Crítica | Maestro (2023), Bradley Cooper

Por: Gabriel Almeida

Em uma narrativa intimista, de planos longos e muito desconforto, Maestro nos apresenta a história do regente e compositor Leonard Bernstein (Bradley Cooper) e, afundo, uma história de sucesso e espetáculo, da vida de um gênio operístico e suas consecutivas obras de arte, e também de angústia e sufoco, quando o sucesso se acomete como uma praga. Uma retrospectiva fragmentada, de altos e baixos, todas vertentes do sucesso do maestro.

As sequências descontínuas contribuem com os atos do filme, construindo uma grande sequência de triunfos no começo, infortúnios pela maior parte, e algum tipo de redenção ao final. Não bem redenção, mas uma vez o foco se desvia de Bernstein e se volta para a sua maior admiradora, mas também a parte fundamental de sua carreira: Felicia (Carey Mulligan). A família de Lenny talvez tenha sido a maior detentora de infortúnios. A ausência do protagonista face uma vida tão brilhante, mas ao mesmo tempo cansativa atinge de forma fundamental esposa e filhos, e somente no fim há talvez alguma forma de reconexão, mesmo que pouca.

Ademais, a construção da obra como filme enfatiza a musicalidade e a teatralidade da arte que se sobrepõe, com um ritmo ora acelerado, quando necessário, ora lento, principalmente nas situações desconfortáveis que enfrenta Felicia. Os planos contínuos são a principal ferramenta do filme – com destaque para a surpreendente cena da regência – como um recurso intimista e provocante. No final das contas, um bom concorrente para a Academia.

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