A Traça Teca (Diego M. Doimo, UFSCar, 2001)

A edição de Março da RUA apresenta um curta-metragem infantil já consagrado em diversos festivais: “A Traça Teca” (2001) de Diego Doimo. O Curta mistura animação com live-action e conta a história de uma traça chamada Teca e de seu ácaro de estimação em um passeio pela biblioteca. O vídeo foi projeto de TCC para a Universidade Federal da São Carlos há dez anos e agora seus personagens estão prestes a ganhar um longa metragem. Confira o curta e uma entrevista exclusiva com seu diretor.

Por Vinicius Gobatto*


RUA: A Traça Teca mostra o universo criativo dos livros. Como surgiu a ideia para o vídeo?

Diego Doimo: Traça Teca surgiu no ultimo ano quando ainda cursava Imagem e Som na UFSCar, e junto com ela a Rocambole Produções que foi como o grupo se denominou no seu projeto de conclusão de curso. Mais que um vídeo, a gente criou personagens como a traça Teca e seu fiel ácaro Tuti. Quanto à inspiração, acho que ela surge do dia-a-dia, no exercício da criação. Mas sempre achei que criar para o público infantil (que é um enorme consumidor de audiovisual) é mais livre tanto na estética quanto na narrativa.

RUA: Quais foram as dificuldade de fazer um curta com temática infantil? Houve problemas na elaboração de uma linguagem própria para esse público?

DD: Acho que o maior problema, e que também é um dos maiores trunfos, foi a inexperiência de toda a equipe no fazer audiovisual – e ter um filme exibido até hoje em dia. O curta foi nosso TCC e foi nele que aplicamos o conhecimento e nossa força para produzir literalmente cada quadro do filme, em um momento de transição do analógico para o digital. Terminar (e principalmente exibi-lo muito, em projetos especiais junto ao SESC, nos festivais e nas escolas) foi o nosso mérito. Mas é muito prazeroso ver a reação de crianças ao assistir ao filme nas inúmeras sessões que estive presente, mesmo 10 anos depois. Acho que essa é a prova que acertamos no diálogo com nosso público alvo e na concepção dos personagens e da trama.

RUA: Como foi a captação do som para os personagens? E a trilha sonora, como foi elaborada?

DD: Tivemos um parceiro importante que foi um estúdio de som na cidade. Mas foi um grande trabalho a edição de som, gravação de ruídos e a criação e gravação da trilha sonora, feita por músicos amigos da equipe. A trilha até contou com um coral de meninas de uma instituição da cidade. Foi um processo muito criativo e divertido.

RUA: O curta passou em vários festivais, inclusive internacionais como o Anima Mundi e Chicago International Kids. Como foi essa experiência?

DD: É muito bom quando seu filme é visto em uma sala cheia de crianças. Em Chicago, tivemos a oportunidade de conversar com a criançada depois do filme e perceber que o audiovisual, muitas vezes, transcende a barreira da linguagem e da idade.

RUA: Quais foram as dificuldades de se gravar um curta em animação feito há dez anos? E as vantagens? Qual a técnica usada?

DD: Acho que a transição para o digital foi o principal desafio. Tudo era muito novo, não tínhamos computadores, não tinha nem youtube! Mas também foi graças ao digital que a técnica de animação mais rudimentar do cinema pode ser feita quadro-a-quadro, dado que o vídeo analógico não permitia a realização dessa técnica. Ganhamos com isso no barateamento (já que não era necessário o uso da película na captação) e usamos nossos próprios equipamentos.

RUA: O curta é um projeto de TCC, como a faculdade ajudou nesse processo?

DD: Foi no estúdio da Imagem e Som, durante a greve dos funcionários e professores, que conseguimos animar durante três meses numa rotina de trabalho diário. Conseguimos apoio da UFSCar com o vídeo pronto nas exibições e divulgação. Claro que a formação proposta pelo curso na época contribuiu muito na versatilidade da equipe, mas a falta de estrutura da época comprometia a produção, que conseguiu apoios e muitos parceiros.

RUA: Ouvi boatos de que a Traça Teca irá virar um longa metragem, você pode falar mais sobre isso?

DD: Nada de boatos, é tudo verdade! Teca e Tuti se preparam para o longa-metragem “Uma Noite na Biblioteca” um filme mágico, que vai misturar diferentes técnicas de animação e filmagem e com uma trilha sonora muito especial. O filme já tem 70% do orçamento captada com patrocínio da SABESP através do Governo do Estado de SP, da Petrobrás e do BNDES. Mas acho que isso a gente vai ter que deixar para outro dia.

*Vinicius Gobatto é graduando do Curso de Imagem e Som da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e editor da RUA.

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Este post tem 2 comentários

  1. Author Image
    Josea Pereira1968

    Maravilhoso! Parabéns a equipe pela criação e pelos resultados.

  2. Author Image
    Rodney

    Nossa, que gente talentosa achei, um ótimo trabalho pessoal, vou mostrar pra minhas pequenas!!!

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