Quem quer ser um milionário? (Danny Boyle, 2008)

Jamal não quer ser milionário

Jamal é um menino que nasceu num bairro miserável de Mumbai que consegue participar do programa Who Wants to be a Millionaire? (aqui no Brasil conhecido como Show do Milhão). Mas ele não tem intenção de ser ganhar 20 milhões de rúpias. Jamal quer que seu amor de infância, Latika, o encontre. (Phentermine)

Essa sinopse poderia ser de um filme indiano cafona, mas é do melhor filme do ano (passado). A história, mesmo tendo muitos clichês e obviedades, conseguiu surpreender. E é uma surpresa muito boa.

A culpa é da carinha bonita de Latika
A culpa é da carinha bonita de Latika

O uso de novas influências chama a atenção. A história poderia ser de um típico filme bollywoodiano mas, na verdade, Quem quer ser um milionário? (título original: Slumdog Millionaire) pode ser considerado uma releitura desse formato. Ele utiliza o que tem de melhor no cinema indiano e acelera o ritmo do filme (senão ele seria aqueles romances de 4h, ninguém agüentaria).

O tema romântico é universal, mas em nenhum momento dá para esquecer que o filme se passa na Índia. O Jamal representa o que há de mais marginalizado: nasceu numa favela, é mulçumano, órfão, caiu na merda (literalmente) e tem um irmão que é tão amigo quanto inimigo. E é isso que faz o romance nunca conseguir ser um conto de fadas. Os elementos reais e atuais da miséria da Índia convencem que o amor dos protagonistas também é bem real. E isso é um mérito num filme dirigido por um inglês (ou isso é preconceito meu).

Jamal na merda, literalmente.
Jamal na merda, literalmente.

O ritmo do filme também é resultado de uma influência (não sei se declarada, porém óbvia) do filme Cidade de Deus. Muitas vezes percebe-se a edição de imagens rápida e bem trabalhada que foi usada no filme brasileiro. Parece que o Brasil exportou o melhor jeito de filmar favelas, tornando quaisquer perseguições por ruazinhas muito mais emocionantes.

A romântica história também fica mais atraente por causa do roteiro que abusa de flashbacks que, incrivelmente, não confundem ninguém. São como duas histórias ocorrendo ao mesmo tempo: o Jamal atual, participando do programa de TV, e suas lembranças, que o fazem saber a resposta correta.
Também considero que outra história “paralela” é a relação do protagonista com o seu irmão, Salim.

Logo no começo, percebe-se que Salim é um filho-da-puta. Mas com o decorrer do filme dá para ver que é mais complexo. Se o espectador odeia o Salim, o irmão Jamal o ama e ninguém entende como o menino pode ser tão trouxa. O irmão faz muito mais que dar um tapa na cara de Jamal (isso é normal numa relação fraternal), ele praticamente ferra com toda a vida do irmão, e mais de uma vez. Mesmo assim, em nenhum momento Salim é considerado vilão. Porque ele não é vilão mesmo, ele apenas sofreu mais influência do ambiente e desgraças que aconteceram com os meninos na infância. Mas ele admira Jamal por ter seguido outro caminho, e ter mais esperanças na vida do que ele. Afinal, Salim não é uma pessoa má.

Enfim, o romance bobo de um menino procurando por mais de 15 anos o seu amor de infância se transformou num filme grandioso. Há tempos não há um filme diferente como esse que ganhou tanto reconhecimento como Quem quer ser um milionário?. A sinopse do filme devia deixar claro que o filme fala sobre amor, realidade, caráter humano e esperança de um modo bem sutil, mas universal. Eu não ligo para Oscar (mentira), mas seria uma significante mudança se a Academia desse o prêmio principal para um filme como esse. Seria como reconhecer que o inovador cinema, que também tem como representante Cidade de Deus, também é importante e ameaça a liderança dos entediantes dramas americanos.

Vivian Macedo é graduanda em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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Este post tem 4 comentários

  1. Author Image
    JANAINA

    mto bom o filme adorei….a descrição acima tambem faz juz ao que realmente o filme é…SENSACIONAL. parabéns

  2. Author Image
    MAGNA

    muito bom parabens, fiz um trabalho da faculdade falando sobre o mesmo

  3. Author Image
    francielly

    o filme e muito bom,ja assisti duas vezes.
    fiz um traballho da escola sobre ele.

  4. Author Image
    Raquel

    Esse filmee é um dos melhores que eu já assisti….é muito bom mesmoo eu amooo o Dev a Freida……..recomendooo 🙂

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