Show Macunaópera


Entrevista com Iara Rennó antes do show

O espetáculo Macunaópera Tupi, Macunaíma Ópera Tupi ou ainda Macunaó.Peraí.Matupi, apresentado pela artista Iara Rennó, iluminou o palco do Teatro Florestan Fernandes (localizado na UFSCar – Universidade Federal de São Carlos) na noite do dia 26 de junho, uma sexta-feira ocupada para os estudantes em final de semestre, que nem por isso deixaram de comparecer ao evento. E não só de estudantes o evento se abastecera; a população são-carlense também foi presente, assim como pessoas vindas de cidades vizinhas, tal qual Araraquara.

Iara, que também integra a banda DonaZica, formada em 2000, compôs as músicas apresentadas nesse espetáculo tendo como base trechos extraídos da obra Macunaíma – O Herói sem Nenhum Caráter, de Mário de Andrade, escrita em 1928, mais excertos de cancioneiros populares folclóricos do Brasil, surgindo assim o interessante Macunaópera. Segundo a cantora, a ideia de tal montagem surgiu quando Iara releu a obra na faculdade, sentindo toda a musicalidade e ginga contidas naquelas palavras escritas há tantos anos. O projeto ficou em gestação pelo período de nove anos até que o disco fosse concebido, e bem recebido.

Macunaópera é um show multi-linguagens, e já montamos essa noção a partir de ligação de Macunaíma com ópera; o encontro da música com literatura. Iara descreve Macunaíma como uma obra bastante visual, daí então surgindo à ela a ideia de misturar elementos de dança, luzes e sons diversos, e vídeo-arte, sob um mesmo palco. Essa convergência de linguagens se mostra muito eficaz em atingir o público, o qual vem crescendo, e que lotou a casa naquela noite, dançando e pedindo bis à Iara e sua banda, a qual conta com Guilherme Held (guitarra), Daniel Gralha (trompete e fluguelhorn), Karina Buhr (percussão e vocais), Du Moreira (sintetizadores), Curumin (bateria e samples) e Paulo Henrique (trombone). Atendido o pedido de bis, a banda fez o Teatro Florestan voltar a sacudir por mais duas músicas.

O show de Iara Rennó, trazido pela CEC (Coordenadoria de Eventos Culturais) da UFSCar, integrando o projeto Música na Cidade, e apoiado pelo PROAC (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo), sacudiu e levantou os ânimos do público, criando grandes e agradáveis expectativas quanto a esse atual cenário musical brasileiro em formação, repleto de novidades boas.

Juliana Soares é graduanda em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

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Este post tem um comentário

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    Vanderlei

    Grande detalhe é que as letras, do álbum, não são feitas com base no livro de Mário de Andrade, mas na grande maioria das vezes, transcrições inteiras de trechos do livro. Em apenas dois ou três casos há um picado de trechos, mas ainda assim, tudo é tirado do livro.
    No show, houve uns e outros improvisos de Iara, licensa poética, brincando com as palavras e fugindo do dito no livro minimamente.
    E um detalhe menor é que os samples usados para abrir algumas das faixas não estão no álbum também, apenas no show, servindo justamente de introdução, por vezes sem grande relação com a obra, senão pela própria coleção de nossa cultura popular que a obra de Mário de Andrade é.
    Mais, aqui: http://programabluga.blogspot.com/2009/06/macunaopera-no-florestan-fernandes-e_29.html
    E aqui, também: http://programabluga.blogspot.com/2009/05/iara-renno-na-virada-cultural-2009.html

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