MOSCA 8 / Dia #2 – Mostra Internacional

Por Lidiane Volpi *

A noite da quinta-feira, 11, iniciou-se com a exibição de curtas metragens internacionais, através da Mostra Internacional I, na 8ª MOSCA. Os quatro filmes exibidos provinham das mais variadas partes do globo, porém, todos, cada qual à sua maneira, trouxe a temática da solidão para a tela grande.

O primeiro curta exibido, o espanhol Sol Areia Sobrevivência, de Álvaro Moro e Óscar Cavalleç,  explicita a tensa história de dois homens provenientes de grupos rivais ligados a máfia que, após intensa troca de tiros, sobrevivem em meio ao deserto, cada qual situado atrás de uma pequena rocha, como meio de escapar de possíveis investidas do inimigo.  É possível, então, fazer analogia direta ao título – sol e areia encontram-se em abundância em locais desérticos e a sobrevivência, além de estar ligada com a situação de tensão inicial, também se faz valer para o ambiente, onde as condições climáticas são adversas. No final, impera a lei do mais forte entre os dois homens. Ainda adiante há o deserto, um meio antagônico que se sobressai, mas dessa relação nada sabemos, o filme termina na afirmação explicitada no trecho anterior.

O segundo filme também advém da Espanha. Tauromaquia, de Pedro Gusmão, conta em capítulos explicativos, tal qual um livro de história ou enciclopédia, a fascinação por touros intrínseca a sociedade espanhola, bem como mescla esses recursos com fragmentos imagéticos donde é possível depreender a solidão expressa pelo personagem central. Um velho toureiro caminha solitário trazendo consigo apenas a vestimenta característica dessa atividade. Em meio a imagens de arquivo e narrações que remetem a glória da atividade toureira na Espanha, tem-se a visualização de um homem solitário, que traja-se de toureiro e pinta-se de palhaço para animar festas infantis, ao final do filme.

Ainda em língua espanhola, mas localizados em outro continente, os argentinos de Sobremesa/ Enquanto Isso, de Lucia Ferreyra, estão sós consigo mesmos, mas compartilham de sua solidão com aqueles que habitam a mesma casa. Martin cuida de Pedro, senhor idoso com a saúde debilitada, e da casa onde os dois residem. Com a chegada da neta de Pedro, a solidão de Martín parece externar-se. Em dado momento, Martín e a moça passam a manter um relacionamento amoroso. Ainda assim, Martin parece relacionar-se sozinho, com os rastros da moça que passa. E com a mesma brevidade que chega na casa, a moça se vai, para a Espanha, país dos curtas que abriram a mostra de quinta-feira.

Mupepy Munatim, filme português de Pedro Peralta, segue os passos de um homem que regressa para Portugal com objetivo de acertar as contas com a memória da mãe. Durante boa parte dos 18 minutos, vemos um homem vagar pequeno em meio a planos abertos deflagrantes da bela paisagem circundante, capaz de tornar visível a solidão inerente ao personagem na busca pelo túmulo materno.

O curta que fechou a primeira parte da mostra internacional, o alemão Amanhã, de Pedro Gonçalves, contara história de uma mulher estrangeira em território alemão e o sentimento de não pertencimento àquele local. Centrado no amor romântico – em certo momento do filme, a personagem deixara um origami em meio aos livros de  um homem com o qual tivera um momento de flerte  –  o filme fora capaz de sobressair a este caráter em certos momentos, e explorar a relação da jovem com o trabalho e suas perspectivas de vida.

IMG_9250

Ao final, o ex-aluno de Imagem e Som, Vitor Romera, iniciou os debates acerca dos filmes visualizados. O público da mostra, como tem-se visualizado desde o primeiro dia, fora bastante participativo e incisivo ao tecer opiniões acerca da temática corrente, as especificidades de cada filme e as sensações que cada qual fora capaz de provocar.

* Lidiane Volpi é estudante de Imagem e Som na Universidade Federal de São Carlos e editora da RUA.

Author Image

RUA

RUA - Revista Universitária do Audiovisual

More Posts

RUA

RUA - Revista Universitária do Audiovisual

Deixe uma resposta