13ª Mostra de Cinema de Tiradentes

Cine-Tenda (crédito de André Fossati)
Cine-Tenda (crédito de André Fossati)

De 22 a 30 de janeiro, sob o slogan “A brasilidade se manifesta no cinema”, o cinema nacional foi exaltado na 13ª edição da Mostra de Tiradentes. Reconhecida nacionalmente como um dos mais importantes eventos do cinema brasileiro, a mostra exibiu ao longo desses nove dias 128 filmes nacionais, sendo 29 longas e 99 curtas tanto de veteranos quanto de jovens realizadores.

O evento este ano homenageou o cineasta cearense Karim Aïnouz, diretor de filmes marcantes da nova cinematografia brasileira, entre eles Madame Satã (que estreou no Festival de Cannes em 2002), O Céu de Suelli (2007) e uma das pré-estreias da Mostra, o longa Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo (2009).

Cartaz Recife Frio (divulgação)
trecho Estrada Para Ythaca (divulgação)

Outras pré-estréias também marcaram o evento, o roadmovie Estrada para Ythaca, dirigido por quatro cineastas iniciantes do Ceará (Guto Parente, Ricardo Pretti, Pedro Diógenes e Luiz Pretti) foi muito comentado e levou pro Nordeste os prêmios do Júri Jovem e do Júri da Crítica. O Júri Jovem ainda concedeu uma menção honrosa a Mulher a Tarde, de Afonso Uchoa.

As cerca de 35 mil pessoas que prestigiaram a mostra também tinham direito de escolher o melhor filme pelo Júri popular, no inicio de cada sessão foram entregues cédulas para julgamento de cada uma das realizações exibidas. O público elegeu o longa Hebert de Perto de Roberto Berliner e Pedro Bronz como melhor longa da mostra Aurora (dedicada a cineastas iniciantes) e os curtas Obra Prima, de Andréa Midori Simão e Thiago Faelli; e Recife Frio de Kleber Mendonça Filho. O curta de ficção O Filme Mais Violento do Mundo foi muito elogiado pelo público e recebeu o Prêmio Aquisição oferecido pelo Canal Brasil, um dos parceiros da Mostra.

trecho Estrada Para Ythaca (divulgação)
Cartaz Recife Frio (divulgação)

Para complementar as sessões e enriquecer o evento, foram realizados diversos encontros com a crítica, ocasião em que os filmes, na presença de seus realizadores, eram analisados por um crítico convidado e então abriam-se perguntas ao publico. O debate do documentário Um Lugar ao Sol, do jovem diretor Gabriel Mascaro, foi um dos mais polêmicos. O filme que reunia depoimentos de moradores de luxuosas coberturas cariocas, paulistanas e recifenses causou discussões acerca da ética documentarial, tanto pela abordagem inicial do diretor que criara uma falsa fama de um bem sucedido publicitário para ter acesso aos entrevistados, quanto pela inclusão de uma cena em que uma senhora pede para que a câmera seja desligada e ele apenas corta a imagem mas deixa o som sendo registrado.

Com o objetivo de acrescentar à formação do realizador e incentivar novos talentos, a Mostra ofereceu gratuitamente ao publico 12 oficinas de diversas áreas da produção audiovisual, mas infelizmente apenas um público muito restrito conseguiu cursar as oficinas, atendendo aos misteriosos critérios de seleção.

Mas não só de cinema é feita a Mostra de Tiradentes, ao longo daqueles nove dias o publico participou também de intervenções culturais variadas: apresentações circenses, teatro de marionetes, cortejos, exposições e diversos shows que animavam as noites após longas sessões. Toda esse conjunto artístico somado ao charme de cidade histórica e à paz interiorana intensificou a riqueza do evento e a agradável experiência que a Mostra nos proporcionou.

Giovanna Rubim é graduanda do curso de Imagem e Som pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

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