Com menos de quatro anos de existência o Curso de Audiovisual do Centro Universitário SENAC apresenta problemas de formação e planejamento que todo inicio trás consigo. Embora com um projeto de grade horária bem planejado (e estudado na teoria), o mesmo começa a perceber, na pratica, onde aparecem as falhas e incompatibilidades, onde os erros podem ser eliminados ou minimizados, que estratégias funcionam e quais precisam ser repensadas. Com algumas mudanças já bem sucedidas o maior empecilho para esse amadurecimento do curso encontra-se, talvez, na grande rotabilidade de professores que parece apresentar. Tal característica apenas dificulta a consolidação de um plano de ensino mais bem estruturado, uma vez que cada professor contribui com sua própria didática para a formação pedagógica do curso. Resultado direto disso é a relativa falta de integração entre as matérias. Temas que não precisariam ser repetidos em diversas matérias, assuntos que poderiam ser mais interligados e tratados como um conjunto, certa falta de conhecimento sobre o andamento de uma área por parte de outra, tudo isso não ajuda na criação de produto e obras que apresentem uma maior unidade ou melhor contextualização com o universo em que estão incluídas
Aliada a isso, a grande experimentação pratica do fazer Audiovisual e uma grade de matérias muito extensa para seus quatro anos de duração faz o curso apresentar uma estrutura muito pouco planejada na teorização e analise das atividades práticas, tanto antes, como depois das mesmas. Não querendo menosprezar o mérito que é ganharmos experiência e vivencia de set e filmagem, mas linguagem e narrativa acabam sendo tratadas como experimentação, muitas vezes também na base da tentativa e erro, quase nunca se preocupando em antecipar os problemas e enganos óbvios. As disciplinas teóricas e técnicas especificas de cada área dentro do audiovisual (Cinema, TV, multimídia e etc.) são dadas concomitantemente a produção pratica de seu conteúdo, tal característica leva, inevitavelmente, a recorrentes repetições de erros ao longo dos semestres. Vê-se educação como se fosse uma escada em que cada degrau lhe é destinado aprender um ponto especifico e pré-determinado. O aluno, individualmente, sempre evolui com os erros. A faculdade, o curso e a coletividade de uma formação e centro de pesquisas acadêmicas em si, não.
Sem nenhum TCC concluído não é possível ter uma visão da recepção que os mesmos terão no circuito e no mercado. Exercícios de outros semestre apresentam alguma representação em festivais, embora ainda muito pequena. Assim o mercado de trabalho parece apresentar aquela mesma inconstância da grande maioria dos cursos de audiovisual. Embora São Paulo seja um pólo de produção, com uma das maiores ofertas de oportunidades, é também o lugar que apresenta maior concorrência. O crescente numero de faculdades na área, incluso o SENAC, nos leva a realista projeção de que o mercado cinematográfico, já bastante restrito e concentrado, não tem como absorver todo esse numero de formandos.
Mas nem só de cinema vive o audiovisual, e, nesse sentido, um mérito a versatilidade do curso, abordando temas dos clássicos à imprevisibilidade do mercado das novas mídias. O aluno tem acesso as mais variadas áreas dentro do audiovisual, cabendo ao mesmo, porém, se especializar naquela de sua preferência. Pois, embora seja um curso não integral, com turmas matutinas ou vespertinas, o mesmo acaba cobrando de você mais do que as 4 horas oficias de aula – tornando a busca por estágio e emprego mais difícil ainda. Mas por uma causa válida, acredito. E, mesmo assim – como era de se esperar num curso com tamanha gama de conhecimentos a serem assimilados – tudo parece ser dado muito rápido e superficialmente discutido, uma tendência das unificações. Neste sentido (tangendo a questão da superficiliade no ensino) o profissional moderno deve estar ciente de sua eterna condição autodidata.
No entanto, apesar das dificuldades gerais da graduação, somos oferecido a uma boa estrutura técnica de equipamentos, focada plenamente no digital. No que diz respeito a preparação para o mercado de trabalho somos contemplados com professores que atuam no mercado. Também são oferecidas palestras com profissionais de cada área, o que permite uma significativa troca de experiências. Pitching semestrais, e toda burocracia de produção, são exigidos na realização de qualquer projeto (embora isso as vezes limite uma maior realização, acostuma os alunos com práticas comuns ao mercado, assim como com as formas de captação de recursos).
Ha também aquela burocracia que vem não dos professores, mas do SENAC como instituição, e essa normalmente corta a grande maioria de eventuais eventos e extensões. Talvez seja a responsável pela grande rotabilidade de professores e acaba anulando atividades que poderiam ser organizadas e que contribuiriam para nossa formação. Sim a faculdade até oferece oportunidades de extensão universitária e monitoria, porém, na área de audiovisual, elas são bem poucas, talvez pelo curso ser recente, e em geral apresentam um processo de seleção tão burocrático que nem sempre favorece o trabalho em grupo e colaborativo (e sim uma disputa por bolsas).
Das características que mais me agradam no curso e me incentivam a continuá-lo estão a grande disponibilidade e presença de boa parte dos professores, sempre dispostos a resolver problemas, dúvidas e a discussões tanto em aula como fora dela. A respeito das falhas do curso os professores parecem verdadeiramente dispostos a estar ali, não sei até que ponto as condições de trabalho no SENAC soam adequadas, mas a grande maioria dos docentes parece apresentar verdadeiro prazer e interesse em dar aula. Há no curso certo interesse entusiasta dos inícios, como incentivado na promessa de um futuro promissor, uma preocupação em tentar melhorá-lo constantemente.
Carolina Scoponi está no 3º Semestre do curso.
estou sem receber o certificado desde o dia que o SENAC MOVEL saiu de grajaú e até hoje estou sem receber o certificado
Eu faço um pergunta como e que eu consigo trabalha sem o meu certificado então nesse caso vcs ñ chama senac
Acho muito interessante essa troca de experiências dos alunos do Audiovisual, ainda mais para quem está de fora e tem curiosidade em conhecer o curso e principalmente as instituições que lhe oferecem. Saber um pouco sobre cada instituição e o que ela oferece e quais dificuldades podemos enfrentar ao longo do curso nos faz pensar muito e cautelosamente em qual caminho escolher, é claro que pagaremos um preço alto por nossa escolha. Entre universidades públicas, concorridas, com poucas vagas e falta de infraestrutura, e faculdades privadas de alto nível, até centro universitários e cursos técnicos, está a nossa chance de fazer o diferencial no mundo cinematográfico no Brasil, bem como já disse a nossa colega o mercado já é “bastante restrito e concentrado, não tem como absorver todo esse número de formandos.”
Mas o que vale mesmo é seguir o sonho e nunca perder a força de vontade. Dificuldades? Sempre encontraremos lá fora. Erros? Somos meros seres humanos.
Mas independente disso tudo, o que vale é a realidade, cruel, enfiando a cara nos livros durante um ano inteiro, sem vida, sem diversão, sem nada, apenas se sacrificando para conseguir entrar numa universidade boa. Essa é a realidade de muitos vestibulandos, e agora é a minha também.
Olá Aline!
Entre os cursos de cinema : PUC-Rio, UFF e Senac..
Como você classificaria?
Minha filha passou na PUC , mas, não posos pagar, pois sou de SP-interior, e o custo para ela morar e estudar lá é muito alto. fiz a matrícula e pretendemos trancar. Mas, vejo a possibilidade de trasnferir para o Senc, ou fazer mais 1 ano de cursinho apra tentar a UFF. O que vc sugere? Agradeço..
Gostei muito de seu comentário.. me exclareceu muito,
Abraço
Edmara