Por Murillo Guedes Manalischi*
Na segunda roda de conversa, realizada no sábado, terceiro dia de evento da SUA, a temática foi “Os rumos da preservação audiovisual no Brasil hoje”. Os convidados para a Roda foram Hernani Heffner, pesquisador e curador da cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM-RJ); Fabian Nuñez ,professor de Preservação Memória e Política de Arquivos Audiovisuais no curso de Cinema e Audiovisual UFF e Rafael De Luna, professor de História do Cinema Brasileiro do curso de cinema da UFF.
Sobre os rumos da preservação, o curador Hernani, complementa um pouco do que foi mencionado na oficina de “ Preservação Audiovisual ”, ministrada pelo mesmo. O pesquisador questiona o conhecimento que a nova geração tem a respeito dos cânones sobre a preservação fílmica do país.
De acordo com o professor a Resolução Nº 10, DE 27 DE JUNHO DE 2006 do MEC (Ministério da Educação) institui Diretrizes Curriculares para os cursos de Graduação de Cinema e Audiovisual, que devem ser observadas pelas instituições de Educação superior.Um dos aspectos é a preservação e a restauração de acervos nas próprias Instituições. Hoje em dia apenas três Instituições de Ensino Superior prezam pela restauração e por incluir em sua grade curricular a matéria de preservação.
Na Universidade Federal Fluminense (UFF), isso se iniciou há dez anos atrás a partir dos próprios alunos. Percebendo que este tipo de conhecimento se fazia necessário, e que de fato é importante, os alunos lutaram, e ainda lutam, para que a matéria permaneça na grade curricular. Criado um clima de reflexão, o curador menciona que não se renovam os técnicos que saibam utilizar, manusear, tomar os devidos cuidados com a preservação e restauração dos acervos de filmes. Sendo assim, como enxergar a possibilidade futura da conservação, manutenção destes arquivos fílmicos? A Universidade tem como caráter mudar esse aspecto, assim como mencionado pelo curador da MAM: “Essas operações devem se tornar básicas para os estudantes de audiovisual. ”
A importância do conhecimento sobre a Preservação da memória Audiovisual Brasileira é mencionada pelos dois professores da UFF.
O Professor Rafael de Luna comenta que, a seu ver, existem duas formas que o conhecimento nessa área pode ser aplicado. Primeiramente é para os profissionais que se identificam e que gostariam de atuar com o resgate e preservação dos arquivos fílmicos. A outra forma, mais ampliada, tem como função abrir a cabeça dos alunos, realizadores e envolvidos na área cinematográfica para com a importância deste arquivo publico. Em sua fala menciona que a preservação não se diz respeito a somente a preservação em seu significado conceitual, a necessidade de se ter uma preocupação é dar acesso, aproximar o publico do que foi resgatado, é fazer os filmes circularem, serem vistos.
Fabian Nuñes discorre sobre, comentando que por ser uma demanda discente, o assunto deve continuar sendo discutido, não somente no ambiente acadêmico, mas deve transcender os muros das Universidades, já que o tema está praticamente ausente nas discussões sobre políticas culturais, é somente questionado nos debates paralelos sobre cinema e vídeo.
*Murillo Guedes Manalischi é editor da RUA.
