Bravura Indômita (Joel e Ethan Coen, 2010)

*Thiago Köche

Os irmãos Cohen (Ethan e Joel) consolidaram-se uma dupla famosa na direção de filmes com irreverência. Todos seus filmes tem tons de humor negro, com boa condução e linguagem narrativa. São, acima de tudo, bons contadores de história, logo, requisitados diretores.

Bravura Indômita (True Grit) não é uma história de 2011. Em 1969, Henry Hathaway dirigiu John Wayne como Rooster Cogburn. Desta vez, os irmãos Cohen conduzem a história com mais leveza e com mais conteúdo. Os diretores já haviam flertado com o western em Onde Os Fracos Não Tem Vez, em 2007, vencedor do Oscar de Melhor Filme de 2008.

Cena do filme "Bravura Indômita".

Mattie Ross (Hailee Steinield), de apenas 14 anos, teve seu pai assassinado por Tom Shaney (Josh Brolin). Com um gênio forte, Ross negocia e pesquisa na cidade, longe de casa e da mãe, dormindo em um necrotério e na casa de uma velha parente, um bom pistoleiro para perseguir Shaney até sua morte. Ross acha Rooster Cogburn (Jeff Bridges), um federal beberrão e  durão que aceita a proposta de matar Shaney. Na perseguição, como entram em terras indiginas, acabam se pexando com La Bouef (Matt Damon), policial texano que também quer a cabeça de Shaney, por outro assassinato.

A caçada está lançada. Os irmãos Cohen homenageam a todo momento o gênero western, com personagens durões, assassinos frios, perseguições pelo deserto, conversas de noite na frente de fogueiras, cavalos correndo em belos planos. Até o clássico plano final de Rastros de Ódio (John Ford, 1956), onde no plano escuro no meio do quadro há a porta da casa, com uma forte luz entrando, e apenas a silhueta de John Wayne, após resgatar a mocinha do filme, olhando a família feliz e indo embora. Mas como os irmãos Cohen querem fazer um western com todos elementos clássicos, mas adicionando seu estilo cinematográfico, fazem um plano igual, mas ao contrário da “pose” de Wayne de herói bem sucedido, temos Cogburn atirando bêbado para dentro da mina onde suspeitam que Shaney está.

Cena do filme "Bravura Indômita".

Duvidamos com o tempo da real potencialidade do “Galo” Cogburn. Os primeiros trinta minutos são de vangloriação do personagem de Jeff Bridges como um durão federal assassino que sempre atinge seus objetivos. Mas entre tragos de uísque e falhas na caça do assassino de pai de Ross, começamos a duvidar, assim como a própria menina, da potencialidade do herói, assim como Jack Sparrow (Johnney Deep) na série Piratas do Caribe.

Cena do filme "Bravura Indômita".

A dureza de Ross também é bem explorada. A óbvia afloração sexual da menina está contida nas roupas pretas, nas tranças tímidas e na bravura indômita da própria moiçola. No meio de Cogburn (um velho valentão bêbado) e La Bouef (um bonito policial), ela tem dois biotipos masculinos em que breve a moça se confrontará na vida de adolescente. Dormindo entre ambos os homens, a tensão sexual é permanente, mas nunca explorada, sempre contida e sempre ingênua, pois nunca demonstrada.

Com planos suficientemente bons para contar muito bem uma história divertida que homenageia um gênero e contando com atores muito competentes (como os irmãos Cohen sempre contam), o filme está concorrendo a 10 Oscar’s, entre eles Melhor Direção, Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator (Jeff Bridges, que merece) e Melhor Atriz (Hailee Steinfeld, que merece). Não creio que tenha potencialidade de vencer Melhor Filme e Melhor Direção, mas os atores merecem ser premiados na noite da Academia.

*Thiago Köche é graduado em realização audiovisual pela universidade UNISINOS.

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