E quando o “outro somos nós”? O estereótipo do Brasil e do brasileiro no audiovisual

Régis Orlando Rasia *

Esteriótipo no Cenário Audiovisual Recente

Este ensaio é motivado pelo filme recente de Carlos Saldanha RIO (2011) e sua imagem customizada do Brasil em especial do Rio de Janeiro. Filme de grande feito tecnológico da animação, enquanto o conteúdo nos apresenta a velha e boa “receita de bolo” para um filme ser sucesso de bilheteria com a imagem do Brasil no exterior. Notam-se alguns equívocos como a fala dos personagens quando interpretando em português/espanhol, com um sotaque latino, quando não usam expressões típicas da língua espanhola; e o país rodeado por macacos, da corrupção, favelas, contrabando de animais silvestres, entre outros. Seria uma crítica de Saldanha a infra-estrutura brasileira, ou a utilização mais uma vez da imagem já customizada do Brasil que sempre rendeu sucesso de bilheterias no mundo todo.

Casos de representações estereotipadas não passam despercebidos sem serem levados às instâncias legais e gerarem discussões no Brasil. Sobram exemplos de levantes e mecanismos de defesa de alguns órgãos nacionais, como por exemplo, a EMBRATUR e o Ministério da Cultura que ao se sentirem ofendidos e vítimas de preconceitos/estereótipos aplicaram algumas sanções a produtores, como o caso da série animada Simpsons (2005) no episódio Blame it on Lisa, quando à família do desenho vem ao Brasil (www.youtube.com/watch?v=invBjPmY8iE).  Evidentemente que o humor e a ironia sempre fizeram parte da série, porém, é importante salientar a imagem que o brasileiro representa fora do país. Caso também de uma das séries de propagandas da agência de turismo da Last minute Travel (2009) (www.youtube.com/watch?v=yDf1aBlbqw0), que ofendem com imagem estereotipadas do brasileiro ao ponto de serem indagadas no programa da Rede Globo, Fantástico (www.youtube.com/watch?v=3W8SljktKnk). Outro exemplo, o filme Turistas (2006), bastante criticado pela imprensa brasileira recebeu sanções do Ministério do Turismo brasileiro por fazer uso indevido da imagem nacional, quase boicotado nas salas de exibição de nosso país. Recentemente, Sylvester Stallone quando presente no país para a gravação de Mercenários (2010) alegou que tudo seria passível de explodir e que o presente dos brasileiros a ele seria um macaco. Não obstante, estas alegações levantaram a campanha no Twiter “@Cala a boca Stalone”.

Todas estas citações e exemplos, inclusive das sanções e levantes, podem ser encontrados na internet, e já são acompanhadas há algum tempo para o compósito da pesquisa, condensadas neste ensaio. Mais recentemente, podemos acompanhar algumas críticas referenciadas no filme de Saldanha RIO (2011), dizendo que o diretor podia ter-nos poupado de tais representações. As críticas mais severas ao filme, sempre passam pelas concepções do clichê e relações com os estereótipos.

Não queremos condicionar uma visão moralista em relação a nossa identidade. O que verificamos é que representações estereotipadas sempre existirão e continuarão a existir. O que qualifica o ensaio é a razão de que elas não passam despercebidas, sempre motivando discussões, nos fazendo refletir a intencionalidade destes olhares estrangeiros ou externos lançados a nós brasileiros. Portanto, neste ensaio, há uma busca em verificar e cristalizar as noções de estereótipo no audiovisual. Tais estudos, apesar de escassos, proporcionam discussões em todos os níveis, que vai do espectador com levantes nas redes sociais, até o surgimento de mecanismos de defesa por órgãos responsáveis que implicaram em sanções legais, muitas vezes feitas em vão. É curioso notar que o efeito nos espectadores, causados pelos estereótipos levam a negação da identidade, por exemplo: delegando a culpa à determinada região ou cultura como do carioca, do paulista; ou a música brasileira, a certos costumes etc. Enfim, a identidade é sempre colocada em xeque.

O fato de tais representações em estereótipos não passarem despercebidas, mostram o quanto essas imagens atingem diretamente as questões morais e, ao mesmo tempo, distorcem a identidade do brasileiro. Qual será a tendência futura em relação à imagem do país, já que entrará em evidência na mídia internacional sediando a copa do mundo 2014 e olimpíadas 2016? Seria uma oportunidade para as pessoas de todo o mundo conhecerem o país, ou (o que é mais provável) formularem uma vastidão de imagens estereotipadas, algumas até com colaborações dos próprios brasileiros.

Desde então, limitamos as representações dos estrangeiros, não entrando em questões das imagens produzidas por nossos “olhares internos”. Olhar que, diga-se de passagem, tem atração especial por violência, tráfego, miséria e favelas, exemplos das grandes tendências das telas brasileiras no século 21 e que se configuram desde o período de retomada do cinema brasileiro dos anos 90, quando chamado de “cosmética da fome”. Restringimos ao olhar do estrangeiro, para não cairmos em interpretações e negações de elementos da identidade e cultura nacional. Não nos cabe pensar a construção de olhares internos/nacionais sobre o brasileiro, mas sim da construção do estereótipo a partir do externo/estrangeiro, estes sim pontuam aspectos de nossa reflexão para a alteridade.

Os estereótipos surgem como representações equivocadas e preconceituosas da identidade nacional. O jeitinho Brasileiro combinado à imagem do malandro, um país composto pela diversidade, mas retratado como exótico na construção de um país selvagem, aporte do país tropical característico por uma Amazônia “logo ali” do lado dos grandes centros, muitas vezes pouco civilizado ou então habitado por macacos; representações que constantemente nos remetem ao erotismo, mulheres, bundas e mulatas quase sempre sambando quando não estão dançando salsa ou “tcha-tcha-tcha”, equívocos com imagens de praias de topless (que na maioria das vezes não é permitido), um país de pessoas que não trabalham, e apenas pensam em futebol, um país pobre, repleto de crianças carentes e favelas, onde só se pensa em sexo, no qual bandido vem passar férias ou se esconder, etc. Caracterizando assim uma fórmula perfeita para produzir um filme de grande bilheteria.

Muitas vezes o parágrafo anterior nos suscita à seguinte questão: “para que reclamar ou reivindicar alguma coisa, pois afinal somos assim mesmo?” Tudo indica que a construção de olhares estrangeiros (externos) sobre nosso país, colabora para denegrir ou mesmo mistificar a imagem da identidade e o olhar do nativo sobre si, incidindo a construção de olhares internos. Estas questões, que por vezes operam com um tom de “verdade”, são elementos da identidade nacional combinados ao preconceito. Segundo Maisonneuve (1977:118) o estereótipo seria “a extensão: atribuição dos mesmos traços a todos os seres, ou objetos designáveis pela mesma palavra, sobre a compreensão, por simplificação extrema dos traços exprimíveis por palavras, eles próprios já estereótipos: sério honesto, preguiçoso, astuto, etc”.

Historicamente, no brasileiro existe aquilo que chamamos de orgulho por sermos representados pelos eixos dos países Europeus ou Norte Americanos, ou “fazermos parte com os grandes”, são exemplos do orgulho por termos um ator em Hollywood, o filme no Oscar, enfim orgulhamo-nos por sermos um “produto de exportação”. Se verificarmos, por trás de toda esta “exportação”, existe sempre uma imagem customizada, do contrário em grande parte não entraríamos no circuito mundial. Neste ponto, exigiria sempre um olhar mais crítico, pois, estereótipos estão velados na grande maioria das representações.

O Brasil historicamente se transforma no centro de inúmeros registros e construções imagéticas fundamentalmente simbólicas por parte do observador estrangeiro. Seria curiosidade ou colonialismo? O livro de Tunico Amancio, Brasil dos Gringos: Imagens do Cinema (2007), remonta a própria carta de Pero Vaz de Caminha, relacionando-a aos olhares lançados a esta terra longínqua, distante e exótica, mostrando que na realidade, estes olhares referentes se parecem estanques, ultrapassados, que curiosamente duram até os dias atuais. Amancio mostra um Brasil eternamente colonizado, e que a todo instante é descoberto por alguém. O Brasil não foi descoberto “apenas” por Pedro Alvares Cabral, e sim por todos aqueles que, munidos de câmeras, constroem uma imagem de nosso país, bastando assistir a alguns filmes, muitos deles relatadas na minuciosa pesquisa de Tunico Amancio. Segundo Amâncio (2000:7) o seu livro não é sobre como é o país e seus habitantes, mas sim como eles têm sido representados no cinema. Para o autor o livro não busca especular quem realmente é o brasileiro, esta questão para ele nunca será resolvida, mas mostrar alguns equívocos, ou mesmo imagens intencionais com finalidade de propagandear uma imagem do Brasil “conhecida”.

Noções e Definições sobre Esteriótipo

Segundo Amancio (2000:138) “na reflexão contemporânea, o estereótipo é antes de mais nada, um objeto de estudo empírico nas ciências sociais”. No livro de Denise Jodelet: As representações sociais no campo das ciências humanas (2001), os objetos das representações sociais “circulam nos discursos, são trazidos pelas palavras e veiculadas em mensagem e imagens midiáticas, cristalizadas em condutas e em organizações materiais e espaciais” (JODELET, 2001:12). Conforme Jodelet (2001:21) “as representações sociais são fenômenos complexos sempre ativados e em ação na vida social”. Com base nas definições das representações sociais encontramos um vasto campo de pesquisa nos fenômenos do audiovisual, enquanto sistemas de interpretações que regem nossa relação com o mundo e com os outros indivíduos através da mediação com a câmera. Estudos sobre as imagens estereotipadas no audiovisual exigiriam um ensaio maior, já que o tema é pouco abordado, em contraponto a uma atmosfera audiovisual rodeada por eles, e ao que nos parece longe de acabar.

Segundo as definições de Lima e Pereira (2004:9) “os estereótipos, o preconceito e a discriminação são fenômenos presentes desde o surgimento dos primeiros agrupamentos humanos”. Seria assim o estereótipo encarado como preconceito? O livro organizado por Marcus Lima e Marcos Pereira atribui ao estereótipo intimidade com o termo preconceito, explicando para nós o sentimento de repulsa do espectador em face da sua representação distorcida. Nos filmes, os estereótipos se apresentam constantemente de forma velada, muitas vezes nem cristalizam sentimentos de repulsa. Porém, mesmo que veladas às representações, quando notados, pode estar ligada no caso do estereotipo ao sentimento que se equipara ao preconceito, conforme envolvem os estudos de Marcus Lima e Marcos Pereira.

Neste sentido, torna-se importante estudar os estereótipos, o preconceito e o racismo numa perspectiva que integre as percepções que a maioria têm das minorias aos efeitos que estas percepções têm sobre as minorias, bem como sobre o modo como estas refletem e integram estas imagens ou percepções. Considerando que os estereótipos e o preconceito são fenômenos multicausados, é preciso ainda tentar articular os diversos níveis de análise possíveis para conseguir uma melhor compreensão dessa temática. (LIMA, PEREIRA 2004:11)

O termo aparece na obra de W. Lippman (1922) para designar essas “imagens em nossa cabeça” que se intercalam entre a realidade e a percepção que dela temos, provocando simplificação ou orientação seletiva de nossas percepções, e podendo chegar a distorções mais ou menos graves da realidade objetiva. A noção do termo abordado em psicossociologia trafega por estas duas esferas psicológicas e sociais, e avança sobre outros domínios científicos como psiquiatria e nos estudos especializados de lingüísticas. Os estudos mais antigos permeiam os estudos de opinião e indústria cultural. Ao modo que a propaganda, indústria e consumo reforçam os estereótipos latentes. (MAISONNEUVE, 1977:114).

A palavra “clichê” é constantemente empregada no domínio cinematográfico, muitas vezes é questionado o fato de ela ser sinônimo da palavra estereótipo. Segundo Amossy apud Amancio (2000:140) a palavra clichê “em seu sentido duplo, alia a produção triunfante à reprodução desvalorizante. Sua ancoragem sócio-histórica se dá no mesmo lugar onde a produção de massa se apodera da escrita e onde a economia capitalista crescente submete a palavra”. O que nos refere, no plano das representações cinematográficas, o estereótipo e o clichê ganham prospecção quando aliadas ao espetáculo e a produção em massa, logo, cabe destacar o papel da indústria. Segundo Amancio (2001:139) “cenários, encenações, frames, o discurso sobre o estereótipo tangenciam o universo do espetáculo e das representações artísticas do mundo, e o cinema, inevitavelmente, se transforma no palco de uma contenda movimentada entre a sua criação e denúncia”. De acordo com Maisonneuve (1977:114) “etimologicamente estereótipo é termo de imprensa; designa um conjunto de caracteres fixos constituído para efetuar uma série de tiragens; o sinônimo é clichê”. Segundo Amossy apud Amancio (2000:136) a noção de estereótipo “se desloca de um processo tipográfico mecânico para um sentido figurado de reprodução de uma cópia exata de uma obra original”. Ainda conforme Starfield apud Amancio (2000:136) estereótipo é “uma forma invariável, artificial e superficial que se repete automaticamente ao infinito”. Tanto clichê quanto estereótipo apresentam as mesmas delineações onde muitas vezes se cristalizam em torno de certas palavras; essas palavras indutoras designam, geralmente, categorias mais ou menos amplas: raças e nações no caso. Os estereótipos buscam classificar as classes ou profissões; excluir também, objetos, produtos ou pessoas como símbolo de uma política ou de uma ideologia.

Segundo Maisonneuve (1977:115) sempre “repousarão num fundo de verdade objetiva”.  A citação não é divergente, pois olhando comentários e réplicas em alguns sites de relacionamento como Twiter, Facebook e Youtube, quando surge o tema estereótipo, como as propagandas da Last Minute Travel, ou Simpsons no Brasil, podemos encontrar uma boa parcela de aceitação ou a indagação de “porque a revolta? Já que somos, assim mesmo”. Voltamos ao problema da eventualidade de um “fundo de verdade” inerente ao estereótipo, notamos uma própria noção de atitude do espectador frente ao estereótipo (acolhida, ou recusa categórica) não está isento de estereotipia por si mesmo como aponta Maisonneuve.

Geralmente ao estereótipo estão ligadas as noções de distorções perceptivas, construídas e codificadas a tal ponto que existem divergências quanto ao uso dos mesmos do ponto de vista do representador, cineasta, para com o representado e o espectador. A repetição destas representações levam aos estereótipos, passando a serem aceitas como verdades objetivas, e até mesmo agregados a identidade. Coloca-se assim de outra forma estes aspectos da recepção? Se a imagem do brasileiro não é favorável, por que fomentá-la, ou mesmo por que aceitar apenas as imagens negativas ou as imagens codificadas e densamente repetidas se tornam um imperativo, e assim resumem não uma verdade, menos ainda a realidade mas um estereótipo como distorção.

E Quando o Outro Somos nós?

A proposição do título e análise deste ensaio, sob o olhar do “outro sobre nós”, surge a partir da reflexão sobre a reação negativa e repulsa de espectadores africanos diante das imagens do filme Les Maîtres fous (1955) de Jean Rouch, bastante citada em livros. O que nos levantou a questão, não foi à reação de quaisquer espectadores, mas sim, a reação dos próprios africanos que viram traços do próprio comportamento e de sua cultura capturada/representada na película de Rouch. Como explicita Bill Nichols na citação abaixo a respeito do filme, também nos dá a dimensão dos múltiplos olhares.

Públicos diferentes vêem coisas diferentes; apresentar ou promover um filme de uma determinada maneira pode preparar os espectadores a vê-lo de uma forma e não de outras. Essa prática pode ajudar a filtrar interpretações que projetem histórias de experiência pessoal na história do filme. As práticas dos membros de uma cultura podem parecer bizarras e “antinaturais” para espectadores de uma cultura diferente, por exemplo. Assistir, sem nenhuma preparação, a filmes como Os loucos senhores (1955), em que membros da tribo hauka entram em transe e se tornam espíritos haukas, que espumam pela boca, babam, sacrificam uma galinha viva e comem carne de cachorro […] Essas sensações nos falam da história do público. Falam mais do entendimento do público a respeito da conduta adequada, controle do corpo e cenas de sangue do que a respeito das práticas da outra cultura. Dar a esses filmes um enquadramento etnográfico, que chame a atenção para as questões maiores da interpretação intercultural e do preconceito cultural, estimula o foco na história contada pelo filme e não na história que talvez estejamos inclinados a projetar nela. (NICHOLS, 2005:96)

Em relação a esta reação dos “próprios representados”, desta revolta sobre os estereótipos, acabamos por levantar a seguinte questão: quando o outro (representado) somos nós? Qual a nossa reação diante destas representações? Percebemos que a tríade muitas vezes criada entre espectador (fruidor), representador (cineasta) e representado (objeto do texto fílmico), na condição de “espelho” a distância se reduz, pois o papel de espectador e representado são os mesmos. Novamente estas noções de papéis por Nichols:

Como público, estamos tipicamente separados tanto do ato de representação como do tema representado. Ocupamos um tempo e um espaço social diferente de ambos; como espectadores e parte do público, temos papel e identidade próprios, que como espectadores e parte do público, temos papel e identidade próprios, que são em si mesmo aspectos distintos de nossa própria persona social:  assistimos ao filme como espectadores, parte do público, embora parte de nosso motivo para agir assim possa estar no fato de que o filme fala de pessoas e assuntos cuja experiência real se igual à nossa ou contrasta com ela. (NICHOLS, 2005:42)

O filme de Rouch se trata de um filme etnográfico, este que tem como finalidade a observação dos comportamentos humanos de uma determinada cultura. O filme etnográfico exige o entendimento e o preparo para assistir tais imagens, pois, uma leitura sem a contextualização adequada faz parecer que o que é exibido é exótico, bizarro, pendendo para um “cinema de atrações” e não científico que é a sua maior finalidade. Les Maîtres fous cumpre a função a qual lhe é designada a antropologia. (NICHOLS, 2005:148).

A postura de Jean Rouch em relação ao exótico também nos parece pertinente para a discussão. A representação do outro pode ser dada na dimensão da partilha, novamente o exemplo de Rouch, diretor que se prestou a conhecer profundamente, como muitos etnólogos, o seu representado, ao mesmo tempo resistindo aos encantos do espetáculo, figurando a postura ética em contraponto com a estética, ao que nos parece que é um dos maiores ponto de inflexão ao estereótipo. Não por menos que a percurso filmográfico de Rouch nos mostra a sua transformação do colonizador (Eu um Negro, 1959) no outro colonizado (africano), um excelente exemplo da alteridade no olhar. A citação abaixo explicita a noção de amadurecimento do processo de representação de Jean Rouch nesta relação de partilha, nos ajudando a entender o que há de especial nos filmes deste diretor, principalmente na relação que ele tem com quem filma.

Após esse filme minha reação foi dizer ‘não, não é possível!’. Essa música é nula, o tom do comentário é insuportável. Trata-se realmente de um filme exótico, um filme que não deve ser feito. Eu não o projetei na África, pois teria vergonha. Hoje eu não concordo com nada neste filme, a narração, a música e assim por diante. […] Três anos depois voltei à ilha dos pescadores Sorko, mostrei-lhes o novo filme colorido (Bataille sur le grand fleuve, 1951-1952) e, pela  primeira vez, eles entenderam o que eu estava fazendo com aquela máquina estranha que estava sempre em minhas mãos. Eles viram sua própria imagem no filme, descobriram a linguagem fílmica, reviram o filme várias vezes, e de repente começaram a fazer críticas, me dizendo o que tinha de errado com ele. Esse foi o começo da anthropologie partagée, a antropologia partilhada: de repente partilhamos um relacionamento (FREIRE, 2006:59).

Segundo Marcius Freire (2004:3) “É sabido que a antropologia nasceu da curiosidade dos ocidentais, notadamente dos europeus, em relação às culturas diferentes das suas. A observação dessas culturas, a busca processo de decifrar os relatos a que davam origem constituíram, desde sempre, o procedimento antropológico”. O gosto pelo outro, é tido como o embrião no curso histórico da representação audiovisual e também parte da história do cinema. Não nos sobrariam exemplos a citar de filmes de viagem ou cavações, filmes antropológicos e de forma ampliada, filmes de ficção que lançam um ar de curiosidade sobre “o outro” ou na construção de “um outro”. Segundo Aumont (2002:59) “o olhar é o que define a intencionalidade e a finalidade da visão”.

Da antropologia ao filme documentário passando pelo cinema de ficção, todos têm relações com o olhar e naturalmente, especificidades da estereotipia. O Brasil se coloca no plano simbólico desta curiosidade Européia e Norte Americana, potências culturais e econômicas que, munidas não apenas dos instrumentos de registro cinematográficos, mas acompanhados da própria indústria, tendo não apenas a ânsia de sanar a sua curiosidade, passam a construir, com base nas suas concepções, as imagens e visões do que viria a ser esta terra (sempre desconhecida e sempre redescoberta por alguém). De forma geral, o estereótipo começa e termina como abordagem da curiosidade e se cristaliza na simplificação.

Na esfera do audiovisual, a mediação da câmera exerce um fator crucial. Nela se compreendem os fenômenos entre espectador e produtor, enquanto muitas vezes a representação exige um objeto, podendo ser real, imaginário ou mítico. O imperativo do cinema de ficção é o imaginário, a fabulação, sendo assim, estaria o cinema de ficção isento de critérios éticos para as representações sociais e estereotipia? O que tenciona é que muitas vezes as representações sociais “circulam nos discursos, são trazidas pelas palavras e veiculadas em mensagem e imagens midiáticas, cristalizadas em condutas e em organizações materiais e espaciais” (JODELET, 2001:12). Ainda sob a concepção da ficção, com o universo do imaginário e do inventado, podemos entender na citação Jaques Aumont.

A noção de imaginário manifesta claramente esse encontro entre duas concepções da imagística mental. No sentido corrente da palavra, o imaginário é o domínio da imaginação, compreendida como faculdade criativa, produtora de imagens interiores, eventualmente exteriorizáveis. Praticamente é sinônimo de “fictício”, de “inventado”, oposto ao real (até mesmo às vezes ao realista). Nesse sentido banal, a imagem representativa mostra um mundo imaginário, uma diegese. (AUMONT, 2002 :118)

Se este “inventado”, como aponta Aumont, não é o real, porque então a imagem (inventada?) do brasileiro no exterior é dada com a notória presença de tantos estereótipos? E por que então, afetam valores éticos, levantando sentimentos semelhantes ao preconceito nos próprios representados no filme?

Noções Éticas do Olhar

“Estrangeiro”, palavra, para nós brasileiros rica de significações, nos suscita alguém que opta por conhecer outro lugar e/ou cultura, não por acaso encontramos uma excelente reflexão no documentário de Lucia Murat, Olhar Estrangeiro (2006), propenso a uma análise mais detalhada em outro ensaio. Encontramos também uma excelente baliza de reflexão no livro de Tunico Amancio, ligado ao documentário de Murat como roteirista. A proposição de Amancio (2000:39) é verificar “o que vê esse viajante, ou melhor, que mecanismos determinam o seu olhar”. O livro condiciona esta figura estrangeira através dos diretores que participam desta construção do olhar sobre o Brasil em filmes dos mais diversos. Não se trata do olhar do brasileiro sobre o Brasil e sim do olhar de um “outro”, o desconhecido sobre nós. O estrangeiro é o personagem principal, aquele que é externo ou “de fora”. “Todavia, se é de interesse categorizar o olhar estrangeiro, decididamente é necessário recorrer à figura do viajante, porque a viajem é o lugar por excelência onde são postas em questão as idéias pré-concebidas” (AMANCIO, 2000:39-40). Na viagem o olhar percebe uma singularidade, identifica a alteridade e estabelece uma diferença.

A ação do olhar do estrangeiro exprime este esforço em conhecer o que é ou está desconhecido, como forma também de diminuir a distância cultural e física ao mesmo tempo. O título transmite um plano de referência geográfico e cultural ao mesmo tempo. Consequentemente o estrangeiro é aquele que incide sobre um território cultural e geográfico (podendo ser simbólico) diferente da sua origem. Conhecer se torna então uma finalidade, mas não obrigatoriamente implica em se aproximar. Esta diferença que existe entre o estrangeiro e o outro nas ciências humanas ganham uma dimensão maior quando mediada por uma câmera, e para nós ganham tônus na representação.

O grande ponto de inflexão do estereótipo se dá pelo fato de que somos educados por imagens, logo o peso e a responsabilidade que recai sobre a representação, ou como se dão tais representações. Se uma determinada cultura passa por imagens intensamente codificadas e repetidas, talvez por causa desse código e dessa repetição entenderíamos o estereótipo. Quando a história que se passa no filme não condiz com a verdade, em prol do espetáculo de um maior grau da estética em razão da ética, sob este ponto, valoriza-se a ética do olhar.  Na ética e no olhar, podemos realmente indagar o peso da responsabilidade que recai sobre a representação, pois as imagens representadas estão fundamentando a nossa educação, o nosso sentir, como acepção do olhar fenomenológico.

Bill Nichols compõe o seu pensamento e ética na representação através do olhar e subjetividade do cineasta que representa. Para o teórico, falar de outras pessoas ou de algum assunto, envereda uma importância cívica a esse trabalho. A ética do olhar torna-se uma medida de negociação sobre a natureza da relação entre o cineasta e seu tema. A grande razão se dá pelo fato de os cineastas que têm a intenção de representar pessoas ou lugares que não conhecem, mas que tipificam ou detém um conhecimento especial de um problema ou assunto de interesse correm o risco de explorar as imagens de forma equivocada. Os cineastas que escolhem trabalhar com pessoas ou lugares já conhecidos enfrentam o desafio de representar de maneira responsável os pontos comuns, mesmo que isso signifique sacrificar a própria opinião em favor dos outros. O ponto comum de conhecer ou não conhecer quem será capturado pelas objetivas, se dará com a medida de negociação, e a certeza de que existem consequências tanto da parte do espectador quanto dos que foram representados no filme. A ação da captura e consequentemente, a montagem, a fim de produzir uma narrativa, faz vigorar a responsabilidade que cai sob o cineasta, em não reduzir o representado a clichês e estereótipos. O cineasta como balizador desta ética com o representado e espectador, deveria ter noção da responsabilidade que há em suas mãos, pois todos eles sabem das questões ligadas ao falar de “alguém” (NICHOLS, 2005:36-41).

Interrogar as representações através de pressupostos éticos, como propõe Nichols, é ao mesmo tempo uma baliza de reconhecimento da ética nas representações, pelo menos em parte do que nela é visto, também como forma de ver o que condiz com a realidade ou o que quer expressar no filme. Quanto ao estereótipo, cabe ao espectador que se vê representado dizer se é uma boa ou uma má representação. De acordo com Aumont (2002:103) “a representação é um processo pelo qual se institui um representante que, em certo contexto limitado, tomará o lugar do que representa”.

Representar ou se representar corresponde a um ato de pensamento pelo qual um sujeito se reporta a um objeto ou a outro sujeito, como o caso da representação mediada pela câmera. “A representação exige um objeto, e pode ser real imaginário ou mítico” (JODELET 2001:22), não por menos no imaginário que residem às ficções.  Eis porque as representações são sociais e tão importantes na vida cotidiana. Elas guiam o modo de nomear e definir conjuntamente os diferentes aspectos da realidade diária, no modo de interpretar esses aspectos, tomar decisões e, eventualmente, posicionar-se frente a eles de forma defensiva. As representações sociais e, por elas os estereótipo, “circulam nos discursos, são trazidas pelas palavras e veiculadas em mensagem e imagens midiáticas, cristalizadas em condutas e em organizações materiais e espaciais” (JODELET, 2001:12). Ainda conforme Jodelet (2001:21) “as representações sociais são fenômenos complexos sempre ativados e em ação na vida social” e reconhecem-se as representações sociais enquanto sistemas de interpretações que regem nossa relação com o mundo e com os outros, como no nosso caso, através da mediação para a câmera.

Em todas as sociedades as imagens são fabricadas com alguma finalidade. Entendendo que as produções de imagens jamais serão gratuitas e que, desde sempre as imagens foram fabricadas para determinados usos, individuais ou coletivos, a dimensão do estereótipo nos faz questionar a finalidade das imagens concebidas, e sempre recaem na relação colonizador/colonizado como aponta Amancio. Ainda sobre esta construção, as imagens como representação das sociedades humanas das culturas sempre existirão, e servirão de referências, pois estamos tratando de uma sociedade cada vez mais mediada por imagens.

Existe um distanciamento entre o cineasta e o objeto de representação, este distanciamento pode ser reduzido, ou ser a finalidade da própria mediação com a câmera. Encontramos na posição do construtor dessas imagens (cineasta), a figura preparada (ou não) para representar, escrever ou mesmo construir a imagem do outro que se pretende representar. Na antropologia, os valores da representação consistem em estar com quem pretende representar e, consequentemente permanecer tempo suficiente para conhecer o que será representado. Como se verifica nas “noções de presença” abaixo.

Presença significa presentificar e ser presentificado, e a reciprocidade é a marca definitiva da atualização do fenômeno da relação. Em outras palavras, a “vida dialógica” nos propõe uma alternativa: a relação ou a não-relação. Isso quer dizer que eu posso tanto me colocar ao lado daquele que se encontra em minha presença e, de acordo com Buber, dirigir-me a ele enquanto “Tu”, quanto me manter à distância e o considerar como um objeto, um “Isso”. (BUBER apud FREIRE, 2007:21)

A presença ganha importância sobre o olhar empregado. É impossível condicionar um tempo mínimo ou máximo para conhecer e então representar. Segundo Marcius Freire (2007:16) “a qualidade do encontro ou da relação é determinante para a qualidade do texto ou do artefato fílmico final que vai dar conta dos resultados desse encontro. É o caso, então, de se perguntar se existe uma distinção entre ‘encontro’ e a ‘relação’”.

A presença se torna um ponto fundamental, já que o estereótipo pode ser fruto da imaginação, e parte também de quem admite olhar para alguém sem mesmo conhecê-lo, não participando ativamente do processo de construção através de uma pesquisa que antecede as gravações ou mesmo a própria presença dos corpos no local que se figura. O estereótipo ganha valor como um objeto do conformismo e subitamente da fugacidade do olhar. Talvez o legado e contraponto do estereótipo, são deixados pelos valores dos filmes antropológicos, e mesmo dos documentários que conferem que a validade da representação se da por conhecer (antes ou durante o processo) e estar presente no lugar da ação, como aponta Marcius Freire abaixo.

Assim, tanto a etnografia quanto o filme documentário de cunho antropológico possuem esse traço em comum: para tomar forma, precisam ser produto de um encontro. Não pode existir a descrição de uma cultura qualquer sem que aquele ou aquela que a descreve trave contato com ela; mutatis mutandis, não pode existir um filme documentário que tenha a alteridade como tema se não houver um encontro entre o realizador e seus sujeitos. A qualidade desse encontro, ou da relação que se estabelece entre os protagonistas da interlocução, portanto, é fundamental para definir os atributos do texto ou do artefato fílmico final que vai dar conta dos resultados desse encontro. (FREIRE 2007:16)

Indústria, velocidade e fugacidade do olhar nos parecem o núcleo da questão no estereótipo nas ficções. Estes valores de “presença” e “relação” se inserem como questionamentos de grande parte dos filmes, muitos ficcionais que foram feitos sob a égide da indústria hollywoodiana e que demonstrem ser feitos sem uma pesquisa prévia do local, da região ou das questões culturais envolvidas ou, na maioria das vezes, travestidos aos interesses da indústria cinematográfica. Sempre em contornos do imediatismo na representação.

A Indústria como filtros de olhares dos estrangeiros

O estereótipo carrega aspectos negativos, assim, como quando somos representados, sentimos essa negatividade ao vermos a nossa imagem distorcida no espelho/tela.  No documentário Olhar Estrangeiro e no livro de Amancio, o posicionamento é incisivo: mostrar que o Brasil serve de “petisco” a um mundo europeu e norte americano, ansioso por nos conhecer, e se não bastasse nos rotular em figuras estereotipadas. O Brasil que sempre implica o olhar do viajante, de projeções utópicas, imagens que são construídas muitas vezes de “dentro” de nosso país, porém vulgarizadas e consumidas do lado de fora, respondem a essa curiosidade excessiva na figura desta terra objeto da imaginação em filmes. O estereótipo não reside na construção de um passado ou dos mais diversos audiovisuais históricos, os exemplos deste ensaio são atuais e tornam a se repetir, o que muda como evolução histórica frente a tais representações, é o sentimento de revolta e de não aceitação a tais parâmetros.

O cinema, fundamentalmente com a concepção da indústria, se utiliza de códigos prontos e baseia no estereótipo a forma de dar a conhecer através da forma simplificada, utilizando de imagens pré-concebidas no imaginário do espectador, para não ter de explicá-las, “mastigá-las”, não tomando assim o tempo da construção da narrativa. Da indústria, orientados por fatores da imagem com o poder, indicando também que uma das grandes finalidades da construção de estereótipos é a razão ideológica ou de propaganda a muitos condicionantes simbólicos.

Na relação da intencionalidade na construção de uma imagem estereotipada do Brasil, os filmes são postos na qualidade de um país em planos simbólicos da curiosidade Européia e Norte Americana. Por muito tempo eixo do pensamento mundial, potências culturais e econômicas, munidas não apenas dos instrumentos de registro cinematográficos, mas “fortalecidas” por uma indústria do cinema passam a construir com base nas suas concepções e de forma equivocada as imagens audiovisuais que são clarificadas em filmes antropológicos, documentários e filmes de ficção. Na antropologia perdura a curiosidade aliada aos aspectos científicos surgem contrapontos para o etnocentrismo. Muitas vezes a “curiosidade” nos filmes diversos são típicas de um viajante aliada a uma estética do consumo da indústria cinematográfica. Sob certos aspectos, seja do espetáculo da imagem na mídia ou na indústria do cinema, sempre há a relação do olhar e do espetáculo em detrimento da ética e muitas destas relações são do estereótipo.

A Proposição de não Aceitação

O cinema é o campo favorável ao imaginário, razão pela qual a sua teoria foi privilegiada. Por direito, toda imagem socialmente difundida em um dispositivo específico resulta da mesma abordagem, já que, por definição a imagem representativa atua no duplo registro e na dupla realidade de uma presença e de uma ausência. Toda representação encontra-se com o imaginário, provocando redes identificadoras e acionando a identificação do espectador consigo mesmo com o espectador que olha. Porém na acepção do estereótipo, esta relação de identificação é colocada à prova. As representações humanas sempre existirão e estarão sempre em evidência, pois tratamos de uma sociedade cada vez mais mediada por audiovisuais. Entendendo que as produções de imagens e representações jamais serão gratuitas e que, desde sempre, elas foram fabricadas para determinados usos individuais ou coletivos, implicando sempre em uma finalidade. Colonialismo? Curiosidade? Equívoco? Propaganda? O estereótipo seja nos filmes de ficção, no documentário, na publicidade ou com maior tensão/reflexão em filmes de cunho antropológico, nos fazem questionar a finalidade por que tais filmes são concebidos e de que forma estes olhares são lançados?

Existe uma premissa básica da ética na representação, e que é esquecida em filmes ficcionais e constantemente questionada nas narrativas documentais e antropológicas. Essa premissa passa pela representação a partir da veracidade e partilha do olhar que se lança ao “outro”, e aqui como objeto de tensão trazemos a dimensão do estereótipo. Documentário e filmes antropológicos têm no seu modus operandis condições que cobram dos cineastas valores éticos sobre a representação, diferentemente dos filmes de ficção quando algumas premissas são esquecidas e a partir da construção em grande parte conjugam olhares preconceituosos forjados nos clichês e estereótipos quase sempre sob o verniz da indústria.

Estereótipos são códigos repetidos, propaganda, e por bem dizer “atalhos” da representação. Na acepção de balizas éticas, questiona Bill Nichols (2005:178) “como podemos representar os outros ou falar deles, sem reduzi-los a estereótipos, joguetes ou vítimas?”. Interrogar o valor ético das representações é o papel que se cumpre na construção do olhar, devendo ser um patamar a ser discutido em todas as representações no audiovisual. O Brasil historicamente se transforma no centro de inúmeros registros e construções imagéticas fundamentalmente simbólicas por parte do observador estrangeiro. Seria curiosidade ou eterno colonialismo?

A curiosidade Européia e Norte Americana, eixos do pensamento, potências culturais e econômicas, munidas não apenas dos instrumentos de registro cinematográficos, mas “fortalecidas” por uma indústria do cinema passam a construir com base nas suas concepções e de forma equivocada as representações estereotipadas em audiovisuais. Através desta “curiosidade” típica de um viajante aliada a uma estética do consumo da indústria cinematográfica travestem o olhar sobre o outro. O Estereótipo passa por todos os questionamentos: colonialismo, curiosidade, equívoco, propaganda. Na realidade os estereótipos sempre devem ter por base o questionamento, por quê razão tais filmes são concebidos e de que forma estes olhares são lançados?

Quanto aos próprios representados;, que tipo de reação o olhar do outro sobre nós consegue provocar? Repulsa, aceitação, identificação ou estranhamento? O olhar redutor típico dos clichês e estereótipos toma forma na representação, nos trazendo a realidade uma imagem quase sempre customizada e previsível de um Brasil por estrangeiros é o que nos propomos refletir neste ensaio. A nosso ver, e como objeto teórico de análise no campo das ciências sociais, o estereótipo se cristaliza no cinema, tornando-se assim um tema profícuo de verificação nos estudos do audiovisual e, como visto, sempre se repetindo e nos consumindo.

* Régis Orlando Rasia é graduado em Publicidade e Propaganda pela UNIJUÍ, pós-graduado em Cultura e criação pelo SENAC Porto Alegre e Mestrando em Multimeios pela UNICAMP.

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