Oficina Video-instalação

Por Henrique Rodrigues Marques*

O maior mérito da organização da 7ª SUA foi a preocupação em incluir oficinas e debates sobre assuntos relevantes ao audiovisual contemporâneo, mas que são renegadas nas grades de graduações pelo país, como é o caso da direção de arte (que infelizmente teve sua oficina cancelada). Um outro caso que confirma esse cuidado foi a oficina de vídeoinstalação ministrada por André Sheik.

A oficina foi uma das primeiras a atingir o número máximo de inscrições, fato que surpreendeu o próprio artista plástico, que questionou as motivações e expectativas do grupo. As respostas foram desde o interesse em maneiras mais experimentais de expressão audiovisual até a vídeoinstalação enquanto um novo prisma para se entender a montagem narrativa. A oficina, dividida em 3 partes, iniciou-se ontem e vai até amanhã, apresentando um foco mais teórico do que prático. Mas isso não impediu Sheik de propor logo no começo da primeira aula um exercício rápido: cada um dos participantes que possuia um celular com filmadora gravou durante dois minutos o olho de outro participante. Em seguida, pequenas intervenções foram feitas com os celulares, como a montagem de um quebra-cabeça improvisado na mesa, ou a utilização dos aparelhos como “máscaras”.

Sheik traçou um panorama geral da história da videoinstalação no mundo e mostrou obras de importantes artistas do setor, como a suíça Pipilotti Rist. Outro ponto de destaque foi a elucidação de conceitos um tanto abstratos, que frequentemente se confundem entre si, como videoarte, videoinstalação e cinema expandido. Não faltaram também questões sobre o modo como o cinema e a videoinstalação se interpolam, seja na utilização de referências, seja na exploração da linguagem.

O uso dos aparatos tecnológicos e as possibilidades do digital também geraram grande assunto, principalmente a prática do video mapping, que facilita em muito a concepção dessas obras, sendo muito utilizado atualmente. Sheik destacou não só a importância dos aparelhos como ferramentas, mas também o seu papel enquanto parte do conceito criativo.

Apesar de não apresentar nenhuma produção prática, a oficina serviu como uma excelente introdução aos estudantes de audiovisual que pretendem se aventurar nas artes plásticas, que saíram de lá com noções aplicáveis de como começar a produzir suas próprias videoinstalações.

*Henrique Rodrigues Marques é estudante de Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos e editor da RUA.

 

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