Editorial – Março 2014

Desde o início do que se entende como história do cinema, o ato de retratar lugares e pessoas provindas das mais diversas realidades, fez-se presente. Com o passar do tempo e o desenvolvimento da linguagem cinematográfica, a palavra ”mostrar” adquiriu contornos especificos, desembocando no que hoje conhecemos como documentário.

Na segunda metade do século passado, desenvolveram-se teorias acerca dos chamados ”cinema direto” e do ”cinema verdade”. Muito se discutiu acerca da distância que cada qual deveria tomar do assunto abordado. O centro das atenções dirigia-se sempre para a influência que estar-se ou não ciente do dispositivo, causava naqueles que frente a ele se inseriam. Mas, afinal, qual a importância que o documentário contemporâneo exerce no meio audiovisual e na sociedade, tendo em vista a importância que tem em deflagrar esta?

O documentário é categórico ao ceder voz ao outro, a promover o encurtamento dos abismos existentes na sociedade de classes. Para tal, é preciso ir até estes homens e mulheres, dotar-lhe de voz, mostrar aquilo que se passa a seu redor. Eduardo Coutinho, tido como um dos maiores nomes do documentário brasileiro, assim o fazia. Saía de casa como quem foge, qual dizia o poeta Mario Quntana. Coutinho abandonava o conforto, as ideias pré-concebidas e seguia ao encontro do outro, penetrava em seu mundo, lhe cedia voz. Em seus filmes, de farta temática, este outro faz-se membro da luta campesina, morador de um plural edifício, mulher oprimida em meio a uma sociedade machista.

Visando abordar a importância do documentário no meio audiovisual e também com o viés de prestar homenagem ao grande Eduardo Coutinho que falecera recentemente, a edição de Março da RUA traz em suas sessões as mais diversas abordagem do tema citado.

 

Lidiane Volpi

Editora Geral

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