
Por Miguel Carreto Bica
Redação RUA
Sendo lançado no começo dos anos 2000, é inevitável que Hellboy iria trazer muito da estética atrelada à essa época, ainda assim, do meio do clichê, sobressai um carinho especial da direção do filme com a individualidade desta propriedade intelectual, ou pelo menos uma tentativa de destacá-la. Em suma, o longa de Guillermo del Toro faz muito para ser único num quesito artístico, mas acaba morno demais em todos os outros cantos, afundando um pouco no monte de filmes similares do começo do Século XXI.
A história conta sobre o titular Hellboy, que é encontrado em uma operação dos aliados contra a Alemanha Nazista após a tentativa de erradicar os inimigos com magia negra. 60 anos após o evento principal, o garoto agora vive em um departamento especializado dos EUA que lida com ocorrências paranormais, em conjunto com outras criaturas também denominadas “aberrações”, as quais agora precisam lutar contra as mesmas pessoas que trouxeram Hellboy para o mundo humano, ressuscitadas e imortalizadas também por magia.
Por mais que o enredo em si seja simples, os personagens que o integram abrem muita margem para conflitos e desenvolvimentos interessantes, cada um à sua maneira, e as formas com que lutam e seus designs (no caso, a tradução para o audiovisual de seus designs) apenas reforçam esse sentimento. Entretanto, o filme peca pelo ritmo bagunçado, que perde mais tempo que deveria tanto em tramas B entediantes, como a relação de Myers (Novo “guardião” contratado de Hellboy) e Liz (Uma das “aberrações” do departamento) quanto em cenas de ação que apesar de boas, se arrastam demais.
No final, Hellboy se consolida mais como um filme que marca o período do começo dos anos 2000 do que qualquer outra coisa, de forma que pode ter sido relevante na formação para a época. Hoje em dia, ainda, com um olhar mais amplo, e de certa forma saturado, o filme parece mais do mesmo, interessante demais para ser esquecido, mas sem deixar uma marca boa o bastante para ser necessariamente memorável.
REFERÊNCIAS:
HELLBOY. Direção de Guillermo del Toro. EUA, 2004, 122 min., cor.