Por: Murilo Bronzeri
Doutorando em Comunicação, Universidade Paulista
Eu sou Cuba (1964) é dirigido por Mikhail Kalatozov e fotografado por Serguei Urusevsky. O filme é uma coprodução entre a União Soviética e Cuba, através da Mosfilm e do ICAIC, que une uma fotografia primorosa com quatro histórias sobre o povo cubano e a revolução.
As histórias retratam diversas faces do povo cubano. Primeiro, as mulheres e sua condição na sociedade ainda dominada pelos cassinos americanos. Depois, os trabalhadores rurais, que trabalham em terras que não possuem e que sofrem com a venda das terras para companhias americanas, perdendo até suas casas. Já a terceira história é sobre os estudantes, que estão em rebelião, e sobre a criação de mártires. E, por último, há a história de um pequeno fazendeiro, que inicialmente rejeita a ideia de participar da revolução, mas que, após um bombardeio em sua região, se une aos camaradas em Sierra Maestra. O filme também traz uma narração over entre as histórias, como se fosse a “voz de Cuba”.
Mas, para além de uma bela obra, também é interessante pensarmos qual o papel que Eu sou Cuba cumpre na sociedade cubana naquele tempo. Foi em 8 de janeiro de 1959 que as forças revolucionárias conquistaram a capital cubana, cerca de 5 anos antes do filme. A revolução, então, era ainda jovem e precisava se manter viva, ainda mais com a reação vinda dos EUA. Eu sou Cuba, nesse contexto, parece ter a função de colaborar na criação de uma identidade nacional cubana, que una o povo e o coloque ideologicamente alinhado com os interesses de sua própria classe.
Portanto, Eu sou Cuba é um filme que não é só “de” revolução, ele é “da” revolução, pois não só trata da revolução como seu tema, como também busca cumprir um papel social que colabora nesse caminho a ser seguido. Um ótimo exemplar do que é um cinema militante.