O primeiro dia da 15ª Semana da Imagem trouxe Ananda Guimarães para falar da Mostra de Cambuquira, a MOSCA. Ananda é graduada em Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos, e conta a ideia da mostra surgiu enquanto ela ainda estava no curso: ela e se grupo de amigos resolveram pegar os curtas produzidos por eles na graduação e fazer uma exibição; como a mãe de Ananda havia acabado de adquirir um antigo cinema em Cambuquira (MG), eles aproveitaram aquele espaço para fazer uma mostra do jeito que eles queriam, e dentro do orçamento deles.
A primeira MOSCA acaba atraindo muita gente da cidade, fascinada pela ideia do ressurgimento do cinema em Cambuquira, e eles resolvem continuar fazendo a mostra. Ananda conta que foi ali que ela percebeu a importância do cinema para cidade: as pessoas tratavam aquilo como um evento, utilizando suas melhores roupas para ir assistir os filmes. Ela também ressaltou que a mostra recebia uma grande quantidade de filmes, por não haver na época muitos festivais para cineastas exibirem seus filmes.
Se na primeira MOSCA, Ananda e seus amigos viam a mostra como um espaço de formação de público, atualmente é bastante diferente: eles enxergam a MOSCA como uma mostra popular, e no momento não tem a menor intenção de mudar. Ananda aproveitou para exibir o documentário Cine Elite: um sonho possível (disponível no canal da MOSCA no vimeo: https://vimeo.com/39148702), que foi produzido na oficina “Produção de documentário” da MOSCA 2 e mostra a visão da população de Cambuquira sobre o cinema e a cultura na cidade, assim como a relação de afeto que a MOSCA criou com a cidade, fazendo com que todos se sentissem em uma grande família quando estavam nas sessões de filme da mostra junto com seus conterrâneos. Uma das grandes conquistas da MOSCA – além da fidelidade do público de Cambuquira – foi conseguir realizar debates após as sessões de filme, que contavam com a participação da população.
Em seguida, ao abrir a palestra para perguntas, Ananda comenta um pouco sobre o processo de curadoria da mostra, contando que atualmente eles preferem assinar uma curadoria que possibilite entender os temas dos curtas, assim como seu contexto. Ela também explicitou que a identidade da MOSCA foi muito formada a partir da identidade dela e dos amigos dela dentro da graduação em Imagem e Som. Além disso, falou sobre o caráter amador da mostra, algo que faz parte de sua formação, e das dificuldades da captação de recursos.