Representação semiótica de René Magritte dentro do filme (500) Dias com Ela

Rafaela Bernardazzi Torrens Leite*

RESUMO

Analisa-se neste artigo, por meio da leitura semiótica, o uso de referências externas dentro de produtos audiovisuais. Busca-se fazer uma interpretação analítica, usando elementos de estudo da semiótica para explanar a representação do quadro O Filho do Homem de René Magritte dentro do filme (500) Dias com Ela. Usando como base para análise alguns autores da semiótica, estudo da imagem e surrealismo, como: Lucia Santaella, Jacques Aumont e Fiona Bradley. A crescente utilização de alusões mostra-se cada vez mais integrada ao cotidiano do espectador e, com isso, surge também a necessidade de fundamentar os processos interpretativos, baseando-os na semiótica dos elementos presentes, utilizados como referentes externos.

INTRODUÇÃO

Com a ampliação das formas de comunicação, principalmente no âmbito tecnológico da internet, o alcance à informação torna-se cada vez mais reconhecido e utilizado pelos usuários. Novas gerações acomodam-se com o uso contínuo de ferramentas de busca online ou outros modos de busca virtual. Com isso, cresce a quantidade de informação que, os usuários absorvem, e, junto a este fenômeno há a necessidade de tornar tais ferramentas cada vez mais úteis e modernas.

Seguindo essa expansão, os meios de comunicação audiovisuais, em sua maioria canais televisivos e produtoras de filmes, incorporam novas formas de atrair esse público interessado em novas informações, independente do grau de importância que estas têm no cotidiano.  Seja através de ferramentas online, em sites e hotsites, como por meio de atualização dos próprios produtos que são veiculados por essas empresas, ou seja, introduzindo fatos reais, ou referências ao material veiculado.

Os produtos audiovisuais estão cada vez mais envolvidos com referências diretas e indiretas de cunho verbal, com diálogos que remetem às referências diretas e indiretas de cunho verbal, sonoro (voltado para a trilha sonora ou efeitos sonoros), visual (representações diversas em objetos cenográficos, iluminação, maquiagem, vestimenta, etc.), ou verbo-sonoro-visual de forma híbrida.

O objeto de estudo desse artigo está direcionado para a análise semiótica da cena descritiva sobre o dia 109, do filme 500 Dias com Ela (500 Days of Summer, Marc Webb, 2009) onde Tom, personagem principal, visita pela primeira vez a casa de Summer. Nesta cena observam-se elementos dispostos no ambiente cenográfico como quadros, uma mesa de centro, um livro, um chapéu coco e uma maça verde, entre outros. Com esse ambiente descrito observamos uma representação do quadro O Filho do Homem¹ de René Magritte, datado de 1964, no qual uma maça verde está disposta em cima de um chapéu coco.

Será utilizado como referência para estudos os autores Jacques Aumont, especialmente no estudo da imagem e sua representação dentro desta cena; Fiona Bradley, introduzindo a temática surrealista e integração do movimento artístico na vida do pintor René Magritte; Lucia Santaella, confirmando a relação semiótica do elemento (chapéu coco e maçã verde) com o ambiente audiovisual ao qual está envolvido (narrativa do filme).

Com isso, o trabalho busca mostrar como um elemento coadjuvante, que funciona como complemento cenográfico dentro de uma cena, pode ter uma representação bem maior ao qual é proposto, carregando explicações dentro de um contexto mais amplo e representando semioticamente elementos presentes, e ausentes na linha narrativa do produto audiovisual.

Quadro “O Filho do Homem”, René Magritte (1964)

Parte 1. Localização do objeto de estudo dentro da indústria audiovisual

Com os lançamentos da indústria de entretenimento na última década, principalmente a estadunidense, observamos que os produtos audiovisuais que recebem mais atenção da mídia trazem referências constantes ao que acontece no mundo, com fatos que já ocorreram e que estão acontecendo, sejam eles envolvidos, ou não, com entretenimento.

Algumas séries ficcionais de TV como: Two and a Half Man, The Big Bang Theory, Gilmore Girls, Friends, Grey’s Anatomy, Glee, How I met Your Mother, House, entre outras, tem parte do seu roteiro baseada em referências a acontecimentos globais, citações acadêmicas, referências diretas a filmes, livros, grupos musicais, entre outros, que interferem, muitas vezes, no entendimento da narrativa.

O filme (500) Dias com Ela, distribuído pela Fox Searchlight Pictures, e escrito por Scott Neustadter e Michael H. Weber, foi um dos principais lançamentos da empresa em 2009, com um investimento de mais de US$ 7,5 milhões (sete milhões e meio de dólares), e arrecadação superior a US$ 60 milhões (sessenta milhões de dólares), e recebeu prêmios em festivais, como melhor roteiro e melhor filme de comédia romântica. Sendo reconhecido também por jornais e revistas como: Chicago Reader, Associated Press, New York Daily News e pela revista Rolling Stone, como um dos dez melhores filmes de 2009.

O filme segue o padrão de comédias românticas norte-americanas, mas amplia os horizontes trazendo referências a obras de arte, grupos musicais, arquitetos, entre outras.

No site do filme podemos encontrar uma sinopse:

Essa é uma história de um garoto que conhece uma garota, começa aí a ironia, contada pelo narrador de 500 Dias com Summer, e com isso o filme começa em alta velocidade, em uma descrição única, engraçada, verdadeira, do incontrolável e imprevisível um ano e meio de um jovem e seu caso de amor sem limites. Tom, o garoto, ainda acredita, mesmo nesse mundo moderno e cínico, na noção de transformação, destino cósmico, “o raio que só cai uma vez no mesmo lugar” como o amor. Summer, a garota, não. Não mesmo. Mas isso não impede Tom de ir atrás dela, de novo e de novo, como um Dom Quixote moderno, com toda sua força e coragem. De repente Tom está apaixonado não somente por uma adorável, espirituosa e inteligente mulher – não que isso faça diferença – mas pela ideia de Summer, pela ideia de que o amor ainda tem força para chocar o coração e parar o mundo (tradução nossa, online).

Confirmando que o filme, mesmo tendo uma linguagem um pouco diferente dos outros lançamentos cinematográficos norte americanos, ainda busca o mesmo público alvo dos outros filmes.

Parte 2. Apresentação da obra de René Magritte

Pintor do movimento surrealista, René François Ghislain Magritte nasceu em 1898 na Bélgica, sendo reconhecido como um dos principais artistas do surrealismo. Pintou mais de mil telas e tem como principais características expressar dentro das suas obras elementos corriqueiros do cotidiano e transformá-los em expressão visual dentro do quadro.

Dentre eles, Magritte pintou frutas, chapéus coco, nuvens, cachimbos, espelhos, janelas, guarda-chuvas, pássaros, laços, portas e outros diversos objetos, porém de forma surreal, exprimindo pensamentos que até hoje são contraditórios. Optou pela pintura de sonhos para expressar em seus quadros suas opiniões e sentimentos.

Na pintura de sonhos, a imagem era conscientemente escolhida e pintada com realismo. A fim de “fotografar” imagens da “irracionalidade concreta”, sugestivas de um estado onírico, os pintores mais próximos dessa fase do surrealismo – Dalí, Magritte, Tanguy e Ernst – recorreram a uma técnica de pintura bastante minuciosa. A pintura de sonhos deve muito à colagem e à pintura de colagens. […] As pinturas de sonhos baseiam seus efeitos na justaposição, para apresentar os objetos com certo ilusionismo alucinatório, ou de maneira imediatamente reconhecível […]. (BRADLEY, 2003, p. 33)

Situações e objetos reais dentro de um mundo surreal, com o intuito de refletir o sentimento das personagens envolvidas na cena retratada.

Magritte cria uma discussão entre objeto e linguagem empregada para a transmissão da mensagem para o observador. Exemplo disso é o quadro A traição da imagem no qual está escrita a frase “Leci n’est pás une pipe4 logo abaixo da figura pintada de um cachimbo.

Como notamos durante a apresentação das obras de Magritte, onde objetos e/ou pessoas estão dispostos de modo a serem reconhecidos rapidamente pelo espectador. Fiona ainda completa que no surrealismo “[…] o artista pretende simular as condições do sonho: o que é, de repente, encontrar-se num mundo governado pelas normas aparentemente sem sentido do sonho. A pintura monta uma cena de alucinação” (BRADLEY, 2003, p. 36).

Criando dessa forma a sensação de confusão, na qual não se sabe ao certo se estamos no mundo real, ou em um mundo ilusório.

Parte 3. Reconhecimento da análise e comparação

O uso de referências externas durante o filme não ocorre somente na cena citada anteriormente, outras comparações com referências ocorrem durante a narrativa da história.

Diversas vezes a banda The Smiths é citada de diferentes formas, seja de indiretamente ou o uso do próprio nome. Outras figuras importantes como Henry Miller, René Magritte e Ringo Starr também são citadas ao longo do filme. Até mesmo uma releitura de uma cena do filme O Sétimo Selo (Det sjunde insglet, Ingmar Bergman, 1957), foi colocada em (500) Dias com Ela.

Cena do filme (500) Dias com Ela
Cena do filme O Sétimo Selo

Porém, foquemos no objeto de estudo selecionado para esse caso, a representação do quadro O Filho do Homem na cena referente ao dia 109 da narrativa. Uma cena peculiar dentro do filme, uma vez que é a primeira vez que Tom, personagem principal, visita a casa de Summer.

Entrando no cômodo, Tom observa detalhes que antes ele só sabia pelos relatos dela. Nessa cena, Tom experimenta a sensação de desvendar um pouco mais sobre a história de vida de Summer, seus gostos e características. Elementos que moldam sua personalidade e auxiliam no entendimento da construção da personagem.

A escolha de René Magritte para ser o pintor marcado como o preferido de Summer, é bastante representativa uma vez que uma das principais características de Magritte era cobrir o rosto das personagens que aparecem em seus quadros, talvez reflexo de um trauma de infância. Aos treze anos de idade a mãe do pintor Magritte foi encontrada morta, após se atira dias antes de uma ponte. Ao ser retirada da água a única vestimenta que cobria seu corpo eram trapos ao redor do rosto.

Em meio a esse histórico psicológico do pintor, a escolha de um quadro desse artista, mais especificamente do O Filho do Homem, seria uma representação para a personalidade misteriosa da personagem, sendo representada de forma semiótica a partir do elemento que liga a ideia do pintor com a personalidade, tal ligação é realizada ao introduzir na cena o chapéu coco com uma maça verde em cima.

Estando presente na moradia da personagem e fazendo parte de objetos que estão ligados diretamente aos gostos particulares dela, esses elementos que formam sua personalidade e funcionam, dentro de uma leitura semiótica, como uma explicação para sua atuação misteriosa no desenvolvimento do enredo apresentado no produto audiovisual.

As primeiras referências relacionadas ao pintor começam ainda no início do filme, logo no minuto quatorze Tom cita que Magritte é o pintor favorito de Summer. Tal ação introduz ao espectador a ideia do elemento formador do dispositivo social. O dispositivo social, como cita Jacques Aumont (1993), reflete-se nesse estudo como a representação da obra O Filho do Homem, de René Magritte, dentro da cena.

[…] o dispositivo é o que regula a relação entre o espectador e suas imagens em determinado contexto simbólico. Ora, ao final desse apanhado dos estudos relativos aos dispositivos de imagens, o contexto simbólico revela-se também necessariamente social, já que nem os símbolos nem a esfera do simbólico em geral existem no abstrato, mas são determinados pelos caracteres materiais das formações sociais que os engendram.

Assim, o estudo do dispositivo é obrigatoriamente estudo histórico: não há dispositivo fora da história. Essa observação pode parecer trivial (há algum fenômeno humano que esteja fora da história?), mas deve ser formulada explicitamente, já que a própria noção teórica que busca a universalização de seus conceitos – a começar pelas noções de inconsciente ou de ideologia, que talvez não sirvam para analisar os efeitos simbólicos produzidos em todas as sociedades humanas. (AUMONT, 1993, p. 192)

O envolvimento do público com esse contexto simbólico, no caso as artes plásticas, é construído ao longo do roteiro juntamente com a direção de arte, que organiza a cenografia dos ambientes que servirão como complemento de significação uma vez que tudo que aparece em um produto audiovisual interfere na interpretação da obra no final. A história então envolve não somente o repertório do espectador como os próprios elementos inseridos na ambientação das cenas, trilha sonora, roteiro, sendo a partir do envolvimento de todos esses elementos simbólicos, entre outros, gerada a compreensão pessoal sobre o conhecimento que está sendo absorvido no formato de filme.

Frames retirados da cena referente ao dia 109

A interpretação da cena é livre, contudo todos os fatos e características estão dispostos na imagem, basta ao espectador interpretá-la da forma como achar mais correta, de acordo com o próprio repertório. Ao acompanhar o enredo do filme e unir pensamentos nele relatados ao longo da narrativa é possível conectar os fatos de que a personagem gosta do pintor René Magritte e pesquisando sobre a história do surrealismo e sobre características da obra do pintor é possível afirmar que Magritte usa maçãs verdes como objeto recorrente no seu trabalho artístico.

É importante, portanto, fazer uma nítida distinção entre realismo e analogia. A imagem não é forçosamente a que produz uma ilusão de realidade […]. Nem é mesmo forçosamente a imagem mais analógica possível, e sua melhor definição é a imagem que fornece, sobre a realidade, o máximo de informação. Ou seja, se a analogia diz respeito ao visual, às aparências, à realidade visível, o realismo diz respeito à informação veiculada pela imagem, logo à compreensão, à intelecção. (AUMONT, 1993, p. 207)

Analisando semioticamente esses dois fatos, pode-se concluir que, essa cena faz uma referência direta ao pintor e seu quadro O Filho do Homem. Os elementos geram dispositivos de entendimento, transportam-se em produtos com significados a partir do momento que os avaliamos denotativamente sua relação histórica-interpretativa. Além de uma construção da cena percebida ao se analisar a cenografia e composição imagética a partir da disposição dos demais elementos que estão presentes na montagem da cena como os quadros ao fundo, o livro sobre artes plásticas posicionado abaixo do chapéu, introduzindo o pensamento que a personagem tem um envolvimento com a temática artística.

Dessa forma, produz-se semioticamente significado a um objeto em cena sem necessariamente citá-lo. O nome do pintor foi mostrado anteriormente no filme, contudo mesmo sem essa citação seria possível identificá-lo. Refletindo que um elemento implantado dentro de uma cena pode guardar significados mais profundos que completam e acrescentam dispositivos sociais nos produtos audiovisuais, nesse caso o filme (500) Dias com Ela.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo proporcionou a integração do estudo da semiótica em meio aos produtos audiovisuais, uma vez que traz características que se mostram recorrentes entre formatos usados na atual produção audiovisual veiculada nos principais meios de comunicação atuais.

Atrelar significados históricos em produtos veiculados na mídia leva a um leque de possibilidades significativas dentro do próprio dispositivo que se propõe a interpretação por parte do espectador que busca seu ponto de vista singular.

Dá-se a uma cena um significado muito maior ao observar semioticamente seus elementos ali dispostos. No caso apresentado a cenografia reafirmou a presença das referências feitas anteriormente ao pintor Magritte, porém mesmo sem a prévia apresentação dele de forma verbal no filme seria possível uma leitura a partir do ponto de vista semiótico interpretativo da cena.

Com isso, mostra-se relevante o estudo e a preocupação de análise e disposição de objetos em cena, sendo que tais elementos podem acarretar mudanças de significado da narrativa ou reafirmação de contexto que podem interferir na interpretação final do produto audiovisual.

A reafirmação da personalidade misteriosa da personagem Summer é mostrada através do simbolismo dos elementos dispostos na cenografia referente ao dia 109 do filme (500) Dias com Ela, quando o quadro O Filho do Homem é retratado com o uso de apenas dois objetos (um chapéu coco e uma maça verde).

Desse modo, elementos que não tem envolvimento constante dentro do contexto narrativo verbal, influenciam na explicação de uma característica da personalidade da personagem central da narrativa fílmica. A construção da cena auxilia uma contextualização a qual o roteiro está atrelado, complementando os recursos para construção da personalidade da personagem, trabalhando paralelamente a outros elementos funcionais da narrativa audiovisual.

* Rafaela Bernardazzi Torrens Leite é graduada em Comunicação Social com habilitação em Radialismo (2011 – UFRN), mestranda no Programa de Pós-graduação em Estudos da Mídia (UFRN).

1 Título original: “The Son of Man”.

2“This is a story of a boy meets girls, begins the wry, probing narrator of 500 DAYS OF SUMMER, and with that the film takes off at breakneck speed into a funny, true-to-life and unique dissection of the unruly and unpredictable year-and-a-half of one young man’s no-holds-barred love affair. Tom, the boy, still believes, even in this cynical modern world, in the notion of a transforming, cosmically destined, lightning-strikes-once kind of love. Summer, the girl, doesn’t. Not at all. But that doesn’t stop Tom from going after her, again and again, like modern Don Quixote, with all his might and courage. Suddenly, Tom is in love not just with a lovely, witty, intelligent woman – not that minds any of that – but with the very idea of Summer, the very idea of a love that still has the power to shock the heart and stop the world” (online)

3 Fonte: < http://www.foxsearchlight.com/500daysofsummer/>.

4 Tradução nossa: “Isto não é um cachimbo”.

REFERÊNCIAS

(500) Days of Summer. <http://www.foxsearchlight.com/500daysofsummer/> Acessado em: 16 fev 2011.

AUMONT, Jacques. A imagem. São Paulo: Papirus,1993.

BRADLEY, Fiona. Surrealismo. São Paulo: Cosac Naify, 2003.

MACHADO, Francisco; THOMAZ, Patricia. As dez classes principais de signos segundo Charles Sanders Peirce. Disponível em: <http://www.faac.unesp.br/eventos/jornada2005/trabalhos/15_francisco_machado.htm>

Acessado em: 12 fev. 2011.

René Magritte. <http://renemagritte.com.br/> Acessado em: 16 fev. 2011.

SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. 19ª reimp. São Paulo: Brasiliense, 2003.

_____. Semiótica Aplicada. São Paulo: Cengage Learning, 2008.

_____. Teoria geral dos signos. São Paulo: Pioneira, 2000.

VOLLI, Ugo. Manual de semiótica. São Paulo: Edições Loyola, 2007.

<http://artetropia.blogspot.com/2009/06/rene-magritte-o-ilusionista-da-arte.html>

Acessado em: 13 fev 2011.

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