CRÍTICA | O Que Fazemos Nas Sombras (2014), Taika Waititi, Jemaine Clement

Por Arthur Matsubara

Redação RUA

O Que Fazemos nas Sombras (2014) é um dos poucos exemplos de comédia vampírica que acerta tanto no humor quanto da maneira com que lida com o universo dessas criaturas, além de outras como lobisomens, bruxas e zumbis. O longa é um mockumentary, um gênero que começou a ganhar forma como conhecemos nos anos 90 e, principalmente, com a série The Office (2005). Tal formato permite que os diretores tenham maior liberdade com o seu baixo orçamento, justificando efeitos “toscos” como parte da estética documental proposta.

A trama se passa na Nova Zelândia contemporânea onde uma equipe de documentaristas têm acesso à casa de um grupo de vampiros, registrando o dia a dia deles enquanto se preparam para um baile de máscaras do submundo. O ponto forte do filme é a abordagem cômica dos conceitos pré conhecidos dos vampiros, como os crucifixos e a hipnose, se mostrando também nos próprios personagens que representam tipos de vampiros famosos, reinterpretando-os para o contexto atual, como Drácula de Bram Stoker (1992),  o Conde Orlok de Nosferatu (1922) e o Edward da saga Crepúsculo (2008).

Enquanto a cinematografia aposta em algo mais simples, porém eficaz, a direção de arte se mostra rica em detalhes nas decorações do século XIX e XX, criando um ambiente tanto sombrio quanto cômico. O próprio teor cômico do gênero de falso documentário é muito bem utilizado, principalmente quando se trata das interações dos próprios vampiros, mas não se mantém para outros segmentos, como o dos lobisomens.

No geral, o filme se mostra interessante justamente na mescla dessas figuras icônicas do horror que, mesmo partindo do mesmo ponto de referência, são completamente diferentes e contraditórias, criando situações hilárias dentro dessa grande mescla de referências em que, em praticamente todo filme, são utilizadas de forma extremamente inteligente.

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