Por Ana Heidorn
Cineclube “Da RUA ao CAIS”
A princípio, no que tange Bottoms (2023) no quesito “Coming of Age”, o filme atua na reafirmação e ao mesmo tempo desconstrução do estereótipo do que seria um alguém “excluído” no ensino médio, de maneira que essa forte reafirmação quebra o paradigma enraizado.
Ao mesmo tempo, a obra também dirige bem a reabertura de tensões reprimidas na adolescência, como sexualidade e sexo, de maneira natural, dialogando com a realidade em que esses temas são vistos cada vez mais como fundamentais no amadurecimento, tornando a obra uma atualidade e marco das mudanças da percepção do que é ser jovem.
Além disso, nessa comédia, a amizade torna-se outro dos pilares do qual a diretora irá se fundamentar, juntamente ao jogo de relações de interesse romântico/sexual, a qual se fragiliza e se reconstrói diante das desventuras e valores que são postos à prova na questão do quão longe se iria para conseguir seu par.
Dessa forma, Bottoms constrói uma sátira à partir dos eventos dos quais somos expostos, ocorrendo a verossimilhança da sequência de absurdos e jogando com a expectativa, quebra desta e surpresa diante disso. Assim, isso contribui para além da dinâmica para com o expectador que, ao satirizar temas por meio destas alogias, critica problemáticas sociais, como a masculinidade frágil e a hierarquização dos status no ensino médio.