* Mário Gonçalves Neto
O acesso a filmes (tanto clássicos quanto os ainda não lançados no país e até mesmo aqueles esquecidos inclusive pelos próprios produtores), graças ao advento da internet, hoje é muito fácil. Mas assistir um filme em casa (seja no computador, ou até mesmo numa TV 42”) não traz o mesmo envolvimento para o espectador que uma sala de cinema, na qual os sentidos estão focados na tela. Ver o filme em casa você fica sujeito a distrações diversas podendo assim perder o fio da meada. Por isso quando projetos como este que vou falar agora aparecem fico muito feliz.
O Cine-Fórum, realizado pela São Paulo Film Commission, braço operacional do Projeto Núcleo de Cinema de Ribeirão Preto, consiste em exibições quinzenais de filmes seguidos por debates entre os espectadores. É uma proposta que lança outro olhar sobre a sétima arte, fazendo do cinema um disparador de reflexão e intercâmbio de ideias.
A programação é organizada em ciclos de três filmes agrupados a partir de uma ou mais características semelhantes. Tal arranjo possibilita não só o intercâmbio de ideias como também mudanças do olhar sobre um filme a partir de outro. Alguns ciclos do ano passado foram: a “Construção do personagem” com Dr. Fantástico (Stanley Kubrick, 1964), Aguirre, a cólera dos deuses (Werner Herzog, 1972) e por fim O criado (Joseph Losey, 1963). Também aconteceu o ciclo “Grandes clássicos” com Lawrence da Arábia (David Lean, 1962) e “Cinema oriental” com Os sete samurais (Akira Kurosawa, 1954) e Clube da felicidade e da sorte (Wayne Wang, 1993). Porém, o que mais me surpreendeu foi um ciclo cujo mote era o baixo orçamento, com obras pouco conhecidas, porém incríveis. Foi neste que descobri o filme Fera da Guerra (Kevin Reynolds, 1988) que retrata os conflitos no Afeganistão durante a guerra fria e se passa quase que inteiro dentro ou perto de um tanque de guerra e sua tripulação. Neste também assisti ao primeiro filme de um grande diretor, feito para a TV inclusive: Encurralado (Steven Spielberg, 1971).
O retorno deste projeto, após um breve recesso entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011, foi no dia 26 de fevereiro com o filme Crepúsculo dos Deuses (Billy Wilder, 1950), pertencente ao ciclo “Vencedores sem estatueta” no qual a proposta era escolher filmes que não foram prestigiados com o Oscar, mas até hoje são tão lembrados quanto os vencedores, senão mais. Os outros filmes deste ciclo são Júlia (Fred Zinnemann, 1977) cuja exibição foi no último dia 12 de março e Atração fatal (Adrian Lyne, 1987) previsto para o dia 26 de março.
As discussões são encabeçadas por José Luiz D. Hernandez e pelos irmãos André Luiz e Marcos Luiz de Castro, sendo geralmente iniciadas pelos dois últimos com uma considerável quantidade de informações e curiosidades sobre o filme, os atores e o diretor, que vão desde fatos ocorridos durante a produção à recepção de público na época. O debate em si é iniciado com observações e constatações feitas por Hernadez sobre alguns detalhes, tanto técnicos quanto da própria história recém assistida, que incitam o público a questionar e discutir.
As exibições são aos sábados, às 18h, e sediadas nos Estúdios Kaiser de cinema em Ribeirão Preto, à Rua Mariana Junqueira, 33, no centro da cidade. Com estacionamento e entrada gratuitos. Os próximos ciclos são “Comédia inteligente” e “Itália em três atos”. Confira no calendário e prestigie!
*Mário Gonçalves Neto é graduando do segundo ano de Imagem e Som.
Mário boa tarde. Muito legal sua matéria. Obrigado pelo seu espaço. Ficamos contente que você tenha gostado do Cine-Fórum. Aguardamos sua presença dia 26. Um forte abraço. André e Marcos.
Agradeço, em nome da Formação Cultural e de todos, o seu artigo, breve e excelente, sobre o Cine Forum, esperamos ver crescer esta atividade, que significa também fazer crescer as pessoas no aprofundamento sobre o cinema e nas idéias que este poderoso meio de comunicação transmite, aspecto que vc captou tão bem no seu texto.
Um forte abraço,
José Luis D. Hernández
Promotor e Curador do Cine Forum