* Por Henrique Rodrigues Marques
Foi com a Mostra Brasil IX que a MOSCA encerrou o ciclo de sessões em 2013. Iniciada as 22 horas e 30 minutos e composta por curtas sobre o universo adolescente, o pacote foi uma excelente escolha tanto para o sábado a noite quanto para fechar o festival.
A animação A Última Reunião Dançante, de Lisandro Santos, foi o primeiro da série. O curta narra a história de Jonas, um garoto que repetiu a oitava série e tem alguns dias antes que as férias comecem e uma última reunião dançante para conquistar a garota de seus sonhos. A técnica de animação utilizada é bastante simpática, mas é no roteiro que se encontra o ponto alto do filme. Recheado de referências aos anos 80, o filme causou nostalgia nos espectadores com mais de 30 anos, mas sem esquecer de cativar os mais jovens.
Após a saga do mocinho de 13 anos que descobre as delícias do primeiro amor, fomos apresentados a Camila, uma jovem que cansou de desilusões amorosas e relações vazias de balada. Bem delicada e de fácil identificação, Tudo Bem de Christopher Faust retrata sem exageros as frustrações de ser um jovem adulto. Já a parte técnica, do figurino a trilha sonora, cedem ao curta uma estética descolada.
Leve-me Para Sair de José Agripino foi o único documentário desse ciclo. Construído em cima de depoimentos adolescentes gays, meninos e meninas, que vivem em São Paulo, o filme traça paralelos e divergências nas opiniões de cada um deles sobre sexualidade, amor e afins. Todos os entrevistados se apresentam de forma bem segura e falam de diversos temas sem qualquer receio.
E o encarregado de ser o último curta exibido nessa edição da MOSCA foi Elefante na Sala de Guilherme Petry. Com muitos elementos que nos remetem ao cinema de Gus van Sant, desde o título da obra até escolhas de figurino, o vídeo sem falas transparece em cada quadro o tédio e a solidão que cercam seu protagonista. Com um desfecho forte, o filme deixou a plateia com muitas questões a serem refletidas.
Além da já citada temática adolescente, durante esse último debate fora notada a existência de uma busca por identidade que permeia os quatro filmes exibidos. E talvez seja nesse assunto, tão em voga atualmente e tão universal, que se encontra a verdadeira voz de cada uma das obras. Mesmo os membros mais velhos da audiência conseguiram notar, em algum conflito ou questionamento dos personagens, algo deles próprios. Infelizmente – e até mesmo ironicamente – essa sessão foi, das que eu acompanhei, a com menor presença do público entre 14 e 18 anos. Uma pena. Com certeza muitos deles teriam depoimentos tão interessantes quanto os daqueles personagens para acrescentar ao assunto.
* Henrique Rodrigues Marques é estudante de Imagem e Som na Universidade Federal de São Carlos e editor da RUA.