Lilian (Luigi Oliveira, Senac, 2011)

Lilian é um curta metragem interativo realizado pelos alunos do Centro Universitário Senac em 2011, dirigido por Luigi Oliveira. Um assassinato ocorre e o jogador/espectador deverá solucionar o crime como detetive, contando com muitas possibilidades para se chegar até o final. Recomenda-se uma internet com velocidade boa para participar do curta.

Por Vinicius Gobatto *

RUA: Qual o contexto universitário que levou a realização do curta? E em que vocês se basearam?

Luigi Oliveira: No quarto semestre temos que realizar um projeto de multimídia para ser aprovado e realizado. A escolha de um curta-metragem interativo foi a ideia inicial, pois queria seguir um modelo de produção próximo do de um filme de ficção convencional, com filmagens, atores, decupagem, etc. Pela possibilidade de interação, fazer um filme investigativo, onde o espectador deveria incorporar o papel de um detetive de polícia e solucionar um crime misterioso, pareceu a mais frutífera para a ideia ganhar força.

RUA: Como foi o processo de produção de um curta interativo?

LO: O processo foi muito semelhante ao de um curta metragem. Além do roteiro, havia um fluxograma [para acessar o fluxograma, clique aqui] com todas as variações possíveis, que somavam em mais de cinquenta. Contamos com alguns imprevistos, principalmente relacionados à locações e atores, e em função disso o roteiro teve que ser adaptado, mas no geral tudo ocorreu de forma esperada. Durante a edição o roteiro também mudou. Enquanto algumas propostas de interação não foram possíveis, outras foram surgindo de acordo com o material captado. Depois foi só fazer o upload das cenas no Youtube e colocar os devidos links nos pontos determinados.

RUA: Quais foram as maiores dificuldades enfrentadas para a realização desse curta? Houve dificuldades para a interatividade não ficar redundante?

LO: A gravação em si foi o mais complicado, principalmente pelo número excessivo de cenários. Tivemos que montar em uma única locação (uma clínica ginecológica) a delegacia, a imprensa e o galpão abandonado. Além disso, infelizmente acabamos perdendo uma cena de transição depois que minha câmera foi roubada. Como toda a interatividade já estava no fluxograma, foi relativamente fácil montar os pedaços. Tentamos mesclar dois tipos de trabalhos distintos encontrados no Youtube: os jogos, bem complexos, mas com pouca, se não nenhuma narrativa; e os curtas interativos, como o Deliver me to hell, que contam com uma narrativa mais elaborada, mas de poucas escolhas. A proposta era tentar tornar o filme o mais imersível possível, onde o espectador pudesse interagir com tudo e todos à sua volta. Houve posteriormente uma tentativa de fazer um DVD interativo, mas devido à restrições na programação, não pode ser realizado.

RUA: Você tem alguma dica para quem tem interesse em um projeto interativo como Lilian?

LO: O mais importante é ter em mente o resultado, para saber exatamente como gravar. Além do roteiro, deve haver um fluxograma com todas as possíveis variações e escolhas. Através do fluxograma, dá para fazer a listagem de todas as opções possíveis que o espectador pode trilhar. Lilian tem um total de sessenta e quatro opções, isso se o espectador não voltar à cena assistida.

RUA: A história se trata de uma investigação policial, tema bastante recorrente no audiovisual. Vocês tiveram receio da história ficar um pouco clichê?

LO: Ser clichê foi uma preocupação inicial, mas justamente pela forma diferente de ser realizado, optamos por assumir e tornar Lilian o mais simples possível, para o espectador compreender e interagir. A proposta era exibi-lo para o maior número de pessoas possíveis. Acredito que dessa forma, ele poderia ter sido melhor divulgado, mesmo chegando próximo das mil visualizações. Quanto ao formato, acredito que a escolha foi positiva, e tenho interesse em desenvolver outro projeto semelhante.

RUA: Quais são seus projetos recentes e futuros?

LO: Aprovado recentemente, nosso próximo projeto é um documentário polêmico, sobre pessoas que tiveram algum contato com seres extraterrestres. As filmagens estão previstas para o próximo semestre.

* Vinicius Gobatto é estudante de Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos e editor da RUA.
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