Lidiane Volpi
Na tarde desta quinta-feira, 11, aconteceram as duas edições da Mostra Infanto Juvenil, nas antigas instalações do Cine Elite, em Cambuquira. O público contou com a forte presença infantil, que ocupou todas as cadeiras existentes no local. Na tela foram exibidos filmes de animação, histórias fantásticas e até filmes de gêneros historicamente consagrados, como o suspense e os filmes de detetive, adaptados para dialogar com o universo infantil.
A primeira mostra iniciou-se as 14h30 e o filme que abriu a sessão fora Pety Pode Tudo, de Anahí Borges, que narra, sob um cenário colorido, a história de Pety, uma menina que julga prever o futuro e, como nem sempre este se apresenta favorável a continuidade das relações de afeto estabelecidas, tenta controlar o presente tentando anular as situações vindouras. Pety o faz com o seu coelho, trancando o animal em seu quarto receosa de que este seja devorado pelo cachorro do vizinho. O animal, no entanto, acaba perecer devido a um ataque cardíaco.
Os quatro pequenos curtas animados que vieram a seguir fazem parte de um projeto que mescla educação e animação, a série Lala, realizado por Jon e Tomate, em filmes que explicitam situações globais, como a seca no deserto e outros que tratam do universo mais próximo do olhar infantil, como as relações maternais.
A animação Phill: No Buraco, de Ilson Junior, veio logo em seguida e conta a história de uma criaturinha que, ao deparar-se com um filhote de elefante atolado em um buraco, utiliza-se de diversas artimanhas para tentar removê-lo daquele local. Com isso, o curta explicita a questão da solidariedade frente as necessidades do outro, ainda que este estranho seja maior e mais forte.
Giovana Belico Cária Guimarães, empresta vida a uma luminária, em Luz Câmera Animação, que, desestimulada pelo fato de não deter aparatos necessários para assemelhar-se a uma mão humana e, então, poder recriar obras de arte através da pintura, encontra em si e nas sombras presentes na noite, o necessário para projetar figuras animadas na parede, em truques de sombra. A realizadora estivera presente na sessão e apresentou brevemente o curta antes de sua exibição.
O Macaco e o Rabo, que fora concebido por meio de direção coletiva pelo Núcleo de Design da UFPE – CAA, utiliza-se de uma fábula para explicitar que cada ser deve saber de si e de suas ambições, deixando o outro livre para desempenhar suas ações no mundo. Na fábula, um macaco perde o rabo ao salientar que, caso a cotia não tomasse cuidado, o seu é que seria decepado. O curta de animação insere-se no ambiente do interior do Brasil, ao explicitar elementos como carros de boi, estradas de terra e vilas pequenas.
Ovelina, de Pamella Pesareli, conta a história de uma ovelhinha que deseja aprender a patinar e, para tal, procura instruções na internet. A ovelhinha acaba por não conseguir a proeza, espatifando-se no chão, demonstrando que, para algumas situações, é melhor contar também com a prática. Ainda sobre bicicletas, a animação Julieta de Bicileta, de Marcos Flávio Hinke, uma típica stop motion feita com massa de modelar, conta a história de uma menina que segue sua rotina de forma extremamente rígida. Seus atos matinais são idênticos dia após dia, segue sempre os mesmos caminhos e não gosta de inovações. Julieta guia sua vida em linha reta, até que descobre o prazer pelas curvas, pelo que não está planejado, capaz de tirá-la de sua zona de conforto e lançá-la para novas experiências.
O penúltimo curta, O Barquinho e a Baleia, de Débora Arau e Dayane Gomes, deflagra a saga de um barquinho através de uma colcha de retalhos. O curta, que contém um aspecto plástico bem trabalhado, dota a técnica stop motion utilizada para sua composição, de relevante lirismo.
O filme que encerrou a primeira mostra da tarde, O Pequeno Monstro, de Kaue Nunes Melo e Nildo Ferreira, exibe para o público um protagonista peculiar: um menino que pensa seus familiares de acordo com monstros consagrados do gênero terror. O pai, exaurido pela rotina de trabalho, é um zumbi. O irmão que passa noites acordado estudando para o vestibular, é um lobisomem; a mãe que desempenha mecanicamente as atividades domésticas fora hipnotizada por alguém para tanto. Todos os aspectos são desencadeados pela pergunta que a professora lançará para que se fosse redigida uma redação Se sua vida fosse uma história, qual seria?
Ao fim da exibição, as crianças foram convidadas a participar do clubinho, um espaço ao ar livre onde era possível desenvolver atividades de ilustração, brincadeiras lúdicas e discutir acerca dos filmes exibidos. A participação dos pequenos em todas as atividades fora notável nas duas sessões, os espaços ao ar livre foram todos ocupados e, mesmo do lado de fora do evento, era possível ouvir as risadas e palmas.
* Lidiane Volpi é estudante de Imagem e Som na Universidade Federal de São Carlos e editora da RUA.